# Mantendo o mesmo repo com dados públicos e privados

Caloni, 2024-05-01 computer [up] [copy]

Como isso é possível? No git você pode publicar o repositório orientado a branches, o que quer dizer que é possível manter uma branch com dados públicos e outra branch com dados privados (e esta última não é acessível).

Mas para isso funcionar você precisa que essas branches ou nunca se comuniquem com merge ou se comuniquem apenas do sentido do público para o privado. E para essa segunda opção, caso você já possua o repositório, é necessário criar uma branch órfã.

Em suma, os comandos abaixo.

git init # or just use existing and rename master
gvim journal.txt journal_private.txt
# write write write
git add --all
git commit -m "first private commit"
git branch -m master private_branch
git checkout --orphan public_branch
git checkout private_branch -- .
git reset
echo private_stuff >> .gitignore
git add --all
git commit -m "first public commit."
git checkout private_branch
git merge --allow-unrelated-histories -X ours public_branch
git status
On branch private_branch
nothing to commit, working tree clean
git log --graph
 private_branch)
|\  Merge: de55682 5dbe679
| | Date:   Wed May 1 21:39:01 2024 -0300
| |
| |     Merge branch 'public_branch' into private_branch
| |
| * commit 5dbe679aa2466eeaedd1a675a09b4913b56f2270 (public_branch)
|   Date:   Wed May 1 21:38:10 2024 -0300
|
|       first public commit.
|
* commit de55682a3ce3ce55114b05ecf466c664e60f11c6
  Date:   Wed May 1 21:37:01 2024 -0300
      first private commit.
git remote add private <private_address>
git push -u private private_branch
git remote add public <public_address>
git push -u public public_branch
# do not mix public and private upstreams =)

# Flexibilizando retorno de métodos mockados

Caloni, 2024-05-08 computer blogging [up] [copy]

Usando Moq para criar testes unitários em C# e penando para conseguir retornar valores diferentes para chamadas diferentes da interface mockada descobri finalmente este artigo que dá alguns exemplos para retornar múltiplos valores através da mesma chamada de um método mockado.

A chave da questão que eu ignorava alguns dias atrás era que o método `Returns` do tipo mockado pode receber não apenas um valor a ser retornado, mas também o endereço de um functor que irá ser chamado cada vez que o método mockado for chamado.

Isso quer dizer que em vez de usar a criação de uma nova instância:

mockFactory.Setup(...).Returns(Mock.Of<ReturnType>());

Deve-se usar o endereço de uma função que retorna uma nova instância:

mockFactory.Setup(...).Returns(Mock.Of<ReturnType>);

Observe que na segunda versão não há chamada, mas apenas a passagem do "endereço" (ou o que quer que valha em C#).


# Jurassic Park

Caloni, 2024-05-08 cinema movies [up] [copy]

Envelheceu bem. Os efeitos quase convencem. A junção da computação com partes mecânicas e bom uso de ângulos fez um ótimo serviço. Este é um roteiro simples para não estragar o apelo comercial de uma produção bem cara para a época, mas não evita tratar das questões éticas por trás da manipulação biológica dos cientistas do parque em trazer de volta à vida criaturas de outra era para conviver com os humanos. Seu ritmo definitivamente é bem mais lento que as aventuras de hoje e a segunda trilha de John Williams soa amassada. O mesmo não posso dizer da música tema, um hino até hoje inesquecível pela solenidade da ocasião, da comemoração dos milagres da ciência e da vida. Todo o elenco é escolhido a dedo para viverem a aventura do americano branco médio. Jeff Goblin adiciona um pouco de caos e irreverência e as crianças, particularmente a menina, mantém o pique através das diferentes situações em que o filme os coloca em perigo. Spielberg, sóbrio e se divertindo como sempre, mantém os mínimos detalhes em foco. Repare que o enquadramento coloca o gordinho traíra ao fundo de costas apenas para nas próximas cenas revelar o conflito na história. Samuel L. Jackson está invisível, nem parece que no ano seguinte protagonizou nada menos que Pulp Fiction. Esta é uma aventura nos moldes clássicos que cria uma lenda reverberando a casa continuação. A lenda de que o homem verá monstros entre eles com o advindo dos milagres biológicos.


