# A Ilusão Viaja de Trem
Caloni, 2021-03-03 cinema movies [up] [copy]Esta comédia leve da década de 50 é parte da longa e produtiva filmografia do cineasta Luis Bunuel na época que morava no México e fazia até três filmes por ano. Não é um filme de grande expressão, mas está na lista dos 100 filmes mais importantes produzidos no México, embora em uma das últimas posições.
Apesar de um diretor surrealista a história é até bem certinha. Ela apenas contesta com sutileza e graça a ordenação burguesa que os cineastas de esquerda tanto temiam na época (e durante todo o sempre). Faz parte também do movimento surreal contestar e até atacar a racionalidade, buscando uma fuga para nosso inconsciente, que seria a forma mais pura de se relacionar com a existência humana.
Aqui os protagonistas roubam um bonde que seria levado para desmonte e dão caronas incidentais para trabalhadores em trânsito e alunos em excursão. Há momentos episódicos também que complementam a cartilha artística de Bunuel, como uma peça sobre religião narrando Gênesis (com o mesmo trio de atores principais) e comerciantes escondendo alimentos por medo da população faminta e desesperada em uma economia em franco declínio. Eles escondem milho, mas o bonde dá carona a trabalhadores do matadouro que presenteiam uns aos outros com pedaços de carne como se não houvesse todo esse desespero retratado logo depois. Vai entender.
A voluptuosa Lilia Prado está no filme junto de duas presenças ilustres, Carlos Navarro e Fernando Soto. Esse trio fez mais de uma centena de filmes cada na vida. São divertidos sem ser memoráveis. Lembram estereótipos marcantes do cinema de Hollywood sem serem marcantes por si próprios. Exceto pelas curvas de Lilia Prado. Estas são até citadas nas notas de produção do DVD.
O bonde passeia pelo que era a Cidade do México 70 anos atrás e o filme se torna o registro histórico de uma época inocente. É até pertinente que esse registro esteja em um filme de um movimento que é uma reação ao aumento absurdo de complexidade na vida moderna. Há o progresso, mas ele ainda é tímido comparado pelo que estava por vir.
# A Teta Assustada
Caloni, 2021-03-03 cinema movies [up] [copy]Existe uma teta. E ela é assustada. O impacto do terror no passado da história do Peru faz a teta ficar assim. Sim, são muitos trocadilhos para nossa mente interior de quinta série lidar. Mas fica pior: a moça tem uma batata na ppk.
Este filme é muito bem conduzido apesar de todos esses trocadilhos porque possui um monte de mulheres em torno da direção, roteiro e produção. Seria impossível fazer este filme com muitos homens no set. Eles tentaram, mas todos acabaram rolando de rir e desistiram do emprego.
A dona da teta, ops, as tetas, é Fausta, uma moça que acabou de perder a mãe e tem que ficar aguentando o diagnóstico do médico de que uma batata na ppk pode gerar efeitos colaterais graves. Ela é interpretada por Magaly Solier de maneira simplória: é uma cara assustada, não uma teta, e pronto. Minimalista, diriam alguns. Limitada, outros. Para mim, fica no meio do caminho. É difícil enxergar mais alguma coisa na atriz exceto essa cara nervosa que as feministas deste século costumam exibir.
No meio do filme a melhor parte são as festas e costumes da época. Acompanhamos um casamento coletivo na região com algumas festinhas e uma invenção chamada "buffet móvel". A ideia é oferecer o pouco de comida que os anfitriões podem compartilhar e sumir logo com a mesa. Enquanto a teta vai tentando ganhar um dinheirinho para enterrar a mãe em seu vilarejo acompanhamos todo esse registro cultural com muito mais curiosidade.
As imagens são ricas, bem filmadas e fotografadas. Filme de arte, diriam alguns recém-formados em crítica artística. Um filme feito para crítico gostar, diria eu. Mas por detrás de tantas virtudes técnicas existe alguém que sabe o que está fazendo.
Este alguém é a diretora Claudia Llosa, muito melhor que a roteirista Claudia Llosa. O roteiro é comprado da biblioteca de cartilhas sociais, mas a direção é virtuosa, pega em nossa mão com uma narrativa fluida, hipnotizante. Quase não há falhas no controle da história por Llosa. É um filme para absorvermos cinema.
