# Adão Negro

Caloni, 2022-11-07 cinema movies [up] [copy]

Eu vi Adão... não, pera.

Esse filme até que não é ruim se fosse bom. Mas o pessoal da produção tá ligado que ele é ruinzinho, mesmo, e você sente esse descompromisso com roteiro e direção de quem só está fazendo seu trabalho por dinheiro e é um poço de mediocridade. E não tem o menor pudor de vender a alma e chamar isso de arte.

Arte mesmo é com o espectador, vulgo nós, que está cansado da mesma merda repetidas vezes na tela, e aumentar a diversidade de uns tempos pra cá apenas nos fez trocar a reação de pena por nojo. Sinceramente não entendo como alguém trabalha para a DC e consegue dormir de consciência tranquila.

A historinha você já viu. Povo massacrado pelos poderosos, escravizado. Daí chega os deuses e sei lá por que dão poder para o oprimido, que se valesse alguma coisa se garantiria sozinho. Não se garante. E agora alguém gritou Shazam e surge um The Rock um pouco abatido, notadamente velho, mas cheio de presença, arrogância. Dwayne Johnson sabe o que está fazendo, meus amigos: pagando seus boletos com glória.

Habituado a personagens de ação com uma pontinha de comédia, Johnson aqui não gasta nada com sua sombrancelha falastrona. Ele apenas mata, soca, explode, eletrocuta. E voa. O quão bacana é isso? Bom, os efeitos digitais estão no capricho. Se tem um departamento competente ainda hoje na indústria dos cinemas são esses nerds que usam o computador para tudo.

O time de apoio dos heróis do filme eu nem vou falar nada porque você já viu. São os X-Men do Paraguai. Eles têm uma casa velha estilo Dr. Xavier e uns mutantes estagiários. E um dos James Bond mais sem graça e que faz uma participação aleatória em um filme de super para se sacrificar. Bobinho demais esse Pierce Brosnan. E ele escolhia tão bem os papéis.

O resto do elenco é das etnias que estão colocando Hollywood abaixo, com nomes difíceis de pronunciar. Eles também estão substituindo estereótipos de personagens até que o pessoal da sala de roteiros saia com algo mais criativo. Mas nunca dá tempo, a produção começa a filmar antes disso. Roteiro é detalhe para os gigantes do entretenimento.

Este é Adão Negro, o filme com mais cenas de ação com câmera lenta depois de Liga da Justiça. Se há algum momento na projeção digno de nossas memórias nunca saberemos. Deve ter ficado na sala dos dois montadores desse filme. O primeiro deles deve ter passado mal antes de terminar. "Por favor, me matem!" devem ter sido suas últimas palavras, com ponto de exclamação.

Enfim: mal espero pela versão Snyder desse filminho. Estou sendo sarcástico. Piada interna do filme. Acho que é a única que funciona. Por falar nisso, quem arrumou a Formiga Atômica da DC? Cara, que sujeito ruim. Seu escape cômico consegue ser pior que do Flash, que já era um recorde digno do tio do pavê.


# Aharen-san

Caloni, 2022-11-07 cinema animes [up] [copy]

Este anime é fofinho e completamente despretensioso. Sua âncora é a amizade inusitada entre um jovem alto e socialmente neutro e uma garota que fala muito baixo e senta na última fileira da sala de aula. Juntos eles descobrem coisas em comum para se manterem juntos em um mundo sem complexidades, só descobertas. Inclusive do amor.


# Uma Advogada Extraordinária

Caloni, 2022-11-07 cinema series dorama [up] [copy]

A qualidade dos atores na Coreia impressiona. Seja drama ou comédia sempre há ótimos momentos nas novelas coreanas, carregadas de clichês como manda o figurino, mas quase sempre vale a pena por causa do elenco, que abraça com muito afinco seus personagens. São atores que levam a sério a arte de entreter.

Entre os mais recentes, no topo da lista está Park Eun-bin. Ela começou aos cinco anos fazendo pequenos papéis para a TV, há dez anos estreou no elenco principal em Operation Proposal, um romance de viagem no tempo, e atingiu seu ápice no drama esportivo Hot Stove League.

Agora Eun-bin demonstra todo seu talento em expressão e trejeitos vivendo uma advogada autista nesta série que mesmo sendo da Netflix é boa.