# Mrs. Davis

Caloni, 2024-05-10 cinema series [up] [copy]

Interessante uso da progressão de uma IA global que domina os humanos ao resolver todos os problemas. Eles viram a marionete da máquina como os homens do século 14 eram os marionetes da fé. A série traça esse paralelo com um certo charme na produção. Não soa pretensioso e ganhou minha simpatia. É divertido sem ser cafona ou sem coração. Ter uma freira protagonista resgata alguns valores esquecidos na pós-modernidade. O dinamismo das cenas e a falta de peso aumentam a diversão. Corre o risco de se perder pela irrelevância, mas o saldo já ficou positivo no primeiro episódio.

Nove roteiristas (!) e oito episódios depois…

Terminei. Fazia tempo que não via uma série tão boa e sucinta. Divertida sem ser idiota. Trabalha muito bem a questão dos símbolos, o que é primordial para seu tema do Algoritmo que controla as pessoas. Quebra ritmo e expectativas quase como uma linguagem própria. Usa personagens carismáticos ao seu bel prazer, como deve ser usado. Praticamente metade dos anticlímax são construídos com a dedicação de quem não quer repetir ou soar cafona. Paradoxalmente o universo de Mrs. Davis abraça o cafona com tanto carinho quanto a fofíssima Madre Superiora de Simone, a Escolhida para encontrar e destruir o Santo Graal.

Há uma criatividade também para conseguir manter o orçamento sob controle mesmo com as ideias mais estapafúrdias e coerentes com a proposta, como entrar dentro de uma baleia (não pergunte, assista). Note como vários trechos bem caros de serem filmados são citados no diálogo junto de uma edição que embala o espectador sem precisar gastar mais alguns milhões.

Esta é uma boa série também para os que, como eu, esperam que ela termine de fato no último episódio. Nada pior do que dedicar horas a fio em algo que não tem o mínimo de consideração por você.

Se bem que no caso de séries é primordial gostar do processo de fazer parte do seu mundo sem esperar um desfecho. Afinal de contas, pode ser que ele nunca aconteça. Em filmes isso tem menos peso, porque são poucas horas. Mas em séries… abandone ao menor sinal de chatice ou enrolação. Assista apenas o último episódio ou leia o resumo na Wikipedia. Baixe o torrent e cancele a assinatura do streaming. Tudo menos aumentar o contador de views de criações preguiçosas sem mérito.

Mrs Davis me entregou justamente aquilo que se propunha em cerca de oito horas: entretenimento inteligente. É possível conjecturar sobre cada detalhe da narrativa. É possível discutir sobre o quão triste, pesado e sombrio seria um futuro tão provável quanto o da série. É possível apenas comer enquanto assiste e curtir o processo de fabricação de lendas comercialmente viáveis. Tudo isso em apenas uma obra de ficção original e que ainda bebe de lendas memoráveis da religião cristã, fazendo um bom uso de suas alegorias em uma reinvenção que passa pelo crivo da cartilha social e ainda subverte sem ofensas as mensagens originais. A piscadela e a provocação andam de mãos juntas. Uma provocação mais do que ambiciosa: irreverente sem ser de mau gosto.


# O Problema dos 3 Corpos

Caloni, 2024-05-10 cinema series [up] [copy]

Este, sim, é uma série pretensiosa e que não diverte. Ela finge saber de ciência e de cientistas, que querem se matar porque as leis da natureza contrariam as últimas descobertas. Deprimente para quem realmente ama ciência. Lembra as inúmeras discussões pseudocientíficas sobre as vacinas do Covid. Os excessos de cartilha social pesam demais em uma produção que não é barata, já que seus personagens são diversos, mas todos igualmente estúpidos para as questões da vida. Não existe identificação no presente da série, quando um evento singular coloca os olhares humanos para o céu. Porém, é relativamente simples de se distrair com a história do passado comunista da China. Porém, não tão instigante quanto a série Chernobyl, onde questões éticas, políticas, filosóficas e científicas embalam um thriller dramático com ares quase documentais. 3 Corpos é tudo isso ao contrário pelo mesmo preço.


# A Pequena Loja dos Horrores

Caloni, 2024-05-11 cinema movies [up] [copy]

Este filme de Frank Oz (Muppets) é um dos exemplos do que estava falando com o pessoal no Telegram sobre musicais hoje em dia perderem tão fácil a nossa atenção. Olhe como os atores de The Little Shop of Horrors estão ligados no 220 em uma produção adaptada do teatro, mas com uma direção apaixonada em idealizar cada ângulo como uma nova forma de interpretar esta fábula sobre o American Way of Life ®.