Enquanto isso a tetinha segue sua via crucis, servindo de exemplo dos tempos terríveis das gerações passadas, tempos de fome e violência. Para os homens, o título do filme é o humor em drama de gente de arte que merece ser visto.
# Kiss Him Not Me (aka Watashi ga Motete Dousunda)
Caloni, 2021-03-03 cinema animes cinema series [up] [copy]Kae Serinuma é gorda e mantém uma rede de amigos lindos e perfeitos no segundo ano do colégio. O motivo: ela shipa secretamente os meninos. Otaku como sua amiga, juntas elas vivem esse mundo de amores 2D, mas Kae é mais podreira e não se vê namorando.
Mas tudo muda quando ela fica uma semana em seu quarto, emagrece e se torna linda. Agora ela vai ter que lidar com a perseguição de todos esses garotos lindos que não deseja beijar, mas que beijem uns aos outros.
Kiss Him Not Me é daquele anime com um tema bem específico e uma sensibilidade nos detalhes. É uma comédia sobre o que se passa na cabeça dessa menina adentrando em um círculo social enquanto ela precisa resistir à tentação de ser uma freak aos olhos dos garotos. Mas como resistir a tantos belos espécimes de testosterona sem imaginá-los como casais perfeitos (não necessariamente gays)? Este é o drama dos reclusos em formato colorido e fofinho.
# Ao-chan Can't Study
Caloni, 2021-03-07 cinema animes cinema series [up] [copy]O pai dela é um famoso escritor de livros eróticos e seu próprio nome foi escolhido pelas iniciais das palavras amor e orgia. Disposta a quebrar essa "tradição" na família ela decide se dedicar totalmente ao colégio e aos estudos para fazer uma faculdade bem distante de seu pai.
Ao-chan é o símbolo da repulsa feminina ao instinto libidinoso de todos os homens, que nos leva a falar, agir e imaginar a todo momento formas de enfiar nosso membro genital no buraco disponível mais próximo.
Essa curta animação contém traços e cores leves e deixa tudo no meio termo. Seus cortes são ágeis e viajam pelos pensamentos de uma heroína que apenas deseja que o único garoto popular da escola a deixasse em paz. E ele declara seu amor no primeiro episódio.
Um anime sobre os receios femininos na adolescência e a viagem mental desses pensamentos através da visão de uma garota sobre o que ela acha que os meninos pensam quando olham para ela. Não estaria tão acostumada em casa a enxergar a realidade sob esse prisma que seu preconceito a respeito dos homens é exagerado?
Este conteúdo anti-neo-feminismo é muito bem-vindo em uma época cheia de certezas que se baseiam apenas no achismo de pessoas supostamente bem intencionadas, mas que no fundo corroem qualquer fio de comunicação entre os gêneros, e negam aos seres humanos (pelo menos os masculinos) qualquer usufruto de nossos sentidos eróticos.
# Polícia, Adjetivo
Caloni, 2021-03-07 cinema movies [up] [copy]Cinema romeno nunca me desaponta. Nesse acompanhamos a rotina de um investigador de polícia vigiando três jovens que fumam maconha. No país ainda é crime consumir. O policial não quer fazer o flagrante para não ficar com a prisão de um jovem na sua consciência e porque "a lei logo vai mudar, na Europa inteira já não é assim". Sua rotina é monótona de propósito. O filme pede para observarmos seu ritmo de trabalho. É impecável. Quanto menos a história nos conta, focada apenas no ponto de vista do policial, mais ela nos dá a liberdade de refletir sobre o sistema.
No final há um embate dialético de levantar e aplaudir. É tenso e ao usar esse adjetivo me faz ter vergonha de adorar este filme que a grande maioria dos espectadores deve achar um porre. Não consigo evitar. É demais para meu intelecto cansado de ser bombardeado de clichês no cinema medíocre e esquemão de todos os dias. Isso aqui é novo: faz pensar. Não te dá opiniões prontas. Você pode assistir com opinião formada, mas se ver até o final vai te balançar pelo menos um pouco. Se pensar a respeito, claro.
