# Bíblia Sagrada: Números

Caloni, 2023-11-04 books philosophy [up] [copy]

O próximo livro da minha saga de ler a Bíblia é Números. Neste livro os judeus ainda estão presos no deserto reclamando como nunca para Jeová e ele está mandando ver nos castigos e nas regras esdrúxulas. Haja paciência, santo deus! O Senhor deixou a maioria de castigo, vagando por 40 anos no deserto. Eles vão morrer por lá. A maioria não chegará a ver a terra prometida e nem participará das guerras que estão rolando desde que os judeus invadiram de novo. Misericórdia.

Todos os homens de Israel de 20 anos para cima, aptos para irem à guerra, foram registrados de acordo com suas famílias. No total, 603.550 homens.
No segundo ano desde a saída de Israel do Egito, no vigésimo dia do segundo mês, a nuvem se elevou acima do tabernáculo da aliança. Então os israelitas saíram do deserto do Sinai e viajaram de um lugar para outro até a nuvem pousar no deserto de Parã.
Que saudade dos peixes que comíamos de graça no Egito! Também tínhamos pepinos, melões, alhos-porós, cebolas e alhos à vontade. Mas, agora, perdemos o apetite. Não vemos outra coisa além desse maná!
(...) maná era como semente de coentro e tinha aparência de resina. O povo saía e o recolhia do chão. Usava-o para fazer farinha, triturando-o em moinhos manuais ou socando-o em pilões. Depois, cozinhava o maná numa panela e fazia bolos achatados, que tinham gosto de massa folheada assada com azeite. O maná caía sobre o acampamento durante a noite, com o orvalho.
Agora, digam-lhes o seguinte: ‘Tão certo quanto eu vivo, declara o SENHOR, farei com vocês exatamente aquilo que os ouvi dizerem. Todos vocês cairão mortos neste deserto! Uma vez que se queixaram contra mim, todos com mais de 20 anos que foram contados no censo morrerão.

# Encontrando o hive de aps UWP

Caloni, 2023-11-04 reversing windbg [up] [copy]

Aplicativos UWP não possuem direitos de administração. Por isso eles não conseguem carregar um hive de registro como especificado pela API do Windows. A solução, portanto, é mudar o sistema operacional.

A Microsoft fez isso no Windows 7 inserindo a API RegLoadAppKey. De acordo com o Windows Internals:

The application can then mount the hive privately using the RegLoadAppKey
function (specifying the REG_PROCESS_APPKEY flag prevents other
applications from accessing the same hive). Internally, the function
performs the following operations:
1. Creates a random GUID and assigns it to a private namespace,
in the form of \Registry\A\<Random Guid>. (\Registry forms
the NT kernel registry namespace, described in the “The
registry namespace and operation” section later in this
chapter.)
2. Converts the DOS path of the specified hive file name in NT
format and calls the NtLoadKeyEx native API with the proper
set of parameters.

Com essa informação podemos colocar um breakpoint na NtLoadKeyEx e saber onde fica o arquivo de registro de uma aplicação.

0:000> bp ntdll!NtLoadKeyEx
...
breakpoint hit!

Vendo algumas definições em docs na net:

NTSYSCALLAPI NTSTATUS NTAPI NtLoadKeyEx(POBJECT_ATTRIBUTES TargetKey,
  POBJECT_ATTRIBUTES SourceFile,
  ULONG Flags,
  HANDLE TrustClassKey,
  HANDLE Event,
  ACCESS_MASK DesiredAccess,
  PHANDLE RootHandle,
  PIO_STATUS_BLOCK IoStatus);
typedef struct _OBJECT_ATTRIBUTES {
  ULONG Length;
  HANDLE RootDirectory;
  PUNICODE_STRING ObjectName;
  ULONG Attributes;
  PVOID SecurityDescriptor;
  PVOID SecurityQualityOfService;
} OBJECT_ATTRIBUTES;
typedef OBJECT_ATTRIBUTES *POBJECT_ATTRIBUTES;
typedef struct _UNICODE_STRING {
  USHORT Length;
  USHORT MaximumLength;
  PWSTR Buffer;
} UNICODE_STRING, *PUNICODE_STRING;
; o apontado do segundo parâmetro mais offset 0x10
; o apontado deste mais o offset de dois ints (8 bytes)
; a string unicode para o qual ele aponta
0:000> du poi(poi(@rdx+10)+8)
000001f6`f7a24a60  "\??\C:\ProgramData\Microsoft\Win"
000001f6`f7a24aa0  "dows\AppRepository\Packages\Micr"
000001f6`f7a24ae0  "osoft.AAD.BrokerPlugin_1000.1904"
000001f6`f7a24b20  "1.3570.0_neutral_neutral_cw5n1h2"
000001f6`f7a24b60  "txyewy\ActivationStore.dat"

ergo:

"C:\ProgramData\Microsoft\Windows\AppRepository\Packages\

Microsoft.AAD.BrokerPlugin_1000.19041.3570.0_neutral_neutral_cw5n1h2txyewy\

ActivationStore.dat"

Podemos copiar este arquivo em um Windows com direitos de administração, abrir o regedit, abrir a chave USERS e escolher a opção "Load hive". Selecione o arquivo e voilà.


