Está é uma sucinta e viciante ONA (Original Net Animation) dos Studios Trigger, os mesmos dos instigantes Kill La Kill e Space Patrol Luluco. Ela vicia por ser curta e não ser repetitiva. Lembra um pouco os devaneios de trabalhos experimentais como Kung Fury, mas com coesão e sem apelar para as memórias populares do trash. É uma história simples com profundidade criativa sem se preocupar em ferir mentes e gostos. Foi um dos 30 animes banidos recentemente da China, o que apenas aumenta seu status.
Seus traços remetem a comics norte-americanos como Tex e não está preso ao Japão. É uma história universal sem aparente sentido sobre bem e mal, justiça e liberdade. Em suas aventuras desvairadas e imorais encontra-se uma raiz niilista e ao mesmo tempo significativa de uma busca incessante por algo que valha a pena lutar. Seu sacrifício final é a fagulha de um bem acima de leis e acima de papéis prontos de vitimas, bandidos e mocinho.
# Magical Girl Ore (Mahou Shoujo Ore)
Caloni, 2021-04-04 cinema animes [up] [copy]Meninas mágicas peitudas é o que elas são, mas nos peitos há apenas músculo. São meninas-macho quando se transformam para defender o mundo desses demônios com forma de bichinhos de pelúcia igualmente musculosos. Alguma mensagem oculta sobre transformistas? Alguma bandeira colorida? Não, nada disso. Apenas o trash diário japonês esbanjando criatividade, por mais que o desenvolvimento seja apressado.
Esta série é hilária em alguns momentos, mas segue uma historinha básica que precisa acompanhar para ver as partes boas. A animação é bem clichê com alguns toques pseudo-realistas, com o uso de armas e força física nas lutas e o sangue no seu final.
De qualquer forma o amor como combustível das Maho Shojo é bem mal desenvolvido. Assista pelas risadas, mas não analise demais. Não há nada realmente revolucionário acontecendo. A não ser que haja reviravoltas dignas do primeiro episódio
# Saekano How to Raise a Boring Girlfrield (Saenai heroine no sodatekata)
Caloni, 2021-04-04 cinema animes [up] [copy]Juntaram memórias afetivas e de uma equipe de criação de um jogo erótico em um anime, e os closes sensuais junto dos diálogos atravessados de personagens que nunca foram apresentados é um caos chato de acompanhar. Não há substância que junte essas cenas em um subtexto, uma trama, qualquer coisa.
# Science Fell in Love, So I Tried to Prove It
Caloni, 2021-04-04 cinema animes [up] [copy]Este é um Cells At Work para o método científico. Você irá aprender neste anime alguns conceitos fundamentais que faz com que a ciência avance. E tudo gira em torno de um casal de cientistas apaixonados.
Ela declara estar apaixonada por ele. Ela diz: é amor. Ele responde: então prove.
Science Fell in Love tem muito pouco de trama, mas muita criatividade para inserir os elementos que pretende ensinar na historinha. Hipótese Nula, Normalização de Dados, Problema do Caixeiro Viajante... enquanto você assiste você aprende ou pelo menos relembra algumas dessas idéias que movem o mundo do conhecimento.
E ao mesmo tempo se mantém pensando: é possível definir e medir o amor?
# Space Patrol Luluco (Uchuu Patrol Luluco)
Caloni, 2021-04-04 cinema animes [up] [copy]A inventividade do nonsense nesta animação com vários conceitos artísticos que fogem do lugar comum, como mesclar fotos de lugares reais com as personagens do anime ou o uso de uma câmera frenética que lembra muito a falta de limites em Kill La Kill. A história é pano de fundo para o absurdo. As possibilidades de uma cidade japonesa onde terráqueos e aliens convivem são ilimitadas, mas em Uchu Patrol Luluco ainda existe um estilo de desenho cartoon que eleva mais ainda as fichas. Curto e simples de acompanhar.
Um anime sobre trabalho. Ela chega no escritório e conhece outros que trabalham. Que legal, todo mundo trabalha. Algumas curiosidades sobre pessoas que trabalham em escritório na frente do computador, mais algumas curiosidades sobre quem está no seu primeiro dia de trabalho. Nenhuma tensão no S01E01. Não há piadas de verdade ou dramas reais. E apenas mulheres trabalham neste andar. Falta de diversidade completa.
História baseada em fatos registrados sobre a fuga de dois judeus eslovenos do campo de concentração nazista mais famoso, em O Protocolo Auschwitz a chave é a direção sóbria de Peter Bebjak que entrega uma visão fatalista, claro, pois todos sabemos o desfecho geral da segunda guerra, mas ao mesmo tempo realista. E não estamos falando daquele realismo dramático. A câmera de Bebjak acompanha esses dois heróis e seus companheiros pelo pesadelo de olhos abertos que essas pessoas viveram nesses duros dias de um passado que vai se tornando cada vez mais apagado na memória do povo.
Para atingir esse efeito não existe música durante boa parte do filme. A trilha sonora só começa a comentar o drama quando voltamos ao mundo civilizado e existe espaço para algum lazer, nem que seja ter alguns coisa familiar para comer.