O autismo está em alta, mas nem todo ator/atriz ou até mesmo roteiristas aproveitam o tema. Nesta minissérie coreana temos um refinamento elegante entre o fantasioso e o realismo das pessoas dentro do espectro, além de tramas em episódios que se aproveitam do velho programa de júri sem muita apelação, embora alguns possam protestar por este trocadilho infame. A história acompanha a evolução da personagem sem apelar para manipulações baratas. Há um segredo que vai sendo revelado aos poucos, mas isso você já sabe. Essa é uma novela coreana, afinal de contas.

Quando a produção permite que Eun-bin se mantenha livre em sua personagem a série brilha. Observe seus trejeitos desajeitados: isso é atuação meticulosa. Repare nesse equilíbrio delicado entre o cômico e o dramático através da ponta dos dedos de Park Eun-bin, ou no seu sorriso tímido e fugaz, quase invisível se você não aguardar até o final da cena. O tom calculista e cômico com que analisa os detalhes de um caso.

Esta é uma série apaixonante. Talvez seja sua protagonista e o casal mais fofinho desde Amelie Poulain mesmo que falte personalidade no rapaz coreano. Talvez a afeição com pessoas intelectualmente desafiadas que topam o desafio e ousam se tornarem seres humanos em vez de animais acuados da sociedade vitimista. Ou talvez porque Park Eun-bin exercita a arte da atuação com tanto esmero em uma simples novela que é impossível não enxergar virtudes.


# London

Caloni, 2022-11-12 cinema movies [up] [copy]

Jason Stahan com cabelo e "novinho". Não é um filme de ação, é mais um drama bem editado, daqueles da época pós-Matrix, que enchia de cortes inusitados. A montagem inicial é confusa propositadamente e nos embala em um vai-e-volta através do tempo em que um casal está apaixonado e o fatídico closure.

O casal é formado por Chris Evans e Jessica Biel, ou Capitão América e Mulher Fogo para os mais novos. Evans faz um jovem psicótico de coração partido. Biel faz a gostosa; sensata, ela está pronta para novas aventuras depois de um relacionamento que fracassou.

Uma conversa longa se estende no banheiro da festa de despedida da personagem de Biel, a London do título. É uma conversa regada a cocaína. A dona do lugar está todo tempo preocupada se estão cheirando no banheiro dos pais, o que curiosamente revela um traço da personalidade de uma personagem das mais secundárias. Ela nos lembra para pensar no que é mais importante.

Diálogos nos faz conhecer o drama dessas pessoas, mas mais do que isso, nos leva para aquele canto quase sempre fascinante dos roteiristas iniciantes, seguidores de Tarantino. O resultado é agradável. Não é uma obra-prima porque nos faz pensar na estrutura antes da ação (psicológica), e isso revela o amadorismo do filme, que é bonitinho; ainda mais os fãs de cinema.

As falas são ditas de forma frenética, parte disso faz lembrar que tudo é regado a pó. Faz sentido, mas não deveria. Este é um papo melancólico e existencial sendo dito a mais de 200km por hora. Isso ajuda o elenco não habituado a dramas profundos.

No final Stahan não se aguenta e acaba dando uns chutes e socos empolgado. A partir daí ele virou o herói de filmes de ação com sotaque inglês. Evans e Biel passam bem. A negra que acompanha Stahan é uma delícia.


# A Malvada (All About Eve)

Caloni, 2022-11-19 cinema movies [up] [copy]

Baixei este filme de 1950 para uma revisita. Da lista dos Grandes Filmes do crítico Roger Ebert me pareceu natural ser o próximo. Eu já o vi no cinema antes de começar a escrever sobre filmes, no Cine Belas Artes da Consolação, em São Paulo.

Tenho uma memória muito generosa e vívida da metamorfose das personagens de Anne Baxter e Bette Davis. Não é possível saber em que ponto exato do filme a inversão de papéis acontece. É algo gradual do momento que cada uma delas está vivendo. O mesmo efeito hipnótico testemunhei em uma das sessões de O Poderoso Chefão: aquela transição inocente de um Michael encarnado em um Al Pacino ainda jovem, recém-chegado ao epicentro dos Corleone em meio a uma celebração de casamento, para em seu final tomar conta dos negócios escusos da família.

All About Eve, nome original do filme, envelheceu muito bem, embora já fosse um filmaço desde a estréia. Hoje ele é maior que a arte. Assim como tantos outros trabalhos que se viram para si mesmos, entre eles o mais popular sendo Um Corpo que Cai, a conversa sobre o que é realidade e ficção sequestra nossa suspensão de descrença, aquele contrato implícito que todos nós assinamos antes de entrar em uma sala de cinema: devemos acreditar no que veremos por mais fantástico que seja, pois este é um universo à parte do que vivemos, apenas inspirado no original.

