# Vejo Todas Nuas

2023-12-04 tag_movies ^

Comédia de curtas italiano antigo que eu devo ter visto há muito, mas há muito tempo mesmo. Quando criança. Lembro de alguns detalhes. Principalmente os peitinhos. De resto, é imaginativo, expansivo e quase tocante. O episódio em que um homem finge ser mulher é o que quase chega lá. Não há um tema exato, mas sensações sobre a relação entre homens e mulheres. O episódio título é o último e mais vulgar. Envelheceu bem, contudo.


# Padaria Carillo

2023-12-21 tag_food ^

Esta é uma padaria tradicional da Mooca. Suas massas de fermentação natural crescem bem e são saborosas, além de muito bonitas. Provei o pão na chapa de ciabatta e estava parecido com as primeiras massas que assei em casa, com aquele azedo típico de massa madre (hoje mantenho uma massa madre menos azeda). O café espresso é honesto. O atendimento foi feito na mesa apertando um botão e foi bem rápido. O ambiente tem uma bagunça charmosa, de lugar italiano. Os pães à mostra são os mais bonitos que você verá em uma padaria de bairro, incluindo as pizzas e outras massas horizontais. O canoli estava com um creme suave, não muito doce. Pegamos para viagem a tortinha de limão, que constatamos ser igualmente suave, e a palha italiana, que estava fresca e muito saborosa. Fiquei com vontade de ir de novo.


# Fiquei 45 dias longe do Telegram: fora como criar clickbaits estilo HN, eis o que descobri

2023-12-21 tag_essays ^

Descobri que eliminar a única coisa que eu uso que é mais próxima de uma rede social não fez nenhuma falta.

Descobri que parte do que eu não gosto em mim mesmo ficou inativa e não precisei dela.

Descobri que ninguém precisa de mim online (e isso é uma coisa boa).

Descobri que os maus hábitos continuam, apenas se transformam em outras atividades.


# Las Perdices

2023-12-21 tag_wine tag_trips ^

Agrelo é a região que ficou na memória durante esta pequena viagem de uma semana para Mendoza. E quando voltei, a garrafa que havia esquecido na geladeira era de um Malbec de lá, da Vina Las Perdices, que encontrei no empório em Taubaté durante outra viagem. As rimas que encontramos pelo caminho devem ser escritas pelo roteirista do universo.

Las Perdices é uma bodega que conheci pela Sociedade da Mesa, um clube de novidades do mundo do vinho. Por vários meses a seleção argentina continha um ou dois rótulos desta produtora familiar, fundada na década de 50 e reformada nos anos 2000 por dois irmãos: o engenheiro e o vendedor.

O engenheiro se especializou em enologia e criou uma linha de vinhos que prioriza o equilíbrio e a elegância da região. Utilizando pouca madeira e se preocupando mais com a qualidade da seleção, fermentação e maceração, Juan Carlos Muñoz entrega na garrafa final notas distintas e sutis que podem passar despercebido pelo enófilo mais desatento.

Nicolás Muñoz é o irmão que torna possível algumas garrafas chegarem no Brasil a um preço acessível. A distribuidora oficial trabalha com outro clube de vinhos, mais popular, a Wine.

Hoje tomei mais uma taça dessa garrafa perdida. O vinho continua potente, inerte nos 8 graus da geladeira, uma temperatura próxima da usada pelos Muñoz para evitar a fermentação nos primeiros dois dias após a cata para que resíduos se separem das frutas e sementes e possam ser retirados sem agredir as uvas e seus sabores escondidos.

Após isso uma maceração seguida de fermentação realizam o processo químico mais conhecido do mundo do vinho antes do líquido ser depositado em um misto de barricas francesas e americanas, ambas tostadas em queima suave, para que a madeira não imprima com tanta força suas características na delicada bebida, já cheia de potencial gustativo.