Rick Moranis é idêntico ao cara do filme do Harry Potter sem Harry Potter, mas com mais vida, menos forçado, mais engraçado. Moranis é uma figura cinematográfica. Ghostbusters I e II, Querida Encolhi as Crianças e Encolhi a Gente. Após sua mulher morrer de câncer e um casal de filhos no colo, ele decide se afastar de uma Hollywood que já não lhe fazia falta para se dedicar 100% como pai solo.

Neste filme ele faz par com uma loira não muito peituda, mas que sabe usar sua vozinha e cantar muito bem a música clímax do filme. Ela é Ellen Something e está em seu papel mais memorável no cinema. Ambos desfilam ao som do trio de negras cantantes onde uma delas é a mãe do Chris, outra é do Eu, A Patroa e As Crianças e a terceira eu não faço a menor ideia quem seja.

É curioso ter visitado os estúdios da Warner e depois ver filmes como esse. Você imagina qual das ruas foram preparadas para criar a floricultura e quais efeitos de palco a mais foram bolados para dar vida à fantasiosa história de uma planta carnívora do espaço sideral que surge durante um eclipse.


# De Repente, Miss!

Caloni, 2024-05-14 cinema movies cinemaqui [up] [copy]

Eu queria ter esquecido este filme, e depois de passar uns dias eu quase consegui. Porém, estava em uma sala de espera, dessas da vida cotidiana, uma TV sintonizada em um canal aberto, e lá estava a Fabiana Karla (Os Parças 2) promovendo seu trabalho nesses infinitos programas vespertinos. E todas minhas memórias voltaram, para minha tristeza.

Eu até gosto dos trabalhos anteriores do seu diretor, Hsu Chien (“Quem Vai Ficar com Mário?”, “Ninguém Entra, Ninguém Sai”) ou pelo menos não desgosto com força. Talvez porque eles tenham bem ou mal seus motivos sociais bem delineados e a paixão de produzir filmes nacionais maior que as necessidades comerciais.

Este novo filme infelizmente pisou feio na bola. Para começar é como se ele fosse uma gigantesca propaganda de duas empresas (não vou citar nomes): uma fornece as passagens da viagem que acontece no filme. A outra, um resort, hospeda os personagens. E o resto são quadros mal encaixados da protagonista e sua família lutando contra o status quo que privilegia mulheres mais… mais… mais o quê? Eu não sei, o filme tem medo ou vergonha de dizer. Ele não cria o contraste necessário para enxergarmos o conflito. Se nem o filme tem coragem de afirmar qual o problema da protagonista, exceto estar sempre desanimada pra vida, quem sou eu para arriscar dizer. A vida é muito curta para defender as neuras dos outros.

O engraçado é que sua sinopse, além de citar o nome do resort (!!), descreve em detalhes a trama que de fato existe na tela, como o descontentamento da personagem de Fabiana Karla em ter escolhido a “carreira” de mãe e ter largado seu trabalho com publicidade e ver sua filha (Giulia Benite) se tornar uma influencer famosa (vai Deus saber por quê) enquanto ignora os esforços da mãe em manter coesa a família. Porém, sua maneira de contar aliena o espectador dos detalhes mais importantes do enredo, movendo de verdade a história apenas no máximo por uns cinco minutos durante toda a projeção. O resto é meramente figurativo. Dá para repor a pipoca durante a maioria do filme.

Eu me lembro de um outro filme de uns bons anos atrás que oferecia a mesma sensação de estar em um comercial de TV de uma hora e meia recheado de cenas descartáveis. S.O.S. - Mulheres ao Mar, de Chris D’Amato, na época promovia atrizes em ascensão a bordo de um cruzeiro em alto mar. Desnecessário dizer que quem estava patrocinando o “filme” era o tal serviço de cruzeiros.

Que Hollywood e outras indústrias mundo afora fazem isso todo tempo não é novidade. Porém, salvo raras exceções, não sentimos que um filme pertence a uma marca ou empresa em particular. Em “De Repente, Miss”, sim. E a maior prova é o esforço ridículo em não apresentar conflito sequer em uma história que se desenrola dependendo da imaginação do espectador. E como eu já falei, não vou ousar afirmar nada aqui. É covardia demais dos produtores se esconder assim pelo dito não-dito.

