Uma prova simples e modesta do livre-arbítrio, ou pelo menos que refute o "determinismo duro" (que não admite nenhuma possibilidade de alternativas na ação) é dada pelo filósofo Michael Huemer através de 7 premissas e uma conclusão:
- A respeito do livre arbítrio, nós devemos sempre evitar acreditar no que é falso (racionalmente).
- O que deveria ser feito pode ser feito (não se pode fazer o impossível).
- Se o determinismo (duro) é verdadeiro, então qualquer coisa que pode ser feita será feita (não há alternativa).
- Eu acredito no livre arbítrio (premissa).
- Com respeito ao livre arbítrio, nós podemos evitar acreditar no que é falso (de 1,2).
- Se o determinismo é verdadeiro, então com respeito ao livre arbítrio, nós evitamos acreditar no que é falso (de 3,5).
- Se o determinismo é verdadeiro, então o livre arbítrio é verdadeiro (de 6,8).
- O livre arbítrio é verdadeiro
Do original:
- With respect to the free-will issue, we should refrain from believing falsehoods. (premise)
- Whatever should be done can be done. (premise)
- If determinism is true, then whatever can be done, is done. (premise)
- I believe MFT. (premise)
- With respect to the free-will issue, we can refrain from believing falsehoods. (from 1,2)
- If determinism is true, then with respect to the free will issue, we refrain from believing falsehoods. (from 3,5)
- If determinism is true, then MFT is true. (from 6,4)
- MFT is true. (from 7)
O núcleo do raciocínio é que vemos que se o determinismo é verdadeiro o livre arbítrio é verdadeiro; do contrário evitaríamos acreditar nele. E como de fato alguns de nós acreditam nele (bastaria apenas um), ele é verdadeiro, tornando o determinismo auto-refutável.
Há quatro objeções à lógica aplicada no raciocínio, sendo que algumas delas são interessantes, outras não. Sugiro dar uma lida no original. A mais interessante de todas é a primeira, que afirma a premissa (1) implorar a questão. No entanto, como Huemer desenvolve, a questão só consegue de fato cair na falácia circular de quem desenvolver o raciocínio já assumir que o determinismo é verdadeiro. Porém, se este for o caso, não há abertura para o desenvolvimento racional da questão, que é a própria conclusão final de Huemer. Ao aceitar o determinismo, as premissas básicas da própria lógica não podem ser aceitas, já que os conceitos de falso e verdadeiro são inúteis.
E esse é um ótimo motivo para acreditar em livre arbítrio.