Acompanhando os poucos tons de uma história brutal, a fotografia de Martin Ziaran se limita a esboçar tons de vermelho que surgem de maneira sobrenatural sobre os personagens. É como se eles literalmente estivessem em uma versão do inferno na Terra. E, assim como a música, isso só muda no terceiro ato. Mas muda do vermelho infernal para o melancólico, desesperançoso, cínico, frio e conveniente azul. E mais uma vez o espectador não vai se surpreender, pois esta é uma história sem final feliz.
A parte mais linda, embora manjada, são as microtransiçōes entre cenas. Em um dado momento um prisioneiro é torturado com chicotadas. Enquanto o capataz executa a violência há um rápido avanço no tempo e vemos ele efetuar o mesmo movimento para presos enterrados até o pescoço. Ele esmaga o crânio de um deles. A mensagem é clara: uma vez que a violência atinge um certo limite o discernimento entre os tipos de dor e sofrimento vira uma questão de gosto do torturador, que usa sua ferramenta de controle mecanicamente.
É importante ressaltar que o final anticlimático não foge do tema inicial, pois os nazistas aqui não são retratados com aquela caricatura de sádicos sedentos por sangue. No mesmo ritmo da diplomacia dos aliados, da burocracia dos americanos e da fuga conveniente da mídia, os alemães estão apenas dançando no ritmo que lhes foi imposto. E o único ponto condenável ou discutível do filme é tornar algumas cenas consideravelmente lindas. A estética dos enquadramentos e das sombras evoca momentos enquadráveis daquele universo arredio. Curioso de se ver, bonito como cinema. Mas condenável do mesmo jeito.
Você talvez esteja se perguntando por que mostrar mais do mesmo, já que filmes retratando o holocausto foram lançados ad nauseam. É verdade. Porém, cada novo filme lança uma luz à realidade vigente. E a realidade da vez é acreditar que a história se repetirá em breve com outras minorias, ou até novamente com os judeus. Durante os créditos finais ouve-se diversas falas imbecis, ou ditas por imbecis ao redor do mundo. Pessoas defendem a teoria que essas falas sejam discurso de ódio, e portanto sujeito a censura. E por isso mais um filme sobre holocausto nunca é apenas um filme sobre holocausto. Está embutido com ideologia política e documentando nossa... curiosa época. Nisso, sim, podemos dizer que é mais do mesmo.
# Recovery of an Mmo Junkie (Netojuu no susume)
Caloni, 2021-04-10 cinema animes [up] [copy]Esta série parece bem famosa pelo número de dublagens no Crunchyroll. Ela é fofinha e super-convencional. É sobre uma NEET (vagabunda) que gosta de jogos de MMO (RPG virtual de galera). Então ela conhece uma personagem e vivem flertes virtuais. Ao final do primeiro episódio eles se encontram no mundo real de passagem e um pouco de humor se revela neste anime de reaction e pouca complexidade.
# Sobre Amor. Somente Para Adultos
Caloni, 2021-04-12 cinemaqui cinema movies [up] [copy]Sobre Amor. Somente para Adultos. Um passeio bacaninha por alguns relacionamentos que parecem diferentões (não são) enquanto John Malkovich conduz sua palestra em Moscou sobre como a crescente enxurrada de divórcios ao redor do mundo, que só aumentam a cada ano, e o que fazer para manter o amor. Ah, esse amor idealizado. O amor é de fato hoje em dia essa coisa fluida profetizada por um sociólogo famoso cujo nome não lembro, mas vou pesquisar depois. Zygmunt Bauman. Essa internet decepciona menos os seres humanos do que sua busca por amor.
Apesar de flertar com amor livre, esse filme dirigido e escrito a várias mãos flerta com a pegada libertária de algumas séries de streaming como Easy, Modern Love, Wanderlust, entre outros. Porém, sua abordagem é mais popular, menos agressiva. Tem uma edição datada. As histórias do filme são cômicas de propósito, para trazer essa leveza. Sempre há um número musical de um artista famoso tocando, o artista faz uma participação video-clipe e a mesma montagem de divisão de tela acontece. A letra da música é genérica, mas fala de amor.
Amor, sexo, casamento, traição, insegurança. O centro do filme é a palestra de Malkovich lançando seu livro sobre o assunto. No começo você não sabe se é um documentário misturado com ficção, mas aos poucos descobre ser uma ficção que une narrativas em torno do mesmo tema. Um Simplesmente Amor menos profundo, mais solto, sem pretensão nenhuma de querer chegar em algum lugar. Este filme está tão perdido quando qualquer relacionamento moderno.
E moderno é o que ele tenta ser, juntando efeitos digitais caseiros com montagens e colagens. Só que ele é tão 2017... nem existia o Tik Tok ainda. Já soa tão datado e bobinho. As coisas mudam tão rápido que filmes como esse além de esquecíveis têm prazo de validade. Mas tem uma curiosidade, ainda que passageira: John Malkovich sendo dublado em cima por um narrador russo. E, a cereja do bolo: a palestra acaba, Malkovich sai do palco, e acompanhamos sua vida íntima. E o narrador continua dublando suas falas. E de sua esposa. E de sua amante.