Além disso, o roteiro escrito por Dani Valente não deixa margens para atuações, pois seus personagens são meros figurantes entre os extremos “propaganda de margarina” e “comédia supostamente escrachada” (se você achar graça). Em nenhum momento do filme dá para levar a sério os seres que habitam essa atmosfera fantasiosa e inofensiva, com seus dramas inexistentes ou piadas sem graça de tão batidas.

Aliás, minto a respeito do drama. Há um breve momento, quando o filme finalmente esboça ficar pesado e dramático, em que a vida da protagonista de Karla corre perigo causado pela vilã de Danielle Winits. Após alguns minutos sem maiores explicações tudo voltou ao normal. No final a heroína sorri para a vilã e termina em termos que se traduzem em “tentou me matar, né safada? Que não se repita, hein? Seja feliz.” Pois é. Este é mais uma vez o nível de covardia de uma obra que evita a todo custo impor pesos às atitudes de seus personagens.

Para piorar, Fabiana Karla não segura o protagonismo, mesmo que seja difícil entender se é pelo papel em si ou pela atriz. Danielle Winits como vilã é uma caricatura extravagante e se limita a exibir seu figurino e um falso orgulho de ser um “modelo de mulher”. Se bem que não ficamos sabendo que tal modelo é esse. A filha da protagonista vira sua fã, mas ficamos sem entender muito bem o porquê. Fica aí a dúvida básica em uma história sem pé nem cabeça.

Como cereja em cima de um bolo de gosto duvidoso, disposto a fazer um filme sobre e apenas sobre mulheres se digladiando, “De Repente, Miss” adota a postura cada vez mais frequente de apresentar o marido pet: aquele que é inofensivo, quietinho e só rosna para defender sua dona.

Não me leve a mal, esse estereótipo pode ser engraçado se bem usado. Em Barbie, para dar um exemplo de um filme que poderia soar como propaganda de uma marca (Mattel, a fabricante de bonecas), o Ken de Ryan Gosling é patético no mesmo nível de fofinho. Só que essa condição do personagem acaba dando espaço aos criadores do filme para uma obra instigante e inteligente, que discute temas muito além de um filme de boneca.

Em “De Repente, Miss!”, não apenas o filme se exime de afirmar sobre o que é o enredo como não consegue ir além do mero joguinho de enquetes novelescas. E com isso lembrei do que queria esquecer.


# Mom and Dad Save the World

Caloni, 2024-05-14 cinema movies [up] [copy]

Esta aventura para toda a família apresenta o casal Nelson sendo raptado no final de semana do aniversário de 20 anos de casamento por um imperador de um planeta de idiotas. Arte criativa com efeitos datados mas eficientes graças ao design de produção teatral mas rebuscado o suficiente. É a indústria do entretenimento dos anos 90. O humor não é tão infantil, sendo o melhor as piadas internas entre o casal. O carro deles estão viajando pelo espaço sideral e o marido fica preocupado com a gasolina acabando e o nível do óleo. Escrito pelos mesmos de A Fantástica Aventura de Bill e Ted.


# Wireguard reconfiguring AllowedIPs can cause issues

Caloni, 2024-05-16 computer english [up] [copy]

When reconfiguring Wireguard AllowedIPs list it could happen that previous or parallel connections (race condition) send/receive packets to/from forbidden IPs. This is not a problem if this connections are eventually closed. However, worth noticing.

Packet has unallowed src IP (INTERDIATE_IP) from peer 1 (WIREGUARD_ENDPOINT).

# The Heimatdamisch: Sweet Child o' Mine (Guns n' Roses)

Caloni, 2024-05-25 music [up] [copy]

Tive que ver os outros trabalhos. A energia da banda irradia além da obra original. Eles criaram outra coisa que não é paródia. É um trabalho honesto e encantador pela sinceridade que provoca em nossas reações. Mas isso não impede que eles riem de si mesmos. Que época para estar vivo!

Detalhes técnicos como enquadramentos, figurinos, atuações e a visão autoral do diretor não são o forte, mas até nisso há um cuidado e paixão em se manter no meio de uma linha tênue entre a paródia e a dedicação. Para quem curte estrelinhas: 4/5.


# Minha Madrasta é uma Alienígena

Caloni, 2024-05-25 cinema movies [up] [copy]

Kim Basinger é de outro mundo. Aqui ela protagoniza uma cena com Dan Aykroyd em que sua lingerie deixa perceber como seus peitos perfeitos são durinhos. Aykroyd faz junto da menina de How I Met Your Mother uma versão pai e filha de Contato com um humor peculiar dos anos 80. Basinger é a alienígena esposa americana perfeita. Loira com tudo em cima, ignorante sem ser chucra. Este filme repete a fórmula de Pai e Mãe Salvam o Mundo em salpicar um filme sobre o espaço em uma comédia familiar levemente picante.


