# Yes It Can: On the Functional Abilities of the Human Unconscious (Ran R. Hassin, 2013)
Caloni, 2025-07-02 <self> <reading> <reading> [up] [copy]The author presents considerations of evolutionary pressures and of the availability of mental resources that render YIC a reasonable hypothesis. Evidence is then reviewed from various subfields of the cognitive sciences, which shows that functions that were traditionally thought of as requiring consciousness can occur nonconsciously.
Unconscious processes can evolutionarily designed over eons and that conscious aware-carry out every fundamental high-level function that conscious ness as we experience it today is a relatively recent develop-processes can perform.
# A sabedoria dos psicopatas (Kevin Dutton)
Caloni, 2025-07-02 <self> <books> <reading> [up] [copy]Embora a pulsação de todos os desarmadores tenha permanecido estável, algo quase inacreditável ocorreu com os que haviam sido condecorados. Sua pulsação na verdade baixou. Assim que entraram na zona de perigo (ou “zona de lançamento”, como disse um cara com quem conversei), eles assumiram um estado de foco frio e meditativo: um elevado estado de consciência no qual eles e o mecanismo em que estavam trabalhando se tornaram um só.
Análises posteriores investigaram mais profundamente e revelaram a causa da disparidade: confiança. Os desarmadores que haviam sido condecorados tiveram notas mais altas nos testes de autoconfiança que seus colegas não condecorados.
Seus sistemas neurológicos imunes pareciam manter o “vírus” na rédea curta, adotando uma política de tolerância zero com a ansiedade. Enquanto o resto de nós apenas permite que ela se espalhe.
Devastador, deslumbrante e superconfiante são os epítetos que se ouvem frequentemente sobre eles. E não, como se poderia esperar, deles mesmos. Mas de suas vítimas! A ironia é clara como o dia. Psicopatas parecem ter, por força de alguma piadinha darwiniana, as exatas características de personalidade que morreríamos para ter.
[Openness to Experience, Conscientiousness, Extraversion, Agreeableness and Neuroticism, OCEAN]
Como se pode ver, os especialistas consideraram psicopatas quase nulos em amabilidade — o que não é de se surpreender, visto que, para a maioria dos médicos, mentira, manipulação, inclemência e arrogância são praticamente o padrão ouro dos traços psicopáticos. Sua meticulosidade tampouco é notável: como se esperava, impulsividade, ausência de objetivos de longo prazo e falha em assumir responsabilidade estão todas aí, mas note como competência inverte a tendência — uma medida da inabalável autoconfiança e da despreocupada indiferença à adversidade dos psicopatas — e como o padrão continua com neuroticismo: ansiedade, depressão, autoconsciência e vulnerabilidade mal aparecem no radar, o que, quando combinado com fortes resultados em extroversão (assertividade e busca por excitação) e em abertura para a experiência (ações), gera aquele carisma elementar, em estado bruto.
Certo número de presidentes dos Estados Unidos exibiram distintos traços psicopáticos, com ninguém menos que John F. Kennedy e Bill Clinton na liderança (para ver a tabela completa, acesse www.wisdomofpsychopaths.co.uk).
Hervey Cleckley provê um inventário mais detalhado da folie raisonnante. Em seu livro The Mask of Sanity [A máscara da sanidade], publicado em 1941, Cleckley reúne um kit um tanto eclético para a identificação do psicopata.
Em uma passagem memorável, Cleckley descreve os mais recônditos mecanismos da mente desses camaleões sociais, a vida cotidiana por trás da fria cortina de insensibilidade: O [psicopata] não tem familiaridade com os fatos ou dados primários do que se pode chamar de valores pessoais, e é completamente incapaz de entender essas questões. É impossível para ele interessar-se, ainda que minimamente, pela tragédia, pela alegria ou pelas batalhas da humanidade como apresentadas na alta literatura ou na arte. Ele também é indiferente a todas essas questões na vida em si. Beleza e fealdade, com exceção de um sentido muito superficial, bondade, maldade, amor, horror e humor não possuem nenhum sentido real, nenhum poder de comovê-lo. Além disso, ele não possui a capacidade de perceber que os outros se comovem. É como se, apesar de sua inteligência afiada, ele fosse cego a esse aspecto da existência humana. Não se pode explicar, porque não há nada em sua órbita de consciência que possa utilizar a comparação como ponte. Ele pode repetir as palavras e afirmar desenvoltamente que compreende, mas não há maneira de ele perceber que não compreende.