Dragos Bucur entrega uma performance autocentrada na figura de uma função burocrática que representa a lei e que age como um autômato em busca de respostas que lhe impeçam de fazer o que a lei determina. Seu olhar cabisbaixo e introspectivo revela mais quando ele interage no escritório com seus colegas. Os diálogos com sua esposa revelam um nível intelectual inesperado e fútil.
O universo onde se passa essa história é surreal e ao mesmo tempo não dá para ser mais realista que isso. É inconcebível que este filme tenha sido produzido e chegado aos cinemas, mesmo que seja fisgado por organizadores de festivais por uma suposta mensagem social.
Mas fico grato que outras pessoas tenham enxergado o mesmo que eu: ele é fascinante ao percorrer um caminho anticlimático e correto do começo ao fim. São quase duas horas em que quase nada acontece. Mas é um nada delicioso de acompanhar. Somos transportados para a rotina insuportável de outra pessoa. E obrigado por esses momentos.
# Amarelo Manga
Caloni, 2021-03-13 cinema movies [up] [copy]Nunca vi um filme inspirador que se passa no Recife. Tudo de ruim acontece naquela cidade. As pessoas não prestam e a miséria material e espiritual impera. É o inferno no Nordeste. Por isso o povo de artes adora fazer filmes sobre a cidade. Universitários adoram a pobreza glamurizada. É um mundo diferente para eles. Rola até uma estilizada na fotografia.
Aliás, esse filme de Cláudio Assis está lindamente fotografado pela autoridade no assunto Walter de Carvalho, o que cria um filme sobre a podridão humana em um filtro invejável, com tons quentes que remetem ao realismo ao mesmo tempo que as luzes do palco de um teatro. Não contente com isso os grãos usados na película são grossos, o que remete a uma realidade árida e ardida para os habitantes da capital do inferno.
O filme começa com um nu parcial da deliciosa Leona Cavalli (Contra Todos), a dona de um bar que todos os dias precisa se defender das mãos bobas e da conversinha pra boi dormir de seus clientes predominantemente homens. Mas ela faz questão de usar apenas um vestidinho sem nada por baixo. Vai entender. Eu só admiro.
Do outro lado da cidade temos Kika, a crente vivida pela igualmente deliciosa Dira Paes (O Casamento de Louise) e que não suporta a ideia de traição. Não preciso falar o que seu marido, apelidado de Canibal, anda aprontando nas vizinhanças.
E no centro da cidade temos o decadente Hotel Texas, o nome de um dos curtas premiados do diretor em festivais de filmes de arte de gente que gosta de pobre estilizado com poesia. Lá o dono é um português e o empregado com mais destaque é uma bicha, que será a origem de toda a desgraça, drama e transformação que irá acontecer na vida dessas pessoas.
Uma coletânea de momentos soberbamente dirigidos, montados e editados, Amarelo Manga nunca peca pelos seus detalhes técnicos. Sua equipe domina a arte cinematográfica. Seu elenco é afiado em protagonizar pontas onde capricha no sotaque e nas falas teatrais. Tudo isso cria uma antologia impecável, embora sem alma.
Falta conclusão nesse emaranhado de personagens e situações. E diferente de Pulp Fiction, que tem um tema e atmosfera para desenvolvê-lo, Amarelo Manga tem a virtude da narrativa sem saber muito bem o que quer desenvolver até seu final. Acaba não indo muito a fundo em nada. Vira uma curiosidade divertida e esquecível de estereótipos dançando ao sabor da edição e de uma trilha sonora característica, bem escolhida. Virtuosa.
Mas já vimos que os problemas do filme nunca são técnicos, mas do que fazer com tanto talento.
# O Casamento de Louise
Caloni, 2021-03-13 cinema movies [up] [copy]Uma comédia brasileira pós-retomada e virada do milênio. Estreia da diretora Betse de Paula, é uma produção barata que passou no crivo dos incentivos fiscais da época. Seu elenco enxuto e argumentação com cenários facilmente adaptáveis para locações práticas (como uma casa) dão lugar para a comédia de diálogo e situações que se cruzam.
A história tenta cruzar a história de vida de Louise e sua empregada Luisa, que nasceram no mesmo ano e cidade e compartilham a história de Brasília. Ambas gostariam que o horóscopo do dia para o signo que compartilham fosse verdade e que encontrassem seu príncipe encantado. Isso se materializa em um maestro sueco, mais um estereótipo para se juntar nessa feijoada de clichês. Logo você percebe as viradas do roteiro e apenas aguarda seu desfecho e algumas piadas.