Eu não acredito que um roteirista escreveu o universo de A Malvada sem bisbilhotar ou até conviver com essas pessoas do show business. As pessoas criadas para o filme são palpáveis demais. Você sente que poderia conhecê-las. E, mesmo assim, de certa forma inalcançáveis. Excêntricas pela profissão, pagando o preço de não entender a si próprias.

O que elas sofreram em participar de uma farsa da vida real sofrem ainda mais para chegar e se manter no topo. E sabem lá no fundo que tudo é passageiro. Logo mais chega uma nova Eve, sonhadora, lunática ou ambos, e toma o lugar da Margo da vez. Ela sempre estará na próxima esquina, à espreita, escondida em um beco escuro entre aqueles pulgueiros que chamamos de teatro. E que teatro mais realista do que o que se parece com um pulgueiro, cheio de artistas repugnantes?

Bette Davis é a marca deste filme. Nas primeiras cenas ela está naquela posição da atriz madura que fez sucesso por muito tempo e sente o peso da idade. Um clichê e que na maioria das vezes vira uma vilã repetida. Aqui não. Nós entendemos a dor de Margo, amargurada até no nome. Ela é um ser humano ciente de sua mortalidade, o que para um ícone dos palcos não funciona da mesma forma que para todo o resto dos mortais. Seu marido e diretor são a mesma pessoa. Isso não é uma coincidência nem economia de elenco. É essa mistura entre ficção e vida real do cotidiano das estrelas. Você não consegue mais dormir um anônimo depois que recebe seu primeiro mar de aplausos, que vem em ondas enquanto as cortinas se abaixam e insistem em se levantar ao final do show.

Quem entende perfeitamente o que Margo está sentindo é Eve, interpretada pela enigmática Anne Baxter. Ela sente o mundo ao seu redor com autocompaixão, nostalgia e algo a mais. É muito difícil distinguir quais os momentos que Eve está sendo sincera em sua ingenuidade, se é que é possível acreditar que esses momentos existam depois de assistir ao filme. Nós queremos acreditar, isso é fato. Porém, nós sabemos que não devemos. E essa junção entre o acreditar e o fazer parte é o que constitui a persona de Eve, uma garota que surge do nada com uma história tão clichê quanto a derrocada de Margo, mas que por algum motivo nós queremos acreditar. Margo é a ficção que amadureceu tanto que se tornou a vida dura e cruel. Eve é a realidade juvenil que de tão sonhadora é falsa da cabeça aos pés. Ambas poderiam ser falsas, mas não ousam tirar o pé da realidade fantástica de onde vieram. Como o cinema que todos adoramos.


# Gerenciamento de Memória em C/C++

Caloni, 2022-11-19 computer ccpp videos blogging [up] [copy]

Esta semana fiz uma passagem de conhecimento na firma sobre os smart pointers em C++, que era no fundo o que todo mundo queria entender. Mas para entender essas coisas nada como voltar aos fundamentos da linguagem C e ir subindo nos conceitos.

E como não houve vazamento de informação sigilosa o link do vídeo pôde ser disponibilizado no canal público da Intelitrader =).


# Cléo das 5 às 7

Caloni, 2022-11-20 cinema movies [up] [copy]

Você olha esse título e já pensa "nossa, ela deve ser travesti; ou puta; deve ser puta; francesa dos anos 60 é tudo puta". Mas pior que não. Cléo é um filme dinâmico, vivo. Você se sente na pele da protagonista, sem saber se irá viver ou morrer por duas intermináveis horas. Ela lê sua sorte em uma cartomante logo antes de receber o diagnóstico de seu médico. A situação é insuportável e Cléo está tentando se manter ocupada até conseguir sua resposta. Então ela passeia pelas ruas de Paris. Faz compras. Compra um chapéu para o inverno no primeiro dia do verão. É solstício. Ela é supersticiosa. Somos brindados com tomadas das mais complexas, onde a câmera passeia impossível no meio de transeuntes, acompanhando automóveis, ônibus, pedestres. É um turbilhão documental que se passa pelas nossas cabeças, metaforizando o que se passa na cabeça dessa garota, rodopiando em torno da cidade-luz sem rumo.