Eles não sentem angústia, ou percebem essa emoção em outras pessoas, porque, quando se concentram em uma tarefa que promete gratificação imediata, consideram todo o resto “irrelevante”. Eles sofrem de “visão de túnel” emocional.
Quando os payoffs são convertidos em unidades de aptidão darwiniana e presume-se que os jogadores com os maiores payoffs darão origem a um número maior de descendentes, que em seguida adotarão a mesma estratégia de seus progenitores, a população evolui para um equilíbrio no qual a proporção de indivíduos que se comportam consistentemente de maneira psicopática espelha a incidência observada do transtorno na vida real (cerca de 1 a 2%).
em psicologia clínica, chega um momento em virtualmente qualquer intervenção terapêutica no qual o terapeuta encontra ouro: descobre uma época, um momento definidor ou incidente que ou precipita o problema subjacente, ou o encapsula, ou ambos.
Sabemos, de estudos anteriores, que psicopatas apresentam redução de massa cinzenta no córtex pré-frontal anterior
reduzida integridade do fascículo uncinado, o trato axonal (uma espécie de aqueduto neural) que conecta o córtex pré-frontal à amídala.
quando erros são punidos com um choque elétrico doloroso, psicopatas são mais lentos em compreender a regra que não psicopatas.
Quando o sucesso é recompensado com ganho financeiro, além da ausência de choques, os papéis se invertem. Agora os psicopatas são mais rápidos em aprender.
os voluntários com altos níveis de traços psicopáticos liberaram quatro vezes mais dopamina em resposta ao estimulante do que os voluntários com baixos níveis.
Os resultados do experimento não poderiam ser mais claros. Exatamente como previsto pelas descobertas de Mujica-Parodi, os voluntários não psicopatas jogaram com suas cartas bem próximas ao peito quando expostos ao suor do medo, apostando porcentagens menores. Mas os psicopatas permaneceram inabaláveis. Eles não apenas eram mais ousados para começar, como também eram mais ousados para terminar, continuando a assumir riscos mesmo quando alagados com “medo”.
Psicopata? Não tenho certeza. Não sei o que meus pacientes pensariam disso! Mas é uma boa palavra. Mas, sim, quando você está se escovando antes de uma operação difícil, é verdade: uma espécie de gelo começa a correr por suas veias. A única maneira que encontro para descrever é comparar com uma bebedeira. Mas uma bebedeira que aguça, em vez de entorpecer os sentidos; um estado alterado de consciência que se alimenta de precisão e claridade, em vez de confusão e incoerência. Talvez “superlúcido” fosse um jeito melhor de descrever. Menos sinistro. Mais, sei lá... espiritual.
grandes épocas de nossa vida são aquelas em que temos a coragem de rebatizar nosso lado mau de nosso melhor lado. Friedrich Nietzsche
As grandes épocas de nossa vida são aquelas em que temos a coragem de rebatizar nosso lado mau de nosso melhor lado. Friedrich Nietzsche
Na Oxford do século XIV, por exemplo, parecia que todo mundo estava nessa: a taxa então sendo de 110 assassinatos por 100 mil pessoas por ano, comparada com apenas um assassinato por 100 mil pessoas na Londres de meados do século XX.
Uma cultura da honra — da predisposição para se vingar — deu lugar a uma cultura da dignidade — da predisposição para controlar as emoções. Esses ideais se originaram nas explícitas instruções dos árbitros culturais aos aristocratas e nobres, permitindo-lhes se diferenciar de servos e camponeses. Mas eles foram então absorvidos na socialização de crianças cada vez mais jovens, até se tornarem uma segunda natureza. Os padrões também se infiltraram na burguesia, que procurou emulá-los, e dela para as classes mais baixas, e por fim se tornando parte da cultura como um todo.
