# Nanny McPhee e as Lições Mágicas
Caloni, 2012-09-03 cinema movies [up] [copy]"Uma produção com um toque britânico (e atores) que consegue entreter mais pela curiosidade das próximas ações da babá mágica para controlar os sete diabinhos do desafortunado viúvo, que ainda depende de uma tia impiedosa para a sobrevivência da família, do que pela história em si, que é bobinha e previsível. O filme ainda emociona por situações naturalmente emotivas (como a decisão de escolher uma filha para entregar à tia), mas por algum motivo mágico, consegue caminhar até sua conclusão pelo menos ileso de apelações maiores. Talvez uma última da babá pós-créditos?" (Nanny McPhee, A Babá Encantada).
Fora os detalhes de uma direção de arte virtuosa, que consegue extrair magia até de uma fazenda infestada de esterco de todos os animais que ali vivem, e é plot para um dos raros diálogos inspirados, a história segue um ritmo morno e repetitivo, que não traz nada de novo que o longa original.
# Os Mercenários 2
Caloni, 2012-09-03 cinema movies [up] [copy]Mercenários 2 já começa sua história querendo arrebentar o maior número de muros, cabeças e corpos humanos por centímetro cinematográfico quadrado. O som das armas parece verdadeiro, ou melhor: parece surreal. Não há nada pode deter o maior arrebatamento de heróis de ação de um passado já distante, mas que é aqui comemorado de uma maneira perigosamente indulgente.
A história começa com um resgate genérico de um bilionário asiático, mas se transforma assim que o agente Churh (Bruce Willis) faz uma ligação para Barney Ross (Stallone) para um acerto de contas em troca da segurança de uma pequena caixa que contém o mapa de uma mina de toneladas de plutônio que, se cair nas mãos erradas, pode acabar explodindo com o mundo centenas de vezes (como se fosse necessário plutônio para explodir pessoas pelos ares).
O que vimos é uma sucessão de mais do mesmo de Mercenários, só que melhor orquestrado. Há sequências de ação realmente eficientes, como a introdutória. É uma pena que se torna algo blasé justamente quando o filme resolve homenagear aqueles ícones com sequências onde pequenos mitos guerreiam e lutam juntos. De qualquer forma, fica o gostinho de assistir novamente aos clássicos onde essa galera fazia o que havia de melhor e com o bônus de um roteiro melhor qualificado (algumas vezes).
Podem falar o que quiser do novo filme do Stallone, mas não podem negar o óbvio: a aposta de juntar o maior número possível de peças de musel de filmes de ação de décadas passadas parece estar ganha. Quer dizer, pelo menos até Mercenários 3.
# O Vingador do Futuro (2012)
Caloni, 2012-09-05 cinema movies [up] [copy]Chega a ser impressionante a capacidade do diretor Len Wiseman (da "saga" Anjos da Noite/Underworld) em empregar sequências de ação descerebradas mas completamente extasiantes. Durante as quase duas horas de projeção somos jogados em uma realidade sci-fi não apenas verossímil, mas igualmente surreal. A direção de arte de Patrick Banister (Sucker Punch, Mandando Bala, Blade: Trinity) recria o mundo do original com Arnold Schwarzenegger no mesmo clima arrebatador que os efeitos visuais da época causaram.
Estamos em um mundo futurista onde apenas duas regiões do mundo são habitáveis: 1) a colônia, onde residem os trabalhadores que diariamente se dirigem para o outro local, 2) a união britânica, a ditadura da vez. A fotografia de Paul Cameron (Deja Vu) difere com competência esses dois mundos, com uma chuva que não para de cair no submundo (lembrando/referenciando Blade Runner) e um céu límpido e com tons azuis no mundo "civilizado". É interessante notar também as diferentes etnias da ex-região próxima Ásia/Rússia, que parecem conviver inertes aos possíveis choques culturais. Da mesma forma, o filme tem um quê de contemporâneo, refazendo mais uma vez a temática da guerra dos países desenvolvidos contra o mundo terrorista. O que cabe como uma luva no caso de Total Recall, já que o mocinho não é exatamente do bem.