Cléo das 5 às 7 é puro êxtase narrativo. Não há amarras. As cartas foram dadas em colorido, mas o filme é em P&B, romântico e pálido. Vemos figuras urbanas tomando café e conversando na metrópole. Homens observam a nítida beleza de Cléo. Há conversas do cotidiano que lembram os filmes de Éric Rohmer, mais pelo informal do que pelos tema. O filme olha para nós e nós olhamos para ele. Este é um trabalho que quer se mostrar demais. Orgulhoso, vaidoso. E possui virtudes estéticas para tal. E ao mesmo tempo é realista. O assunto é a angústia da personagem sem saber se irá morrer. Quem já esteve ou já se sentiu à beira da morte, algum momento da vida qualquer que poderia ter passado dessa pra melhor, sabe do que se trata. É uma imagem vívida de pertencer ao espaço-tempo. Não o nosso modo morto-vivo automático, acostumados a sermos escravos de nossa mente, perambulando como moribundos pelas poucas décadas que passamos neste mundo. Não. Isso é viver no agora. Mas de maneira claustofóbica. Não há planos para quem não sabe se irá poder materializá-los.


# Passagem de Parâmetros C vs C++

Caloni, 2022-11-20 computer ccpp blogging [up] [copy]

Em C não é necessário declarar os parâmetros que uma função recebe. Isso é implícito. A linguagem C foi criada para ser um amontoado de assembly descrito com um pouco de syntax sugar e juntado pelo linker através de uma tabela de nomes. O que importa são os nomes. Vamos exemplificar:

int main()
{
  int c = func(10, 20);
  return c;
}
func(int a, int b)
{
  return a + b;
}

Viu? Você nem precisa conhecer o nome na hora de chamar a função no main. Duvida? Veja o vídeo desse post. Se você colocar cada função em um arquivo separado mesmo assim o compilador compila e o linker acha tudo e tudo funciona.

Isso pode gerar alguns problemas em tempo de execução, já que o linker, assim como o compilador, confia cegamente no programador. Isso acontece porque antigamente os programadores eram bons.

int main()
{
  int c = func(10);
  return c;
}
func(int a, int b)
{
  return a + b;
}

Para que programadores que não são bons conseguissem programar em código nativo algumas facilidades surgiram na linguagem C++, como a declaração de função sendo levada a sério. No padrão C isso também foi levado em conta. Se você possui uma declaração de função o compilador irá checar os argumentos.

func(int a, int b);
int main()
{
  int c = func(10);
  return c;
}
func(int a, int b)
{
  return a + b;
}
error C2198: 'func': too few arguments for call

Em C++ com o mesmo código:

error C4430: missing type specifier - int assumed
error C2660: 'func': function does not take 1 arguments
error C4430: missing type specifier

Aí vem a questão de como declarar uma função em C++ que não recebe nada. Isso é uma boa prática, mas não obrigatório.

int func();
int main()
{
  int c = func();
  return c;
}
int func()
{
  return 23;
}

O código acima compila normalmente. E roda. Mas se você por algum motivo está com projeto que tem C arcaico misturado com C++ e precisa definir melhor como as funções se comportam faz assim:

int func(void);

Isso vai funcionar em C e em C++. Em C, se você usar essa declaração e mesmo assim passar argumentos ele irá dar um warning:

warning C4087: 'func': declared with 'void' parameter list

Mas vai deixar rodar. Em C++ não tem jeito. Em C++ ele assume que você não é um bom programador.


# RIP Basílio Miranda

Caloni, 2022-11-22 ccppbr [up] [copy]

Uma figura e tanto. Um programador e tanto. Do pouco que conheci desta lenda do mundo C, C++ e, principalmente, Qt, não há palavras suficientes para descrever o quão foi bom ouvir suas histórias ao vivo, seja em uma mesa de bar e nosso icônico encontro no ChoPP em São Paulo, ou mesmo em uma de suas palestras sobre Qt no prédio da Microsoft onde ele demonstra um domínio admirável da computação do dia a dia.

Basílio não era apenas o fundador da escola de C++ e Qt mais conhecida do Brasil. Ele era um programador de verdade. E poucos o são hoje, então é um elogio mais respeitável e digno de seus feitos. Da computação de quem faz as coisas acontecerem. Eu preciso dizer: esse senhor fez o Visual C++ 6 rodar em um Linux. Ele destrinchou as bibliotecas do Qt naquela palestra que estava presente.

Minhas sinceras condolências à família. Meus sinceros pêsames à nossa comunidade, que perde mais uma de suas figuras mais icônicas da computação. Que nunca nos esqueçamos das mensagens de Basílio Miranda em nosso grupo C/C++ Brasil. Aliás, eu convido vocês a lerem essas mensagens e reviver esses momentos. Em memória e por um grato saudosismo.