17.Ver Thomas Harding, “Army Should Provide Moral Education for Troops to Stop Outrages”, Daily Telegraph, 22 de fevereiro de 2011, http://www.telegraph.co.uk/news/8341030/ Army-should-provide-moral-education-for-troops-to-stop-outrages.html (acessada em 5 de abril de 2011).
Ler um livro cria novos caminhos neurais no leito cortical de nossos cérebros. Transforma a maneira como vemos o mundo e nos torna, como disse Nicholas Carr em seu recente ensaio “The Dreams of Readers”, “mais alertas para a vida interior das outras pessoas”.19 Tornamo-nos vampiros sem termos sido mordidos. Em outras palavras, mais empáticos. Os livros nos fazem ver de um modo que a imersão casual na internet, e o mundo virtual de respostas super-rápidas que ela oferece, não faz.b20
Ele menciona a emergência da epigenética — um recente ramo do campo da genética convencional que, em termos simples, procura por mudanças na atividade dos genes que não envolvem alterações estruturais no código genético em si, mas ainda assim são transmitidas para gerações sucessivas.
Suas reações se tornam automáticas. Você usa seu julgamento, sim, mas mesmo isso é resultado do treinamento. É difícil descrever se você não esteve lá. É como se você tivesse uma consciência ampliada do que acontece a sua volta. É como o oposto de estar bêbado. Mas ao mesmo tempo você está como que fora da situação. Como se estivesse vendo um filme.
Os efeitos não são completamente diferentes. Uma confiança calma, aérea. Uma perda transcendental da inibição. O estímulo incipiente de uma subjetiva arrogância moral: a invasiva, e de certo modo estranhamente espiritual, realização de que, afinal, quem é que dá a mínima? Há, no entanto, uma exceção notável. Uma flagrante, inequívoca diferença entre isso e os efeitos do álcool. A falta da concomitante lassidão. A persistência — eu diria até mesmo melhoria — da acuidade e da agudeza da atenção. Uma insuperável sensação de aumentada, aprimorada consciência. Claro, minha consciência parece que foi batizada com Rohypnol: minhas ansiedades foram afogadas em meia dúzia de doses de Jack Daniel’s magnético transcraniano. Mas, ao mesmo tempo, minha inteira maneira de ser parece ter sido suntuosamente limpa com luz. Minha alma, ou do que quer que você a chame, foi imersa em uma lavadora espiritual. Então, penso comigo, essa é a sensação de ser psicopata. De ver através dos olhos de Gary Gilmore. De atravessar a vida sabendo que não importa o que você diga ou faça, culpa, remorso, vergonha, piedade, medo — todos aqueles familiares e cotidianos sinais que podem normalmente aparecer em seu painel psicológico —, já não incomodam você.
Subitamente, tenho um insight. Falamos sobre gênero. Falamos sobre classes. Falamos sobre cor. E inteligência. E credo. Mas a diferença mais fundamental entre um indivíduo e outro com certeza deve ser a presença, ou ausência, de consciência. Consciência é o que dói quando todo o resto parece gostoso. Mas, e se ela for dura como aço? E se a consciência tiver um infinito, ilimitado limiar de dor — e não piscar os olhos enquanto outras gritam em agonia?
Sentimento é uma aberração química encontrada no lado perdedor. Sherlock Holmes
A violência psicopática é predominantemente instrumental, um meio direto de obter um fim específico e quantificável. O que significa, em um ambiente como este, que ela pode ser amplamente prevenida. E, se alguma coisa acontecer, facilmente contida. É nas alas psicóticas que as coisas se tornam menos previsíveis.