As atuações são melhores do que o filme e seguram bem uma direção pragmática, que vai ensaiando, filmando e editando em pequenos passos. O conteúdo digitalizado na hora permite que Betse vá assistindo seu filme se completando e enxergue rapidamente o que precisa acrescentar ou tirar. É uma cozinha prática se sobrepondo à complexa teoria das produções hollywoodianas.
Estamos em uma época com péssima edição se som na indústria nacional, mesmo em locações sob total controle, mas essa não é tão ruim, exceto pelos números musicais. Pena que há muitos. Mais que o desejado
As crianças são insuportáveis de propósito? Parece que escolheram os filhos de alguém da equipe para dizer falas engraçadinhas. É o alívio cômico barato e conveniente.
Os caminhos traçados no roteiro mudam de rumo ao bel prazer de uma comédia romântica que tem o imperativo que tudo no final dê certo e que todos formem seus casaizinhos.
Os créditos finais são igualmente engraçados. Mostram até as empresas que forneceram transporte à equipe. É o jabá barato e póstumo. Fruto das vacas magras no cinema nacional.
# Obsolete
Caloni, 2021-03-13 cinema animes cinema series [up] [copy]Bem bacana a animação. O traço dos desenhos lembra aqueles esboços dos desenhistas antes da arte final, o que muitas vezes é melhor que a arte final, pois permite ao espectador viajar mais nos conceitos de maneira abstrata, livre. A coloração para a noite do E01 mantém uma textura magnética, estilizada e impressionante do primeiro ao último minuto. O uso de poucos frames em cenas mais calmas nos dá um ar contemplativo do que está por vir, e mais uma vez é uma abstração mais livre que torna a narrativa mais poderosa. A única coisa amadora é a trilha sonora, escolhida de um banco de dados de músicas para obras de guerra e ação. O futurismo do próximo ano de 2023 é aceitável para os fãs de verossimilança, mesmo que a geopolítica seja um mero desejo de conflitos na floresta sem conexão com qualquer situação eminente na vida real.
# Say I Love You (aka Suki-tte Ii na yo)
Caloni, 2021-03-13 cinema animes cinema series [up] [copy]Traços expressivos e uma produção estilizada que chama a atenção para si pela edição, música e montagem formatam esta série como um trabalho denso sobre as profundezas de um trauma infantil. Mei não tem amigos por causa de um desses traumas do passado e chega à adolescência como uma garota quieta e isolada. Vista como maluca e antipática pelos colegas, ela chama atenção obviamente do cara mais popular da escola, pois caras populares estão cansados de rostinhos lindos lhe dando bola. Eles trocam números e forças do destino os fazem se beijar no primeiro episódio. "E agora?". Um anime sobre quando a vida volta a acontecer para quem já tinha perdido as esperanças na véspera.
Esta é uma série das mais sensíveis, que escancara as vicissitudes dos mais frágeis psicologicamente e com isso constrói uma ponte de empatia com qualquer um que já tenha sofrido por amor.
A cada episódio a série amadurece um pouco mais, trazendo à tona os problemas reais que poderiam derivar de uma relação entre o garoto mais lindo e popular da escola e uma garota desconfiada e fragilizada pelos traumas da infância. Mei é uma jóia ainda na pedra, e por isso sua beleza externa não faz justiça aos seus sentimentos mais nobres. Portanto a série vai criando situações onde conseguimos ver que existe um ser humano completo do lado de dentro que só aparece para o mundo quando necessário.
# Nostalgia
Caloni, 2021-03-14 cinema movies [up] [copy]Pedir para um ser humano médio ler algum autor russo já é maldade. Para um ocidental é como se houvesse algo místico inalcançável. Para um oriental há uma narrativa obrigatoriamente enfadonha.
Nos mesmos moldes, dizer para um espectador médio de cinema que se ele quiser transcender na cinefilia ele precisa assistir às obras de Andrei Tarkovsky já não é nem maldade: é tortura pura.