# Toon

Caloni, 2022-11-22 cinema series [up] [copy]

"I don't wanna be here." Essa simpática, econômica série da Netflix brinca com o conceito de fama na era da internet e do contador de visualizações como relevância. O crédito social vale mais que o caráter nessa tímida e holandesa série que não pretende levar seus temas muito além da zona de conforto. Uma vez que a ideia deu certo e cativou o espectador por que arriscar? É isso aí, você já está pegando a estratégia da série e dos personagens embutidos nela. A arte imita a vida e a Netflix imita tudo o que puder em uma roupagem moderna.


# Anjos do Sol

Caloni, 2022-11-25 cinema movies [up] [copy]

Filme de retomada, com DVD autorado com problemas no sincronismo do áudio. Prostituição infantil. A introdução é pitoresca, apresenta o esquema deste estranho homem adentrando em vilarejos isolados e comprando meninas bem jovens, da faixa de 12 anos. Todo o início serve de explicação. Depois a história começa de fato em um bordel em um fim de mundo. O vilão mantém as garotas em cativeiro e ele é bem malvado. Chega a matar uma delas arrastando em seu jipe por ter tentado fugir. O drama de Maria, a protagonista, é contado junto da realidade dessas meninas de uma forma até suavizada. Para todo o público. E com isso perde o impacto. Sacrifica censura para atingir mais pessoas. Vira aqueles filmes-denúncia. A direção é ruim, datado e usa artifícios que não envolvem o espectador na trama, pois tudo é previsível e mecânico. Há apenas uma camada de texto. Não há final feliz, mas esperamos por isso. Nunca é sobre redenção ou libertação, mas conscientização. O que é um porre.


# As Idades de Lulu

Caloni, 2022-11-25 cinema movies [up] [copy]

Nunca vi Javier Bardem como um gay assassino. É algo parecido com ver Antonio Banderas dando a bunda.

Nesse filme pseudo pornográfico, algo próximo de um Emmanuelle para adultos versão latina, acompanhamos o drama erótico de Lulu, que começou cedo na putaria com o amigo do irmão e se perdeu na vida caçando travestis e participando de um incesto involuntário.

Tudo é contado com uma precariedade charmosa. A narração de Lulu. As cenas de sexo quase explícito em luz baixa geralmente vermelha de bordel. As sombras dos homens musculosos e dos peitos maravilhosos das atrizes, com ou sem pinto.

Alguém quis filmar esta história e agora ela vira uma experiência única e bem diferente para assistir em casa. Não deixe a família na sala.


# Vivos

Caloni, 2022-11-25 cinema movies [up] [copy]

Filme icônico de época sobre caso real onde sobreviventes de uma queda de avião nos Andes precisam comer cadáveres para continuarem vivos. Impressionou quando foi lançado, e hoje continua muito bem feito. Com Ethan Hawke no elenco, em início de carreira. Há uma descrição bem próxima de como um projeto baseado em fatos pode ser acurado, um tanto dramático e ainda servir como entretenimento. Mas não há mais nada. Um pouco de discussão religiosa, talvez, um outro chamariz simplório para o grande público. A sequência da queda não funciona pelos efeitos, mas todo o resto foi dedicado um capricho. Foram criados pela Industrial Light and Magic de George Lucas. As atuações são sinceras, mas com diálogos simples demais para se tornarem vivos como os sobreviventes do desastre. É uma luta contra o tempo e a natureza implacável. Poucos filmes hoje em dia conseguem o feito de nos fazer pensar sobre esses assuntos. Este é um deles que funciona quando refletimos sobre autossacrifício e a busca por versões maiores de nós mesmos.


# Pepsi, Where is my Jet?

Caloni, 2022-11-28 cinema movies [up] [copy]

A história: no clímax de um dos seus inúmeros comerciais milionários da década de 90, a Pepsi oferece sem letras miúdas um jato militar em troca de pontos que valeriam muito menos. Um garoto resolve comprar a briga com a gigante corporativa de ter seu prêmio em troca desses pontos.

O potencial: a ingenuidade de uma geração mimada que foi ensinada a conseguir tudo que quisesse.

A realidade: uma série de streaming em quatro partes dramatizada e pesadamente editada que passa logo.

Mas pouco fica dessa experiência. Há recortes de uma época incrível, nas mentes de quem a viveu com a cara grudada na TV. Há transições elegantes entre os jovens por trás da história, mas não há conexões fáceis entre o passado e o presente que justifique o retorno para essa época MTV.


[2022-10] [2022-12]