O subtítulo Somente Para Adultos é um chamariz enganoso. Não há cenas picantes, sequer eróticas. É apenas uma forma de avisar os desavisados que poderão existir temas mais "sensíveis" como swing e relacionamentos abertos. Situações, enfim, ainda bem novas e polêmicas para o povão, que demorará algumas gerações para se deteriorar no nirvana de Bauman, o profeta que reza sobre uma sociedade que não mais se encontrará no outro, pois o outro vira apenas mais um item de prateleira de supermercado.
# Gokushufudo (The Way of the Househusband)
Caloni, 2021-04-25 cinema animes [up] [copy]Este curto anime discorre sobre episódios na vida de um ex-Yakuza que agora é dono de casa, mas leva sua rotina tão ou mais a sério do que sua vida de crimes. Ele cozinha bem e administra as compras de casa. O plot é que sem querer ele consegue se desviar dos personagens que tentam fazê-lo voltar aos velhos tempos, e a comicidade está no absurdo das situações.
Os traços são estilizados como um web comic cheio de textura, cores e sombras. E não à toa, já que a animação é feita direto na edição e movimentação da arte estática, com poucos quadros desenhados, mas com uma estética que conseguimos admirar pelo menos por alguns segundos.
O caráter surreal do plot às vezes não se encaixa tão bem. É uma história apressada e episódica. O gato da casa também participa em momentos pontuais. Não está claro como o roteiro se desenvolve acima do protagonista repetindo que é um dono de casa, e por ser produção associada com a Netflix duvido que a coisa avance mais do que isso. Eles querem sequestrar a atenção do espectador para sempre. Mas dá para assistir 16 minutos de um anime engraçado, irreverente e ligeiramente trash de vez em quando para sempre.
Este anime possui traços que lembram aqueles desenhos feitos à mão da década de 80, mas está sendo lançado nesta década, o que é tão fofinho quanto os traços completamente diferentes mas com a mesma vibe de Kobayashi Dragon's Maid de evocar o melhor de uma época e aproveitar as evoluções tecnológicas de animação.
A história é o clichê épico da menina com um sonho prestes a ser iniciado: se tornar uma bruxa como seu ídolo, uma bruxinha que fez um espetáculo quando ela era pequena. Hoje ela volta ao mesmo vilarejo e observa que seus habitantes perderam o contato com a magia, estão zumbis da tecnologia e dos afazeres cotidianos.
Mas Akko Kagari não desiste e parte para sua descoberta de um mundo ignorado pelos não-bruxos. E se isso lembra um pouco Harry Potter, a criação de um universo de magia pela romancista britânica J. K. Rowling, você está certo. E Little Witch Academy não ignora isso. Ele passa educadamente de lado, não querendo se comparar nem subverter. Ambos apenas compartilham a riqueza potencial da criação quando se abre o portal para uma escola de magia.
Trazendo a novata para este mundo através de uma trilha épica com momentos extasiantes logo no primeiro episódio, o estúdio responsável por obras de peso na animação como Kill La Kill, Space Patrol Luluco e Inferno Cop não faz feio e nos introduz todos os conceitos que serão usados para desenvolver esta história em breves momentos e detalhes enquanto a ação desenfreada e hilária dá continuidade.
É de se admirar que mesmo usando o cacoete de personagem cômica representada em Akko, Luluco e o alívio cômico de Kill La Kill surgem três personagens notadamente únicas em personalidade, embora detentoras da mesma energia de realização. O mundo assiste alheio às intempéries dessas heroínas modernas e nós nos divertimos com tamanha inventividade e desejo ingênuo de que tudo dê certo no final. E o roteiro nunca pega leve com essas personagens. E diferente dos berros animalescos dos artistas militantes pela representatividade, é por isso que elas valem cada traço de sua verdadeiramente empoderada animação.
Interessante notar a coesão dos universos criados pela Trigger. Em Little Witch Academia existe assim como em Luluco e Kill la Kill as threads que conectam a todos nós e a diferentes mundos. As meninas usam uma espécie de portal para chegar na escola de magia formado por diferentes raios com o mesmo formato e tom dos feitiços das bruxas (e da pedra mágica verde que lhes dá toda magia). Em Kill la Kill é desnecessário até dizer, pois é a síntese daquele mundo ordenado através dos poderes que emanam dos tecidos com que as roupas são feitas. E em Luluco existe a viagem interdimensional. O curioso é o quão simples e genial é essa união de conceitos através de diferentes universos de criação, pois nem é preciso verbalizar para entendermos que uma aventura que se passa em um mundo animado com certeza está conectado com nosso mundo, seja pelas diferentes linhas que irão desenhá-lo ou mesmo pelas diferentes visões de mundo que acabam de uma forma ou de outra se conectando pela arte.
A segunda temporada parece ter começado com gestão Netflix: criaturas mágicas vestindo vermelho e de greve, professora moderna de cabelo curto administrando uma crise de energia, e um roteiro relativamente preguiçoso. Porém, no final há uma reviravolta e pode ser que seja apenas impressão.