Mas é verdade. Cineasta russo da época soviética, seu pai ou avô foi um famoso poeta e seu filho agora segue os passos do pai (um documentário sobre Andrei de sua autoria passou na Mostra de SP de 2019). O diretor de Solaris, Stalker, entre outros, não é apenas um habilidoso cineasta fora do circuito narrativo convencional: ele é um dos poucos poetas da sétima arte que figura entre os grandes.
Suas obras são imensas pérolas intimistas e pessoais que ganham a universalidade quase que por mágica.
Olhe Nostalgia, por exemplo. É um filme 100% sobre o período de vida do diretor em que ele se muda para a Itália e sente saudades de casa. Mas ele não é português para saber o que são saudades. Então ele filma um longa de mais de duas horas sobre a dor de ser um criador perdido em suas memórias do passado, sem certeza do que fazer de sua vida. Termina com mais uma obra-prima cheia de momentos icônicos do Cinema.
Mas verdade há de ser dita, o cineasta não é acessível. Seus filmes não são historinhas que dá para acompanhar em uma sessão pipoca. A história começa despretensiosa e meio solta, mas se você prestar atenção demais vai ter seus sentidos sequestrados e não vai conseguir mais voltar a ser normal. Você anseia por respostas? Não. Você não sente mais a necessidade delas, pois o caminho já é interessante por si só.
Criador de quadros e sequências que lembram pinturas do impressionismo, Tarkovsky realiza aqui uma obra menor com momentos maiores. Uma mescla mais coesa talvez fosse desejável? Não sei. Do jeito que está já é arrebatador, embora sonolento. Talvez uma versão "tudo explicadinho", como a juventude YouTube gosta hoje em dia, colocaria suas virtudes em segundo plano e suas fraquezas como o assunto do filme.
Assim como o sentimento de nostalgia, quando temos certeza, assim como o personagem de Meia-Noite em Paris, que a época não mais vivida (ou nunca vivida) é a melhor de todas, talvez seja o sentimento sobre o passado seu grande valor, e não o passado tal como realmente foi.
Para esta receita usar uma lata de milho em conserva como base de 200g. Ligue o forno a 200 graus, unte uma forma com manteiga e farinha de milho e quebre três ovos dentro do liquificador. Em seguida adicione a lata de milho e na mesma lata encha metade de óleo e jogue novamente. Depois adicione de 3/4 a uma lata de açúcar; nessa parte pode ser mais ou menos; pode ser até 1/2 na real, mas nesse caso acrescente uma pitada de sal para realçar o sabor. Bata bem, para que triture bem o milho e misture com os outros ingredientes. Em seguida adicione de uma lata de farinha de milho até uma lata e 1/4; a farinha pode ser fubá, milharina, fubarina, qualquer farinha de milho à disposição, embora a receita original use um fubá mais grosso como fubarina. A seguir coloque uma lata de leite; aqui é outra hora em que você pode escolher trocar seu leite por leite de coco ou outros leites, adicionar um pouco de coco ralado, etc. Porém, mantenha a quantidade em uma lata. Bata novamente, só que bem mais rápido, só para misturar os ingredientes mesmo. Enquanto está batendo ainda jogue uma colher de sopa de fermento químico.
# A Cor da Romã
Caloni, 2021-03-27 cinema movies [up] [copy]Sentimentos de viagem no tempo, para a época medieval. Um clima místico, transcendental. Ligado à arte e ao espírito do tempo, respiramos um pouco um ar hoje inexistente dessa junção de Oriente e Ocidente, suas identidades e culturas de dor, sofrimento, culpa e expiação. O surrealismo em sua forma mais efetiva: cores, formas, textura. Vida jamais vivida. A experiência do cinema que poucos estão afim de experimentar.
# A Terceira Geração
Caloni, 2021-03-27 cinema movies [up] [copy]Um Fassbinder em sua fase hermética, quando ele se distanciou ainda mais do espectador. O diretor alemão era gay assumido e muitos de seus filmes deixam isso transparecer ao imaginarmos que se trata de um Almodóvar alemão. Este filme é um deles, que mostra terroristas de extrema esquerda na época de um atentado em Berlim. Nenhum dos personagens lembra alguém de verdade, pois isso seria impossível.
A Terceira Geração é tenso porque sabemos ser sobre terrorismo e porque existe uma apresentação de marketing no começo com vários dizeres em como essa vai ser uma história chocante. Isso e também porque as pessoas deixam a TV ligada a todo momento e o som pode ser ouvido todo o filme. É um tenso que se torna irritante que se torna enfadonho.
