Mostra Foco Série 3 2023-01-26 shorts cinema tag_mostra_tiradentes cinemaqui Pés que Sangram, de Roberta Takamatsu As sutilezas pelas quais passa essa história sobre abandono e busca do passado não atingem o espectador exceto pelas sensações de estranheza. A diretora Roberta Takamatsu constrói um clima de mistério e se aproveita de uma fotografia árida de estrada para compor tons de vermelho-terra em tomadas que evocam uma sensação mista de perda, saudade e desorientação. No entanto, essa discrição acaba por não capturar o engajamento do espectador.
Curtas na Praça Série 2 2023-01-26 shorts cinema tag_mostra_tiradentes cinemaqui Ferro’s Bar, de Cine Sapatão (Aline A. Assis, Fernanda Elias, Nayla Guerra e Rita Quadros) Este curta documentário mantém um dinamismo e uma fluidez na narrativa invejável para muitos outros filmes da Mostra. Se trata do depoimento de 4 mulheres sobre o clima de um bar tolerante a lésbicas na década de 80 na cidade de São Paulo e o que se seguiu depois de um policial conservador invadir o lugar. Cada frase que uma termina emenda em uma cena ou na frase que outra começa. É enxuto, é eficiente, é emocionante. A construção do senso de direitos humanos e de que precisamos lutar por eles em pouquíssimos atos. E por isso mesmo poderoso.
Mostra Panorama Série 3 2023-01-25 shorts cinema tag_mostra_tiradentes cinemaqui Onde a gente se encontra, de Talita Virginia A proposta é discutir a radicalização das opiniões entre a própria diretora do filme e seu pai, um bolsonarista e provável desafeto de toda a Mostra Tiradentes. O resultado são recortes piores do que a realidade que se observa ao vivo e a cores na rede. Contemporâneo, perde fácil para a simples navegação do espectador pela superfície das redes sociais citadas (nem precisa ir tão fundo). Nesta narrativa fica óbvio que é muito difícil monopolizar o discurso no cinema quando até os canais oficiais de imprensa sofrem para continuar a ter o direito de usar o único chapéu dos que dizem a verdade.
Mostra Foco Séries 2 2023-01-25 shorts cinema tag_mostra_tiradentes cinemaqui KENZO ou o triunfo da auto-desintegração, de Pedrokas Há limites para o tipo de porcaria que é aceito em uma mostra de cinema? Essa é a abordagem desse, dessa, dessu, disso aqui. O nome é Pedrokas e a viagem é pelo consciente poluído e improdutivo de um suposto cineasta em busca de aprovação ou aceitação de quem tiver coragem de assistir ao seu manifesto sobre o plágio dos que não criam. Tenho boas notícias para esta pedroca: você foi aceito. Agora a má notícia: qualquer um é aceito se pertencer a uma minoria.
Mostra Foco Série 1 2023-01-24 shorts cinema tag_mostra_tiradentes cinemaqui Os Animais Mais Fofos e Engraçados do Mundo, de Renato Sircilli Se há um curta mais sucinto e poderoso que este na Mostra de Tiradentes eu não o vi. Ele fala sobre nossa crise de afeição moderna. Paulo Goya constrói Jorge, um faxineiro de motel que grava áudio dos clientes para vender a Alberto, que vira seu parceiro sexual. Parece um negócio em que todos ganham, mas apesar de ter tudo, Jorge não tem o mínimo para uma vida sã: o afeto do outro. Sua gravação mais emblemática é de um casal hétero em que ela compartilha vídeos de bichinhos com o amante. Repare nas relações metafóricas do filme, como entre esse momento e as marcas no corpo de quem um raio o atravessou, e verá um trabalho detalhista e carregado de ensinamentos emocionais.
Mostra Panorama Série 1 2023-01-23 shorts cinema tag_mostra_tiradentes cinemaqui O vampiro que pensa vozes, de Paulinho Sacramento Paulinho Sacramento vem em resgate do falecido José Mojica Marins, o Zé do Caixão, e apresenta um vampiro trash muito ruim e muito pertinente na dramaturgia do lixão. Ele é o que o título diz que ele é. Ele faz terapia. Ele tenta destruir Bolsonaro com um teaser apontado para a TV. Ele é a síntese do ser politizado desse nosso Brasil antifascista antirascista e antitaxista. O curta é engraçadíssimo em alguns momentos. Em outros ele é apenas ruim, o que não deixa de ser bom. Se há algum curta que merece um longa, este é o cara. À Meia Noite levarei seus cinco reais. Esse seria o preço da sessão.
Curtas Foco Minas Série 2 2023-01-23 shorts cinema tag_mostra_tiradentes cinemaqui Essa rodada de curtas na Mostra Tiradentes explora sensações e experimentos na linguagem. Se trata da sessão leve do dia, pois a seguinte já pega mais pesado no cenário sócio-político. Estes são filmes de momentos, recortes de vidas privadas que evocam nossa identificação ou admiração pelo cineasta ou pela ideia. Ou por ambos.
Uma Sessão Méliès 2020-12-16 shorts cinema É meio que mágico acompanhar uma sessão em um teatro em Paris onde eram apresentados os trabalhos deste artista e empreendedor no início do cinema. Nossa host é a neta do cineasta, e ela descreve o ritual das pessoas que viram esses curtas entre 1898 e 1905. Havia uma pessoa que explicava o filme. Havia um pianista para acompanhar os filmes. Mesmo se você já viu um ou outro desse curta, como o icônico [Viagem à Lua], esta sessão traz algo mais: é simpática. É ingênua. É desprovida de outras intenções senão observar uma arte engatinhando. Onde essa arte morreu? Não sabemos precisar ainda. Mas sabemos onde nasceu. Foi dos ombros desses idealizadores. Um passo de cada vez. E a mágica se fazia real.
Masters in Short 2020-10-25 shorts cinema mostra cinemaqui A proposta da sessão Masters in Short da Mostra de São Paulo esse ano é apresentar alguns curtas de diretores consagrados. São cinco curtas ao total e seis diretores diferentes. Nos é dito no início que a proposta tem relação com o período de quarentena esse ano, mas o único óbvio exemplo é o primeiro. "A Visita", de Jia Zhangke, que apresenta dois cineastas se visitando para assistir a um filme sendo produzido. Todas as situações comuns vividas esse ano, como o medidor de febre à distância, o uso das máscaras e do álcool gel, e a proibição tácita de se dar as mãos, é revisitada. É um aceno de cabeça para o espectador que sabe bem do que o filme está falando. Talvez bem até demais para ser visto em um filme.
Vidas de Carolina 2017-01-12 shorts cinema O curta documental Vidas de Carolina é o primeiro trabalho da diretora Jessica Queiroz. Ele aborda a vida de uma catadora de lixo reciclável e seu talento para a narrativa. A ideia era mostrar que a capacidade pode vir de qualquer lugar e que muitos não conseguem reconhecimento por falta de oportunidade.