Porém, os debates filosóficos da história ficam quase sempre em segundo plano, pois o principal, a essência do que torna o novo Vingador extremamente eficiente é a reciclagem do nosso velho sistema supressor de crenças que permite que vejamos histórias absurdas no Cinema e mesmo assim compremos a ideia. Nesse caso, a ideia é de que tudo aquilo não passa de um sonho, uma memória implantada na mente de Douglas Quaid (Colin Farrell) e que pode e não deve fazer sentido em muitos momentos, pelo seu absurdo e pelo seu tom maniqueísta da realidade. Estamos falando de clichês de histórias de espiões, e eles existem aos montes e em alto e bom tom para todos notarem. Porém, o realismo de algo até então desconhecido é o que garante o benefício da dúvida, além de mais pra frente o leque de opções ter se aberto um pouco mais.
# O Ditador
Caloni, 2012-09-06 cinema movies [up] [copy]Sacha Baron Cohen possui o melhor de duas comédias que particularmente gosto muito: a com estilo pastelão e a com piadas ácidas, de um humor negro que só é permitido pelas cenas absurdas que sugerem que devemos suprimir nosso sistema moral por cerca de uma hora e meia.
O que, se tratando do ator de Borat, não é algo tão difícil de se deduzir. Com sua própria TV narrando a biografia do ditador sanguinário Aladeen, e o nome é um toque tão genial quanto o bigode de Chaplin em Grande Ditador, vemos o protagonista ainda bebê exibindo uma gigantesca barba e um pelo tão espesso que não é possível ver suas genitais. Se isso não for uma dica do que vem pela frente, não imagino o que seja.
Porém, comédia é um dos gêneros mais subjetivos. Mesmo uma boa comédia pode não cair no agrado da maioria por conter piadas que ofendem sua moral, que resiste apesar das cenas que berram aos olhos que o que estamos vendo é apenas um exercício de absurdo, e tudo é permitido porque ninguém deve levar a sério aquelas bobagens. Bobagens essas que divertem apenas os que entendem a mensagem, que resolveram abrir um pouco a mente e degustar o que é uma comédia original, livre das repetitivas e enfadonhas séries de pseudo-paródias. E entender que, por mais absurdo que sejam as situações que Aladeen encontre pela frente ao visitar a inimiga Nova York, é apenas um pano de fundo para uma discussão um pouco mais profunda sobre as características de um regime político, seja dito democrático ("afinal de contas, a China também é uma democracia") ou ditatorial.
Além de uma comédia física e que apele às vezes para o escatológico e o sexual, há por trás das ideias de O Ditador verdadeiras pérolas de pensamento sobre o tema, como a criativa subversão das palavras perante o magnífico general-comandante, ao ponto de antônimos como positivo e negativo virarem apenas uma palavra: Aladeen. Ou, mais um exemplo, o costume de mandar executar qualquer pessoa ou animal que o desagrade, mesmo que isso seja pegar o brinquedo da caixa de cereal.
Porém, não é só a ditadura que é vítima de escracho. Estamos na América a maior parte do tempo, e a democracia é, sim, alvo de inúmeras piadas que se engrandecem pelo ridículo. Note, por exemplo, como a união de todas os estereótipos do que seria um ambiente livre de preconceitos e amarras políticas, como é a loja dirigida pela simpática e exageradamente ativista Zoey (Anna Faris), onde até seu nome é um clichê, consegue extrair graça do que seria se tudo que representa a liberdade fosse concentrado em doses extremas.
Não que o filme seja pró-Estado, muito pelo contrário. Melhor do que isso, as situações na maioria das vezes fazem pensar e refletir como alguns conceitos tão enraizados em nossa cabeça, como a visão dos EUA como o símbolo mágico de liberdade, consegue aos poucos ir se desfazendo pela força do ridículo e chegar ao ponto máximo de um discurso irretocável no terceiro ato, digno de extrair lágrimas no meio dos risos.
É esse tipo de detalhe que consegue fazer valer a pena ignorar as bobagens e cenas descartáveis do filme. E é esse tipo de comédia que faz valer a pena sempre revisitar os personagens estereotipados que Cohen consegue como ninguém apresentar em seu pequeno universo.
