No princípio... não, não, não. Antes do princípio, quando C era considerada a terceira letra do alfabeto e o que tínhamos eram linguagens experimentais para todos os lados, dois famigerados senhores dos Laboratórios Bell, K. Thompson e D. Ritchie, criaram uma linguagem chamada B. E B era bom.
O bom de B era sua rica expressividade e sua simples gramática. Tão simples que o manual da linguagem consistia de apenas 30 páginas. Isso é menos do que as 32 palavras reservadas de C. As instruções eram definidas em termos de ifs e gotos e as variáveis eram definidas em termos de um padrão de bits de tamanho fixo, geralmente a word, ou palavra, da plataforma, que utilizada em expressões definiam seu tipo. Esse padrão de bits era chamado rvalue. Imagine a linguagem C de hoje em dia com apenas um tipo: int.
Como esse padrão de bits nunca muda de tamanho, todas as rotinas da biblioteca recebiam e retornavam sempre valores do mesmo tamanho na memória. Isso na linguagem C quer dizer que o char da época ocupava tanto quanto o int. Existia inclusive uma função que retornava o caractere de uma string na posição especificada:
c = char(string, i); /* the i-th character of the string is returned */
Sim! Char era uma função, um conversor de "tipos". No entanto a própria variável que armazenava um char tinha o tamanho de qualquer objeto da linguagem. Esse é o motivo pelo qual, tradicionalmente, as seguintes funções recebem e retornam ints em C e C++:
int getchar( void ); // read a character from stdin
int putchar( int c ); // writes a character to stdout
void *memset( void *dest, int c, size_t count ); // sets buffers to a specified character
Segue o exemplo de uma função na linguagem B, hoje muito famosa:
/* The following function is a general formatting, printing, and
conversion subroutine. The first argument is a format string.
Character sequences of the form `%x' are interpreted and cause
conversion of type 'x' of the next argument, other character
sequences are printed verbatim. Thus
printf("delta is %d*n", delta);
will convert the variable delta to decimal (%d) and print the
string with the converted form of delta in place of %d. The
conversions %d-decimal, %o-octal, *s-string and %c-character
are allowed.
This program calls upon the function `printn'. (see section
9.1) */
printf(fmt, x1,x2,x3,x4,x5,x6,x7,x8,x9) {
extrn printn, char, putchar;
auto adx, x, c, i, j;
i= 0; /* fmt index */
adx = &x1; /* argument pointer */
loop :
while((c=char(fmt,i++) ) != `%') {
if(c == `*e')
return;
putchar(c);
}
x = *adx++;
switch c = char(fmt,i++) {
case `d': /* decimal */
case `o': /* octal */
if(x < O) {
x = -x ;
putchar('-');
}
printn(x, c=='o'?8:1O);
goto loop;
case 'c' : /* char */
putchar(x);
goto loop;
case 's': /* string */
while(c=char(x, j++)) != '*e')
putchar(c);
goto loop;
}
putchar('%') ;
i--;
adx--;
goto loop;
}
Como podemos ver, vários elementos (se não todos) da linguagem C já estão presentes na B.