Se você é boxeador, você faz tudo que puder para derrubar o outro cara o mais rápido possível, não é? Então por que as pessoas estão preparadas para tolerar essa inclemência no esporte, mas não na vida? Qual é a diferença?
“Os homens bons dormem pacificamente em suas camas à noite”, disse George Orwell uma vez, “porque os brutos estão prontos para usar da violência em seu nome.”
A capacidade de sedução dos psicopatas é bem documentada. Assim como sua capacidade de manter o foco e “fazer o que é preciso”. Desnecessário dizer que essa é uma poderosa, e inteligente, combinação — da qual todos nós poderíamos nos beneficiar. Leslie se juntou a nós e tem uma visão bastante simpática sobre o charme: “A capacidade de estender o tapete vermelho para aqueles que você não suporta e apressá-los, tão suave e eficientemente quanto possível, na direção em que você quer que eles sigam.”
Uma vez, ouvi uma excelente citação de um dos melhores treinadores. Ele disse que, se você sobe no ringue determinado a nocautear o outro cara, as chances são de que você fracasse. Mas, se você se concentrar em vencer a luta, em simplesmente fazer o seu trabalho, você pode acabar nocauteando o cara de qualquer modo.
# A Máquina do Tempo (H. G. Wells, 1895)
Caloni, 2025-07-02 <fiction scifi <books> [up] [copy]Me toquei que não escrevi sobre A Máquina do Tempo. Nenhum recorte sobrou do livro de H. G. Wells sobre a viagem mais doida no futuro que alguém pode fazer. O livro é muito mais sobre nossas elucubrações sobre para onde vai a espécie humana do que a inevitabilidade de nossas ações de hoje. Eu me lembro que o filme feito com base na obra fica muito aquém na filosofia, apesar de visualmente deslumbrante. O conto expandido sobre um viajante do tempo que narra suas aventuras para os amigos incrédulos possui o formato usado pelo autor da saga Cavalo de Tróia, em nos fazer ficar desconfiados se tudo isso não foi verdade, mesmo. Engenhoso e espirituoso, nos leva a um mundo que provavelmente não existirá no futuro, mas apenas na aparente infinita imaginação humana. E ela residirá enquanto formos humanos.
# O Poder do Agora (Eckhart Tolle, 1997)
Caloni, 2025-07-05 <books> <self> <now> [up] [copy]Embora eu continuasse vivendo normalmente, tinha percebido que nada que eu viesse a fazer poderia mudar realmente a minha vida. Eu já tinha tudo de que necessitava.
Essa é a moral por trás de O Poder do Agora, de Eckhart Tolle, que mistura filosofia e uma pitada de religião em prol do bem-estar do ser humano, independente de seus valores, profeta ou deus. O livro é uma série de ensinamentos sobre se libertar de sua mente.
Para Tolle a mente é uma doença, individual e coletiva. Ela cria filtros que prejudicam a nossa percepção do momento como o que ele realmente é: algo fabuloso. Como não restringimos a mente a apenas uma ferramenta intelectual, nos identificamos com ela, e com isso nos escravizamos pelos seus padrões.
O primeiro exercício que ele pede que se faça é "observar o pensador", essa voz que todos temos dos nossos pensamentos. Aprendemos a nos desapegar e a enxergar que não somos a voz, mas algo diferente. Cria-se um espaço nesse fluxo contínuo da mente e com isso conseguimos direcionar o foco de nossa atenção para o Agora. Tornamo-nos conscientes do momento. Algo, segundo Tolle, "profundamente gratificante de se fazer".
A essência da tão ambicionada meditação, segundo ele, é apenas criar esse espaço de mente vazia, ficando assim extremamente alerta e consciente. A partir desse estado de extrema consciência no presente não existem problemas, apenas situações que podem ser gerenciadas facilmente, pois agora não são apenas projeções mentais de um tempo e espaço inatingíveis: estão bem na nossa frente. E mesmo assim, a situação existe no tempo, enquanto a nossa vida é agora. Enquanto a situação de vida continua sendo uma coisa da mente, a nossa vida é muito mais: é real.