Não existe drama, ou se existe ninguém percebe, pois não existem pessoas para viver nele. A comédia é de situação e das inevitáveis mortes do final. Há aquele jogo político banal, com muitos diálogos no começo falando sobre filosofia, política e como Schopenhauer era ridículo ao dizer que seres humanos não são menos importantes que uma pedra. A ironia é que alguns seres humanos fazem filmes que faz a gente desejar ser uma pedra.
Sem foco e sem sensibilidade, este é um filme para intelectual elogiar. Então nem tudo está perdido. Apresente este filme para aquela galera estranha que não fala coisa com coisa da Cidade Universitária (foco de jovens "revolucionários" na cidade de São Paulo, Brasil). Cite o cineasta em seu trabalho de conclusão de curso. Será elogiado como quem leva Karl Marx ou Bakunin a sério.
Mas se voltarmos ao filme se nota uma fina camada de dualidade que faz lembrar as diferentes interpretações de Vampiros de Alma ou algo que o valha, aquele filme da década de 50 sobre a ameaça comunista em que não se sabe qual dos lados o filme critica, pois ambos são válidos. Não que Terceira Geração seja tão refinado quanto um trash norte-americano na era do Macartismo, mas pode ser uma versão alternativa da mesma sensação para dar de presente ao alienado da família.
Voltando para a comédia, as partes mais engraçadas são as mortes e é o que você lembra por mais tempo depois do final. Depois é só discussão vazia de boteco, mas com o nível alcoólico alto demais para ser divertido. Hora de tomar a saideira e ir embora.
# Depois da Chuva (aka Koi wa Ameagari no You ni)
Caloni, 2021-03-27 cinema animes cinema series [up] [copy]Que piloto, meus amigos! Um exemplo de episódio. Vamos descobrindo sobre o que é o anime aos poucos. As dores e descobertas do passado conversam com a Akira do presente que não sabe o que será da Tachibana San do futuro.
Por quê? Porque ela era uma jovem colegial cheia de potencial nos esportes e sofre uma lesão em sua perna. Em meio aos pensamentos melancólicos ela acaba em um café para esperar a chuva passar e conhece o gerente de meia-idade do estabelecimento. E se apaixona pela gentileza com que trata uma cliente anônima e que não fez nenhum pedido. E agora ela tenta compreender quais são as virtudes que a fizeram ficar hipnotizada por essa figura patética.
After the Rain é sobre o improvável encontro entre dois mundos. E no caso dos japoneses esta não é uma descrição exagerada. É completamente inapropriado, indesejável e inconcebível que uma linda e atlética jovem se interesse por alguém com mais que o dobro de sua idade, ou pelo menos seria tudo isso se ele retribuísse.
Mas esse estilo de desenho cartunesco, por não ser tão realista, torna o tema mais suave. É mais fácil entrar em uma história inconveniente quando ela parece meramente hipotética em um mundo fora do nosso. Ao mesmo tempo traz a possibilidade de uma ou outra caricatura para exagerar as características de um ou outro personagem mais afetado.
O uso do silêncio também é recompensado, seja na música ou nos sons. Quando a chuva anunciada em um momento que não sabemos ser do passado ou presente de inicia e não existe mais fala para nos situar no tempo e espaço fica mais claro que esta é uma narrativa rebuscada, que pede o mínimo de atenção do espectador para que ele perceba as recompensas nos detalhes sutis e delicados.
# Meninos de Deus
Caloni, 2021-03-27 cinema movies [up] [copy]Este filme de 2002 ainda cheira a anos 90. O padre interpretado por Vincent D'Onofrio fuma em plena igreja e não lembra em nada um padre, exceto que suas bolas ficam bem presas na presença da Jodie Madre Superiora Foster.
D'Onofrio fez o alienígena mais famoso do primeiro MIB. Era ele que se incomodava quando alguém matava uma barata. Ele é parte de um elenco talentoso deste comercial quase enlatado americano. Está na companhia do irmão de Macaulay Culkin, a própria Jodie Foster (ainda que no automático) e Jena Malone, que é a única que eleva a experiência em algo que lembra mais um drama adolescente, embora o próprio filme não leve isso a sério. O que é bem estranho e incômodo se formos pensar que há incesto e morte na história.