# Winnie the Pooh: Blood and Honey

Caloni, 2023-11-04 cinema movies [up] [copy]

Este ursinho não está pra brincadeira. Ela vai sair matando todas as garotas neste suspense onde os bichinhos do garoto Christopher Robin são abandonados por ele e ficam mortos de fome, comem o burro e agora seguem seu instinto animal.

Puff e Leitão estão tocando o terror na floresta 100 Acres, e é pra lá que vai uma gostosa pra se sentir melhor depois de ter passado um trauma com um stalker. Ela leva, na ordem que vão morrer: a mais gostosa ainda e que se exibe no Instagram, as namoradas que vão morrer por fazerem sexo (olha as leis do Pânico), a nerd porque usa óculos (mas também é daorinha). No meio outras garotas aleatórias irão aparecer para sofrer juntas.

Este filme é muito ruim. Mas é difícil não gostar dele. É simpático de tão simples ou ridículas que são as cenas e a história como um todo. O roteiro não desenvolve nada, mas sinceramente nós nem queremos. É um slasher, pelo amor de deus. O negócio é o ursinho ir matando geral e as vítimas fugindo e se tocando que vai dar ruim.

O mais engraçado é como as cenas de ação são sempre desnecessariamente longas. Você fica vendo a mulher fugindo, ele vai atrás, ela foge, ele vai atrás e pega ele. Toda cena tem essa dinâmica de você achar que haverá alguma reviravolta, mas não: a cena é apenas longa porque alguém achou que gastaram uma grana nela e não vai cortar. Ritmo pra que, e a trilha já está paga também, pode tocar tudo.

A mesma coisa acontece com os diálogos. Quando as garotas descobrem que tem gente lá fora fazendo maldades elas conversam na sala sobre o que vão fazer. O ursinho escreve "vão embora" no vidro da entrada da casa. Uma delas, perspicaz, comenta: tem alguém lá fora. E eu acho que é a mesma pessoa que escreveu isso. Enquanto isso, a direção segue o mesmo princípio. Alguém fala alguma coisa e ele filma a nerd acenando sim com a cabeça. Logo outra pessoa fala outra coisa e a mesma nerd acena novamente que sim com a cabeça, quase uma comédia de erros. A lógica narrativa e visual são esse caos constante. E o filme acaba desenvolvendo um ritmo divertido. A falta de jeito em seguir os clichês do slasher vai te encantar. Não há uma cena sequer que valha a pena ter visto o filme todo, mas ao mesmo tempo foi muito bom assisti-lo. Eu pensei que nunca mais veria uma mulher de biquíni ser tão exposta no cinema e não ser um pornô. Há ainda esperança.

Eu me pergunto depois de ver essa atrocidade em forma de filme apenas uma coisa: quando vai sair a continuação? Ela está marcada já no IMDB.

Seu criador aproveitou a queda dos direitos autorais da obra original do ursinho e começou a produção logo depois. Houve vários cuidados, porém, para não haver menção ao ursinho da Disney, pois eles ainda estão segurando essa rapadura, provavelmente por mais algumas décadas. Maldosos dirão séculos.

A história da produção é genial, aliás. O rapaz trabalhava até 2021 em uma companhia elétrica e teve a ideia deste filme. Ele montou sua própria produtora e em uma parceria realizou as filmagens do projeto que escreveu, dirigiu e produziu. Após o que seria uma sessão única em alguns cinemas americanos virou uma nova estréia. O filme ganhou mais um pouco de dinheiro e algumas cenas foram refilmadas. Com isso o diretor teve seu filme mais caro sendo rodado até o momento com a quantidade exorbitante de 100k dólares. O resultado? 5 milhões nas bilheterias e mais um monte de projeto envolvendo o conceito de pegar personagens de histórias conhecidas e tocar o terror.