# A Família Addams
Caloni, 2012-09-19 cinema movies [up] [copy]Com uma Direção de Arte e um elenco afinadíssimo que recria as mesmas piadas e o clima humor negro do antigo seriado da década de 60, A Família Addams possui em seu núcleo Mortiça Addams (Angelica Huston), uma matriarca sedutora que consegue convencer acima de tudo pelos seus esforços de manter a hegemonia da secular família. Que é, aliás, uma família das menos convencionais possíveis: os dois filhos vivem brincando de um torturar o outro e o pai diverte-se com brincadeiras de sedução e luta esgrima (usando espadas reais) com seu contador.
O que existe de mais fascinante no projeto de Barry Sonnenfeld além da recriação da série é a capacidade de estabelecer um clima estranho para que as piadas funcionem (na medida do possível) justamente porque entendemos seus personagens. Dessa forma, é perfeitamente aceitável e hilário percebermos a cara de desgosto de Mortiça quando percebe que os modelos desenhados pelos alunos da escola de sua filha são pessoas desprezíveis para ela e sua família mas amados por todos os outros, como líderes carismáticos.
# Um Drink no Inferno
Caloni, 2012-09-19 cinema movies [up] [copy]Um filme da década de 90 com George Clooney e Quentin Tarantino como protagonistas (e o último como roteirista) e dirigido pela catarse chamada Robert Rodriguez (O Mariachi, Era Uma Vez no México, Planeta Terror, Machete). Não contente com essa reunião extraordinária, o gênero de Um Drink no Inferno oscila elegantemente entre um drama policial (também religioso) e o terror materializado por um bar onde vampiros se alimentam de seus clientes.
Tarantino está assustadoramente trash como o psicopata estuprador Richard Gecko, irmão mais novo do frio e calculista Seth (Clooney), que está tentando fugir para o México com o resultado de um assalto a banco. No caminho acabam sequestrando a família do ex-pastor Jacob Fuller (Harvey Keitel) que no momento sofre de uma crise de fé. Essa crise, como poderemos ver a partir do segundo ato, possui um significado maior do que inicialmente elaborado.
Com cenas tensas construídas desde o início (como a explosão da loja de conveniência), Rodriguez só não perde o controle do absurdo graças ao roteiro coeso e redondo de Tarantino, que consegue extrair desse absurdo um pouco para refletirmos sobre o que não fazer quando estiver cercado por vampiros demoníacos.
# Cabra Marcado Para Morrer
Caloni, 2012-09-20 mostra cinema movies [up] [copy]O documentário que Eduardo Coutinho começou a produzir nos anos 60 e que foi interrompido após o golpe militar, tendo 40% do roteiro filmado e apreendido pela polícia como material subversivo, vira um filme completo só na década de 80, com a reabertura política e o reencontro do diretor e sua película. E não apenas isso: o reencontro da história de Elizabeth Teixeira, a viúva de João Pedro, líder dos camponeses assassinado brutalmente na época, e do cinema revolucionário de Glauber Rocha que havia ficado no esquecimento.
O filme possui uma das maiores virtudes de um documentário: partir de uma história particular para o universal. O assassinato de João Pedro foi um evento que mexeu com a mulher e seus onze filhos de maneira permanente, mas também cortou as raízes de uma revolta que havia se formado contra os grandes proprietários de terra e a exploração descarada de seus trabalhadores, uma revolta que poderia ter significado uma mudança radical do panorama social brasileiro.
Para contar essa história através de lembranças os colegas de João Pedro são chamados, pessoas que haviam feito as filmagens de Cabra de 60 e interpretavam eles mesmos. O filme viaja de passado a presente com o uso da fotografia cinza e colorida de um Brasil que mudou apenas de cor. Cada personagem realiza a função de interpretar um papel do evento particular, mas também representa a função de cada um de nós em uma sociedade partida, multifacetada e que não consegue mais se reunir para reivindicar seus fundamentais direitos.
A partir do drama pessoal de cada participante daquela história Coutinho abre uma lupa através do seu gigantesco microfone e sua equipe peregrina, que consegue arrancar frases de efeito a partir de manifestações espontâneas, e que por isso mesmo ganham uma força ainda maior. É o Brasil falando. Coutinho apenas dá o caminho.