Se aproveitando do formato jovens fazendo besteira e desafiando a autoridade da escola religiosa onde estudam, Meninos de Deus ainda possui a péssima ideia de usar os desenhos de Todd McFarlane como o imaginário desses adolescentes espinhudos, que se unem para desenhar e escrever histórias quase depravadas sobre seus super-heróis como seus alter-egos. O filme vai traçando um paralelo como se houvesse um traço unindo as histórias, mas é apenas uma ideia boba. Distrai, mas não de um jeito bom.
Já a história envolvendo a personagem de Jena Malone (Contato, Jogos Vorazes, Sucker Punch) é a que melhor nos transporta para as incertezas e medos de uma vida sexual que começa de um jeito torto. Malone escolhe o garoto mais bonitinho para compartilhar seus anseios, e todos nós sabemos por quê, menos o garoto. Talvez nem o filme saiba direito por quê, pois traduz os sentimentos adolescentes do ponto de vista de um. Mas não importa. O sorriso de Jena é o suficiente para elevar a sub-trama.
Outro ator talentoso é Kieran Culkin, mais até que seu irmão, o astro-mirim de Esqueceram de Mim. Ele possui o autocontrole de seu sorriso irônico e é bem aproveitado em dois momentos tensos sobre a morte. É o personagem masculino que mais levamos a sério.
A direção de Peter Care é automática demais para deixarmos nossas mentes trabalhando durante o filme. Ele entrega o serviço, mas não é caprichado como seu trabalho em videoclipes. Há algo que incomoda o diretor neste material que tem tudo para ser sensível e profundo, mas que acaba sendo uma história sobre como ignorar os reais problemas da vida nessa fase jovem.
# O Céu de Lisboa
Caloni, 2021-03-27 cinema movies [up] [copy]O filme vai nos embalando logo no começo com uma viagem rápida de carro descendo a Europa que dá errado e gera boas e naturais risadas, mas quando chegamos no destino final a aventura se torna uma grande questão filosófica que envolve a existência da humanidade e de sua arte. Pois é, esta é uma comédia do diretor alemão Wim Wenders (Asas do Desejo, Paris Texas, Pina).
Com um controle absoluto da narrativa, que envolve um mistério a ser resolvido o filme inteiro, eu poderia criticar o roteiro de Wenders pela sua abordagem simplista dos detalhes da história. Quem são aquelas crianças? Qual a relação da banda (real) portuguesa? Eu poderia, mas não vou, porque esse estado caótico vivido pelo amigo do diretor Friedrich Monroe é justamente o que é necessário.
# O Último Beijo
Caloni, 2021-03-27 cinema movies [up] [copy]Um dos últimos grandes, do único dos anos 2000, este drama, comédia e romance italiano trabalha os relacionamentos entre diferentes casais e indivíduos como Hollywood jamais ousaria. Ele é honesto, sincero, realista e por isso mesmo conquista nossos corações e mentes. Simplesmente por falar a verdade. Não há contos de fadas da Disney. Não há histórias sobre injustiça social e feminismo. Nada dessas fábulas modernas do novo milênio constam neste filme que reúne em histórias contemporâneas as vicissitudes que o ser humano passou para manter a estrutura familiar intacta, ou viver de acordo com o que é certo, acima de tudo e de todos. A lei do universo, e do porquê as coisas são como são. Um tapa bem dado nos pós-modernistas e relativistas.
São vários centros de uma única história, mas gira em torno de ter filhos, formar casais, fidelidade e casamento. Também envolve encontrar o eu dentro de nós que com sorte nos dará as respostas que perseguimos mesmo sem saber. Qual a resposta correta para cada um desses desafios da sociedade desde sempre? Não é algo racional e o filme vem nos mostrar como o processo intuitivo é o mais poderoso. Pois vem de antes de sermos gente. A humanidade fez uma tradição por milhares de anos. Seria burrice achar que existe um caminho fácil para tudo isso.
E o filme escrito e dirigido por Gabriele Muccino não evita nada e bate de frente com essas questões que nos faz deixar a mente em parafuso, pensando a todo momento. Não necessariamente defendendo este ou aquele lado. Importa menos se o marido deveria nunca abandonar a esposa com um filho de seis meses, e mais sobre o que faz com que essa situação ocorra na vida de muitos.