Hoje, após a viagem, reorganizei minhas 44 garrafas. Vi que ainda tinha mais três Las Perdices no fundo do armário. Dois são de uma nova linha, a Chac Chac, que promete trazer mais frescor ainda. Enquanto a linha clássica mantém por oito meses os vinhos adquirindo madeira, a nova estaciona por apenas seis. Seu potencial de guarda é menor. Mas a ideia é não ser esquecida por muito tempo na geladeira. Ou no fundo do armário.


# Voltando a escrever

2023-12-21 tag_blogging ^

E descobrindo por que abandonei o ritmo de edições de rascunhos. Eles não importam muito para textos pequenos. Ainda mais agora que o foco é um texto maior.

Devo continuar escrevendo pela prática, mas não devo colocar para revisão. Minhas palavras de ensaio são o texto final. Não é arrogância. É não querer dedicar tempo em um texto que não é importante.

Isso se chama blogar.


# Muchachos

2023-12-21 tag_movies ^

A história da copa do mundo de 2022 do ponto de vista da torcida argentina, narrada como um conto e editada a partir de dezenas de recortes de grupos de pessoas que se filmavam torcendo pela sua seleção. Emocionante, além de bem feito. Um tanto óbvio, mas cai na categoria das coisas que aconteceram de verdade e precisamos relembrar para ter certeza que aconteceu. Não foi o primeiro milagre das copas, mas a Argentina estava há 36 anos esperando essa. E Messi finalmente fez história.


# Casa Vigil

2023-12-21 tag_food ^

Escrevo do ponto de vista de alguém que passou todos os dias da semana almoçando em restaurantes de bodegas, cheios de passos e vinhos para harmonização. Ao final de seis dias dessa maratona a Casa Vigil, no último dia, ainda impressionou positivamente.

Após percorrer o lindo caminho rodeado de miniparreiras e a horta mais charmosa de temperos que você irá encontrar em Mendoza, fomos recebidos com uma taça de vinho na ilha de recepção. Apesar do calor de quase 40 graus havia paz e tranquilidade para curtir a paisagem por alguns minutos enquanto aguardávamos nossa mesa.

O que aconteceu bem rápido. Pude levar a taça que ainda não tinha terminado junto e logo estávamos dentro de um de variados ambientes climatizados e com charmosas paredes de vidro. Uma estufa ao contrário, pois estava bem fresquinho dentro. Havia poucas mesas no ambiente, o suficiente para se sentir em um restaurante, mas não muitas a ponto do barulho incomodar. Havia uma música tocando bem ao longe.

Havia muitos atendentes. Cada um mais gentil que o outro. Antes mesmo de lermos o menu já nos serviram outra taça de um vinho branco refrescante (Chardonay, acredito) e uns pães junto de um azeite que para quem não costuma ver muita diferença se destacou pela picância. Os pães caseiros também estavam bem aconchegantes (quentinhos).

O cardápio é muito interessante. Você tem algumas opções (mas não muitas, para não confundir) entre os três passos que pedimos (entrada, principal, sobremesa). E todos eles são independentes da degustação de vinhos, que você pode ou não pedir (os preços se somam).

Depois de escolhidos os pratos e os vinhos a sommelier nos apresentou cada um deles com uma breve mas certeira descrição. A ideia de harmonização da Casa Vigil é pra lá de diferente. A sugestão é que você experimente a comida com cada um dos vinhos até acertar seu paladar, ou quem sabe descobrir novas combinações.

Achei maravilhoso. Isso nos deixa bem mais à vontade com a comida e a bebida. Sem precisar prestar atenção em detalhes sutis minha experiência informal, mas ao mesmo tempo rica.

As entradas são sofisticadas, um tanto diferentes. Os pratos principais são mais conservadores e em uma medida certa. A sobremesa foram notáveis sem ofuscar o principal. Importante lembrar que não há harmonização com as sobremesas, mas você pode tentar se quiser. Suas taças ficarão sempre cheiras durante toda a experiência. Sempre que quiser você pode pedir para encher um pouco mais uma taça que gostou.

Uma experiência encantadora para fãs de bom vinho e boa comida. Voltaremos.


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