# Palhaços Assassinos do Espaço Sideral
Caloni, 2012-09-24 cinema movies [up] [copy]Os irmãos Chiodo, hoje praticamente desconhecidos mas responsáveis por efeitos em filmes insólitos como Um Duende em Nova York, Team America e A Hora das Criaturas, fizeram este trabalho mais em um formato laboratório de ideias bizarras do que algo que de fato pudesse conter um enredo. O igualmente bizarro é que o resultado não é tão mau assim, ou, como alguns preferem dizer, é tão ruim que acaba ficando bom.
Fica até difícil encontrar alguma cena de destaque que não revele as absurdas ideias do roteiro dos irmãos. A história toda começa quando uma estrela cadente cai em uma pequena cidadezinha. Na verdade o que "cai" é uma nave espacial no formato de circo que contém grandes palhaços com diversas armas de brinquedo que servem para transformar os seres humanos em gigantescos algodões-doces. Teoricamente o objetivo dos alienígenas de nariz vermelho é estocar uma quantidade grande desses humanos para mais tarde comê-los. Para isso invadem a cidade com um triciclo, tortas e um carro de palhaços (que, pra variar, está cheio deles).
Ignorando o fato que palhaços são, até onde se sabe, terrestres, o filme usa e abusa dos elementos desse universo, criando rimas de horror com linguas-de-sogra, figuras feitas de bexiga e pipocas. A criatividade toda foi usada dessas piadas, além de um aprimorado trabalho de maquiagem que torna os palhaços engraçados e ao mesmo tempo assustadores. Note, por exemplo, o uso de dentes pontudos e desalinhados, o que acaba por estragar o lindo sorriso que esboçam para os humanos que encontram pelo caminho.
# eXtreme Go Horse
Caloni, 2012-09-27 [up] [copy]O Go Horse Power (GHP) foi criado por um blogue hoje extinto. As premissas dessa nova metodologia de desenvolvimento era que o projeto fosse feito da maneira mais rápida possível.
Contudo, eles não contavam com a versão turbinada do desleixo humano.
A eXtreme Go Horse (XGP) é o suprassumo das metodologias do mercado brasileiro de desenvolvimento. Quem nunca trabalhou em uma empresa gerida por essas regras? (Bom, pelo menos XGH pelo jeito tem até controle de fonte, algo que era até meio raro uns anos atrás):
XGH não pensa, faz a primeira coisa que vem à mente. Não existe segunda opção, a única opção é a mais rápida
Estas são: a correta, a errada e a XGH, que é igual à errada, só que mais rápida. XGH é mais rápido que qualquer metodologia de desenvolvimento de software que você conhece (Vide Axioma 14).
Para cada problema resolvido usando XGH, mais uns 7 são criados. Mas todos eles serão resolvidos da forma XGH. XGH tende ao infinito.
Os erros só existem quando aparecem.
Resolveu o problema? Compilou? Commit e era isso.
Se der merda, a sua parte estará sempre correta.. E seus colegas que se fodam.
Os prazos passados pelo seu cliente são meros detalhes. Você SEMPRE conseguirá implementar TUDO no tempo necessário (nem que isso implique em acessar o BD por um script malaco)
Ou coloque a culpa em alguém ou algo. Pra quem usa XGH, um dia o barco afunda. Quanto mais o tempo passa, mais o sistema vira um monstro. O dia que a casa cair, é melhor seu curriculum estar cadastrado na APInfo, ou ter algo pra colocar a culpa
Escreva o código como você bem entender, se resolver o problema, commit e era isso
Se der merda, refaça um XGH rápido que solucione o problema. O dia que o rework implicar em reescrever a aplicação toda, pule fora, o barco irá afundar (Vide Axioma 8)
A figura de um gerente de projeto é totalmente descartável. Não tem dono, cada um faz o que quiser na hora que os problemas e requisitos vão surgindo (Vide Axioma 4)
Colocar TUDO no código como uma promessa de melhoria ajuda o desenvolvedor XGH a não sentir remorso ou culpa pela cagada que fez. É claro que o refactoring nunca será feito (Vide Axioma 10)
Prazo e custo são absolutos, qualidade é totalmente relativa. Jamais pense na qualidade e sim no menor tempo que a solução será implementada, aliás¿ não pense, faça!