O elenco dá um baile, principalmente por causa de uma direção coesa que une diferentes histórias sobre o mesmo arco dramático das relações, mas em particular sempre que contracenam os veteranos Stefania Sandrelli e Luigi Diberti como o casal mais vivido nós sentimos algo mágico sendo construído em tela. São momentos para reviver. São eternos pela naturalidade com que conduzem uma crise. E nem a crise deles é algo fácil de antever onde vai dar.
Não há respostas fáceis no dramalhão que se forma em O Último Beijo e isso é ótimo. Estamos cheios de filmes com respostas fáceis, terceiros atos bem pavimentados e final manjado. Nenhum filme com uma conclusão satisfatória é digno de nota a longo prazo. São meras distrações para pessoas entediadas. Assista um filme difícil como esse, que faz você repensar sua própria vida em meio ao turbilhão de emoções, onde no final você continua sem resposta, e terá visto algo que pode ser revisto sempre que quiser.
# Pão de Queijo Fácil e Rápido
Caloni, 2021-03-27 food cooking blogging [up] [copy]A receita original veio do Instagram de uma queijaria de Poços de Caldas, a Queijaria Real. Nessa receita existem apenas três ingredientes, mas já percebi na primeira vez que fiz que faltou sal. Porém, ela é muito mais simples e rápida que a receita que mantenho de pão de queijo mineiro.
Misture uma caixinha de creme de leite (200 ml), 1 copo de queijo ralado (parmesão ou mussarela ralada) e 1 copo de polvilho (polvilho doce) até soltar das mãos. Pode ir colocando mais polvinho até soltar. Faça bolinhas e coloque em forma untada em forno pré-aquecido "quente" (minha primeira tentativa a 200 graus funcionou bem). Aguarde ficarem levemente douradinhos.
# Tartarugas Podem Voar
Caloni, 2021-03-27 cinema movies [up] [copy]Para quem gosta de filme iraniano na década de 2000 tem essa produção irano-iraquiana que deixa qualquer crítico de cinema molhadinho. Tem guerra, miséria, minas terrestres colocadas pelos americanos malvados. Tem até estupro e suicídio de crianças, além de crianças mutiladas e armadas. É o pacote completo. Aquele foi um ano de muito amor para a crítica.
Este filme possui uma atmosfera épica, mas sua história é conduzida primordialmente por crianças. Satélite é uma delas, o manda-chuva de uma renca de moleques maltrapilhos dos desertos entre a fronteira do Iraque e Irã. Ele sabe configurar antenas para que o vilarejo consiga acompanhar as notícias sobre a guerra e sabe uma palavra ou outra de inglês, o que o torna por comparação o poliglota e engenheiro daquele lugar esquecido por Deus. É tocante e revoltante acompanhar ele e sua trupe, pois ele resolve tudo, faz tudo. Não parece haver ninguém mais capaz por perto para dividir o fardo deste jovem. Porém, justamente por isso ele se torna um líder natural e carismático, criando um paralelo com a função do ditador Saddam Hussein, caçado pelas forças americanas e motivo oficial do início de mais uma guerra na região do Oriente Médio.
# That Time I Got Reincarnated as a Slime
Caloni, 2021-03-27 cinema animes [up] [copy]Depois da programadora que encheu a cara e convidou um dragão para morar com ela este é um anime que começa com um executivo que é assassinado em plena luz do dia e, como diz o título, ele reencarna como um slime. E tudo como desculpa para uma aventura estilo Zelda.
Mas não é bem um slime, ele tem um sistema operacional que parece tornar essa realidade uma simulação, que vai acumulando habilidades como um jogo de RPG.
O começo do anime parece original, mas acaba sendo um chamariz para uma história medieval com raças, magia, poderes e tudo isso que o pessoal de RPG gosta.
Mas as regras são muito confusas, as habilidades não fazem sentido. O slimezinho fica contente de conseguir ver a luz do sol de novo, mas ele nem sente seu calor. Ou sente? São habilidades demais que vão se somando e convenientemente vão aparecer quando a história precisar.
Seria bem mais interessante acompanhar um simples slime em uma caverna escura. Para sempre.