Esta é mais uma demanda reprimida pela indústria do audiovisual. Não são apenas as garotas de biquíni. Os direitos autorais capam boa parte da criatividade latente em produções que poderiam com certa facilidade até se manter e catapultar a imaginação de Hollywood para além de viver de prédios de advogados e processos e refazer o mesmo filme de fantasia com supers e naves e jedis todos os anos. Vocês ainda acompanham esta merda? Eu quero ver tudo isso sendo desconstruído.


# A Era da Estupidez

Caloni, 2023-11-04 cinema movies [up] [copy]

Este documentário de crowd funding de 2008 é mais um daqueles alarmistas de aquecimento global (agora mudança climática). Ele cria um clima (punk intended) futurista como pano de fundo. Estamos em 2060 e um sujeito arquiva todo o conhecimento da humanidade em um local isolado. Ele fica revendo alguns vídeos com um certo tino para editor sobre alguns personagens do passado em momentos que eles tinham a noção do que poderia acontecer se não fizessem nada e mesmo assim fizeram ou não fizeram. Há vários lados nesse história, cada um representando um continente (menos o asiático, apenas Oriente Médio). Faz sentido, pois este é um filme sobre culpa ocidental, particularmente dos países ricos. Ele discorre sobre a história do petróleo, das desigualdades, da exploração e da alienação. É um apanhado dos últimos momentos da humanidade.

O que vem a seguinte consequência: o filme envelheceu mal. Dez anos depois já sabemos que as projeções sobre os fatídicos 2 graus de aumento de temperatura limite não serão atingidos (atuais 1.5) e 2060 não será tão tenebroso quanto no filme. Ou talvez seja, tem uma galera com sigla estranha que pode parecer pior que aquecimento global. Mas, enfim, era um filme ativista e cumpriu seu papel social. Você não acredita como eu dou risada desse meu comentário. Papel social. Ok. Mas é um bom filme. Um pouco sério demais visto por alguém do futuro. Talvez do passado também, já que as projeções tem essa característica de serem atualizadas desde os Malthusianos.


# A Incrível História de Henry Sugar

Caloni, 2023-11-04 cinema movies [up] [copy]

No novo filme de Wes Anderson, um curta de pouco menos que uma hora, ele para de ficar movendo quadros em 2D e constrói profundidade literalmente colocando paredes à frente das paredes anteriores e inserindo elementos em cena. É dinâmico e isso é importante em uma história cheia de texto. É a leitura quase que literal (talvez seja mesmo) de um conto escrito em 1976 sobre uma descoberta das mais raras e que não possui consequência direta alguma.

Para quem não se lembra, Anderson é o diretor de O Sr. Raposo, Hotel Budapeste, A Ilha dos Cachorros, Moonrise Kingdom. Pronto, agora você entendeu o parágrafo sobre mover os quadros em 2D.


# Vozes Distantes

Caloni, 2023-11-04 cinema movies [up] [copy]

Mais um filme do Supo Mungam Plus. Este da década de 80. É sobre as vissicitudes em família de uma das gloriosas épocas do patriarcado. Está na veia dos artistas mostrar esse cabo de força desigual entre homens e mulheres dessa sociedade ultrapassada. Há muitas canções populares sendo cantadas pelos personagens, que compõem um pequeno mosaico de tipos daquela época e os acontecimentos mais que repetidos – homens bebem demais e descontam nas mulheres. Pais autoritários brigam com suas filhas que ficam fora de casa até tarde. A fotografia é pálida para lembrar das fotos que nossos pais tiravam. Curioso.


# Sardela de berinjela de Chef Silvana

Caloni, 2023-11-04 cooking [up] [copy]

Na receita original vão 4 berinjelas, 300g de champignon, 3 cebolas roxas, 5 dentes de alho, salsinha a gosto, 50 ml de vinagre de maçã e páprica defumada a gosto.

Descasque a berinjela e pique em tiras finas. Coloque em um escorredor com bastante sal entre as camadas. Corte cebola. Lave a beringela. Na panela coloque bastante azeite, frite o alho, depois coloque cebola e a berinjela, deixe até murchar e estar macia; vá regando com azeite e mexendo. Coloque o champignon cortado e cozinhe mais uns 2 minutos. Coloque o vinagre e mexa até evaporar bem. Coloque salsinha e ajuste os temperos.

Sirva frio ou em temperatura ambiente. Fica ótimo como cobertura de fatia de pão, como uma bruschetta. Deve ficar bom também como o recheio.

Quando eu fiz não tinha champignon, mas ficou bom da mesma forma. Cortei tirinhas bem finas, como batata frita em palito bem fininha, para ser fácil de pegar depois. A mesma coisa fiz com a cebola.