# Ms. Koizumi Loves Ramen Noodles

Caloni, 2024-05-26 cinema animes food blogging [up] [copy]

Pensei que havia escrito um post sobre este anime. Devo ter me entretido demais comendo lámen durante os episódios. Bom, agora é importante delinear onde estão esses locais.

O artigo "Visiting the Real Life Ramen Restaurants from Ms. Koizumi Loves Ramen Noodles Part 1" traça um paralelo entre o desenho e a fachada e detalhes das casas de rámen visitadas no anime. Ele criou um mapafemb=1um mapall=35.868893993265885%2C139.84198475um mapaz=10">um mapa para se localizar na região metropolitana de Tóquio. E existe uma parte 2, também. E com outro mapall=35.86694435620668%2C139.84198475outro mapaz=10">outro mapa.

Agora deixe-me atualizar este texto e dizer que eu fui em algum desses lugares. Eu fiz um outro mapa com o roteiro dos lámens e uma planilha com os lámens-alvo de cada visita. Foi o experimento mais importante para mim na visita ao Japão. Visitei várias regiões e delas extraí o melhor que o anime (ou o mangá) de Koizumi San nos apresentou.


# Confissões sobre jejum

Caloni, 2024-05-31 body [up] [copy]

Faço jejum intermitente há pelo menos sete anos, acho que um pouco mais. Um amigo após ler no Reddit (ou coisa que o valha) estava fazendo. Ele vasculhou alguns papers de pesquisas que indicavam que a bioquímica da ramificação dos seres vivos da qual viemos (incluindo seres unicelulares) pode se beneficiar desse estado de carência de energia por tempo determinado. O que faz todo sentido dada a natureza implacável da luta pela sobrevivência e com recursos escassos ao longo de bilhões de anos.

Eu me vi depois dessa conversa lendo e relendo algumas pesquisas da época (faz tempo; estou ciente que as descobertas mudam) e me convenci a tentar como um estilo de vida.

Já experimentei 16x8 todos os dias sem muitos resultados dramáticos e sem muita pressão para comer. Na real acho que a maioria das pessoas que acaba esquecendo uma refeição pode fazer jejum sem nem perceber. Dezesseis horas nem é tanto tempo assim. Após uma leve fome ou vontade de comer, que com um pouco de disciplina passa, o corpo entra em um estado de tranquilidade novamente. Importante nessa fase é ingerir água, mais que o normal, para evitar ficar por muito tempo com as toxinas liberadas na circulação. Ouvi dizer que há alguns riscos a longo prazo se o período de jejum dessas 16h for de manhã (não pesquisei ainda a respeito), mas meus exames após alguns anos não revelaram nenhum distúrbio alimentar digno de atenção.

Ano passado comecei a fazer eventuais dois a três dias por semana jejum de 18+ (até 22h), também iniciando na noite anterior (ainda não sabia dessa questão de haver riscos à saúde quando comecei), mais por preguiça e comodismo. É um hábito simples de seguir, consigo manter o peso desejado relativamente fácil e assim baixar alguns quilos lentamente quase que sem querer. Não me leve a mal: eu gosto de comer. Mas também acho prático saber que não é necessário estar comendo o tempo todo.

Porém, após alguns muitos meses percebi que o corpo havia se acostumado a consumir muito pouco energia. Ficou bem difícil diminuir o peso (que já estava ideal), mas também era muito fácil de manter. Contudo, resolvi dar uma parada e focar em outra coisa agora: reeducação alimentar. Estou migrando meu estilo alimentar para algo próximo de low carb (ainda em estudo).

Porém, de vez em quando ainda faço jejum. Pesquisas precisam ser feitas com resultados mais incisivos, mas benefícios demais já foram descobertos para deixarmos esta técnica de lado. E de qualquer forma, essa prática dá um certo descanso ao sistema digestivo e reeduca impulsos alimentares. Além de ser a maneira mais simples de ingerir poucas calorias e dar um barato muito louco se você ficar muito tempo em jejum sob efeito de café sem açúcar. Tente isso após jejum de cafeína por duas semanas para ver que legal.


[2024-04] [2024-06]