Scrum, XP¿Tudo isso é modinha. O XGH não se prende às modinhas do momento, isso é coisa de viado. XGH sempre foi e sempre será usado por aqueles que desprezam a qualidade
Muitas POG¿s exigem um raciocínio muito elevado, XGH não raciocina (Vide Axioma 1).
Caso seus colegas de trabalho usam XGH para programar e você é um coxinha que gosta de fazer as coisas certinhas, esqueça! Pra cada Design Pattern que você usa corretamente, seus colegas gerarão dez vezes mais código podre usando XGH.
Este axioma é muito complexo, mas sugere que o projeto utilizando XGH está em meio ao caos. Não tente por ordem no XGH (Vide Axioma 16), é inútil e você pode jogar um tempo precioso no lixo. Isto fará com que o projeto afunde mais rápido ainda (Vide Axioma 8). Não tente gerenciar o XGH, ele é auto suficiente (Vide Axioma 11), assim como o caos.
Enquanto você quiser, o XGH sempre estará do seu lado. Mas cuidado, não o abandone. Se começar um sistema utilizando XGH e abandoná-lo para utilizar uma metodologia da moda, você estará fudido. O XGH não permite refactoring (vide axioma 10), e seu novo sistema cheio de frescurites entrará em colapso. E nessa hora, somente o XGH poderá salvá-lo.
Nunca altere, e muito menos questione um código funcionando. Isso é perda de tempo, mesmo porque refactoring não existe (Vide Axioma 10). Tempo é a engrenagem que move o XGH e qualidade é um detalhe desprezível.
Se você meteu a mão num sistema XGH, é melhor saber o que está fazendo. E se você sabe o que está fazendo, vai testar pra que? Testes são desperdício de tempo, se o código compilar, é o suficiente.
O fracasso e o sucesso andam sempre de mãos dadas, e no XGH não é diferente. As pessoas costumam achar que as chances do projeto fracassar utilizando XGH são sempre maiores do que ele ser bem sucedido. Mas sucesso e fracasso são uma questão de ponto de vista. O projeto foi por água abaixo mas você aprendeu algo? Então pra você foi um sucesso!
Nunca ponha a mão numa classe cujo autor não é você. Caso um membro da equipe morra ou fique doente por muito tempo, o barco irá afundar! Nesse caso, utilize o Axioma 8.
Este texto foi copiado daqui e daqui. Não existem donos conhecidos do XGH (já devem ter morrido de desgosto). Fiquei com medo de não encontrar mais essa metologia, que é pouco divulgada e muito útil.
# De Quem é a Cinta Liga?
Caloni, 2012-09-30 cinema movies [up] [copy]Essa é uma comédia argentina co-dirigida por Fito Páez (Vidas Privadas), que também assina o roteiro, e pela estreante María Cecilia López. Ambos estão sintonizados em um projeto que tenta de todas as formas chamar a atenção, não importando que para isso seja sacrificado o bom senso e, o que é pior, o humor de sua história.
Uma história, aliás, nada ruim. Protagonizado por um trio feminino que parece ter nascido de uma cópia mal formada de Mulheres à Beira de um Ataque de Nervos, as vidas de Julieta (Julieta Cardinali), Leo (Leonora Balcarce) e sua psicanalista (Fabiana Cantilo) começam a se fundir no momento que Leo descobre estar sendo traída por Julieta, sua melhor amiga, com seu namorado, o cantor metido a fotógrafo Gonzalo (Gonzalo Aloras). As filmagens de Gonzalo servem de pano de fundo de uma história que, iniciando no presente, retorna ao passado através das fitas gravadas.
O que preocupa no filme é essa referência mal feita pelo Cinema. Uma direção invasiva que mistura colagens de Almodóvar com Tarantino com um enredo de Woody Allen. Quando entra em cena um risível Don Corleone já não duvidamos de mais nada. Em vez de engrandecer o filme, as referências nem são engraçadas como paródia, nem estão inseridas na história como algo que faça parte de fato da trama. É jogando essa trivia nas entrelinhas de um roteiro que vai se entortando cada vez mais. No final, uma sensação de caos permanente. Não há nada que junte os pedaços, nem mesmo a tal cinta liga do título.