# Vovó Ninja

Caloni, 2023-11-10 music [up] [copy]

Parece um blog ainda ativo com torrents de diversas discografias e coletâneas. Baixei alguns para a viagem de fim de semana. Ainda analisando o site, mas já gostei da iniciativa.



# John Wick 4

Caloni, 2023-11-13 cinema movies [up] [copy]

Este quarto episódio parece o segundo, pois é o segundo filme bem feito da saga que as termina de maneira honesta, embora não necessariamente boa. Há lutinhas e ternos à prova de bala no meio de espadas japonesas e lutadores de sumô junto de um assassino com mochila e seu cachorro. Mas a única coisa que fica é o rapaz cego que irá tirar a vida de Baba Yaga ou o que seja. E isso é um favor de amigo. Eles se cumprimentam um ao outro durante o filme inteiro. E Reeves bate o recorde de falas monossilábicas irrelevantes. O que todos queriam ouvir é como tudo isso começou porque mataram o cachorro dele. Não aconteceu. Mas o lápis assassino apareceu. Bom desfecho de história.


# Tank Girl

Caloni, 2023-11-20 cinema movies [up] [copy]

O filme é ruim, mas a direção de arte impressiona. A junção com desenho sugere uma origem mais cartunesca. Pudera. A história dói de acompanhar, mas seus personagens são simpáticos. Com exceção do diretor e roteirista,a equipe inteira está empenhada. Especialmente os responsáveis pela maquiagem dos homens-canguru, que dão uma nova perspectiva sobre raça.


# Ascendance of a Bookworm

Caloni, 2023-11-20 cinema animes [up] [copy]

Anime inspirado em uma light novel que virou também mangá. Ele é cheio de tramas construídas nas regras da sociedade da época, especialmente a relação da nobreza com a magia. Uma história com muito texto e pouca ilustração, lembra mais animações do finado Macromedia Flash.


# 16 bit Sensation: Watashi to Minna ga Tsukutta Bishōjo Game

Caloni, 2023-11-20 cinema animes [up] [copy]

Um anime de viagem no tempo saudosista sobre desenvolvimento de jogos de computador e reflexivo sobre a evolução das bishoujos, a pornografia de menininhas japonesas desenhadas como beldades. A dubladora da protagonista é o ponto forte. Ela é tão engraçada e espontânea que não importa muito o enredo. O anime resgata o finado PC-98, um computador pessoal japonês de mais sucesso regional até o Windows esmagar a concorrência.


# Um Convidado Bem Trapalhão

Caloni, 2023-11-20 cinema movies [up] [copy]

Assistir ao The Party, uma comédia dos anos 60, deu aquela sensação de já ter visto esse filme. Eu não tenho certeza. O ponto é que alguns clássicos deixam na nossa retina impressões tão memoráveis que as próximas gerações copiam, ou são inspiradas de alguma forma. A questão é que mesmo não tendo visto de fato exatamente este filme, por ele ser antigo e tantas vezes visto e usado como referência, você pode ter captado fragmentos que reencarnaram em outros filmes sem relação alguma. Esse ano mesmo vi um filme na Mostra de SP que brincava com impressões não ideais em uma festa de casamento. A referência cinematográfica é algo que atravessa gerações e gêneros.

E este é um filme que representa bem o que quer que seja a definição de festa, em suas múltiplas camadas. Temos o começo e a sensação de não pertencer àquele ambiente, não saber o que dizer para aquelas pessoas. Não saber o que fazer quando te olham. Peter Sellers brilha nesse momento, ao construir de maneira icônica o que o diretor e roteirista Blake Edwards idealizou. É fácil se identificar com o personagem de Sellers, mesmo não sendo um indiano em meio a ricaços e celebridades americanas alheias ao seu desconforto. De uma maneira muito peculiar o humor está lá. É sutil o suficiente para nos fazer lembrar dos nossos próprios momentos de vergonha social. Ou pelo menos imaginarmos isso.

Depois o filme escala e vai se tornando maior que ele próprio. Você só percebe isso quando um elefante entra na sala de estar. É uma loucura a imaginação que este filme impulsiona. E tudo se mantém ainda dentro da proposta. Nunca o filme nos perde de vista. Ele apenas adora sua proposta e vai avançando. Nós vamos atrás. Sem dizer o clichê “a vida é uma festa” The Party faz melhor: ele cria sua própria festa para imprimir essa sensação nas nossas memórias. Não à toa penso já tê-lo visto. Nem que fosse em vidas passadas.


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