# Experimento Starbucks
Caloni, 2024-11-10 food coffee drafts [up] [copy]Colecionei impressões dos cafés vendidos na icônica (e às vezes polêmica) cafeteria que é uma das minhas favoritas quando o assunto é torrar bem o café pra não ter chance de achar imperfeições. Seus rótulos são sempre no mesmo estilo com variações nas sensações terciárias, as que surgem após a queima e estão mais relacionadas à torra em si que ao grão original.
Em 2015-09-07 (no sítio do 7 de setembro) achei um pouco fraco, corpo médio, combina perfeitamente com bolo de chocolate. Já em 2016-11-21 senti um aroma muito forte, sabor muito equilibrado. Tem uma hora que enjoa. Mas em 2019-04-20, em prensa francesa, parece o café mais equilibrado e delicioso da Starbucks. Sua torra é linda, brilhante. Seu gosto é de um amargo que abraça devagar e logo solta. Suas notas aromáticas são simples, como deve ser o café da manhã.
Em 2022-08-09 escrevi: a torra é o segredo. Intensa, traz sabores amendoados. Um amargor inebriante.
Este é o café padrão usado nas cafeterias em São Paulo e eu acho ele um bom exemplar de café brasileiro mais fraco, apesar de passar longe dos outros cafés. Em 2018-12-13 achei muito melhor feito em casa na minha aeropress entre 25 e 35g, temperatura pré-fervura. Seu amargor é típico das safras nacionais com torra forte, que se afasta do bordô famoso nas zoropa, e se aproxima dos cafés queimados das esquinas do centro.
Este era o meu favorito por um bom tempo, em 2017-01-08 achei ele amadeirado (ou tânico); doce sem ser enjoativo e sem nenhuma acidez.
Em 2022-06-25 surgiu a questão: por que gosto desse café da Starbucks? Ele não é frutado nem doce nem dark. Justamente por isso. Seus traços de vegetal e sua falta de acidez e um certo teor alcalino é uma mudança de ares bem-vinda. Não espere mais do mesmo.
Eu gosto bastante desse café da Starbucks, mas essa safra de 2022 na Aeropress tá dose de acertar. Está bem intenso o amargor. Já estou usando menos pó com uma moagem mais grossa e com menos tempo de infusão e ainda assim está bem marcante. O sabor no Aeropress é tão intenso que acho difícil encontrar detalhes exceto amargor e corpo intenso. No coador de pano no nível 9 de moagem e com 4 minutos de infusão o nível ficou bem próximo do ideal, com a intensidade do sabor, mas talvez com o corpo ligeiramente mais leve. Não sei se isso é um problema.
Usado para os espressos da cafeteria, mas vendido para quem quiser experimentar em casa. Em 2017-02-02 o achei encorpado, o que evita ficar enjoativo; há permanência na boca e pouca gordura (seja lá o que isso quer dizer de um café).
O Christmas Blend Expresso Roast de 2016 consegue ser doce sem ser enjoativo.
O Casi Cielo de 2017 é amadeirado e um pouco enjoativo, mas pouco ácido, com amargor mais acentuado que o doce.
Kati Kati é um blend africano. Provado em 2017, achei mesmo um blend aparentemente africano; ele é picante, um pouco amadeirado, mas muito forte e amargo e um tanto áspero para ser do dia-a-dia.
Ainda do mesmo continente tem esse Africa Kitamu (também de 2017) que lembra meio água suja com pouco pó; tem aquele doce oleoso típico da Starbucks, o corpo leve, sem amargor; apenas o gosto da torra; levemente enjoativo, mas igualmente viciante. Uma combinação OK junto do pão na chapa de manhã.
# A Contadora de Filmes
Caloni, 2024-11-20 cinema todo movies cinemaqui [up] [copy]Vou comparar A Contadora de Filmes com Cinema Paradiso.
Cinema Paradiso, segundo filme do diretor italiano Giuseppe Tornatore e enorme sucesso de crítica, elenca o top list de onze em dez cinéfilos em todo o mundo. Ele evoca a nossa paixão pelo cinema dentro do clichê mais broxante de todos os tempos: o amor perdido. É um paralelo com a história do cinema, físico e metafórico, e seus altos e baixos. Uma jornada lúdica para os mais jovens e melancólica para os mais vividos. Seus personagens emergem de dentro do universo do filme e das memórias do autor, que lança sua jornada do íntimo particular de cada um de nós para o universal coletivo de uma sessão de cinema.
A Contadora de Filmes é uma fábula adaptada do pequeno livro do escritor chileno Hernán Rivera Letelier que se passa em uma cidade erguida para mineração e escrita por alguém com conhecimento de causa (o escritor era minerador). A adaptação cinematográfica parte dos personagens literários como universais desde sempre. Ele não chega a ser uma jornada de descoberta porque não sentimos os personagens mudando. Assistir ao filme é um processo burocrático em direção ao conhecido. O seu clichê é, tal como as figuras imaginárias com quem John Nash interage em Uma Mente Brilhante, acompanhar figuras que nunca mudam, seguindo suas conhecidas e objetivas trajetórias como objetos sendo lançados em um problema de física.
O roteiro escrito por Walter Salles e mais dois roteiristas é coeso e certinho a ponto de incomodar. Boa parte do texto dito pelos personagens são para encaixar determinado destino ou para justificar determinado rumo. Admiramos a dedicação em unir os pontos e fechar as subtramas. É a beleza matemática e objetiva de dois mais dois são quatro. A menos que você se identifique com a lenda do bom trabalhador braçal e sua família, não há emoções o suficiente atrapalhando a equação perfeita.
Cinema Paradiso carece de perfeição. Por mais que a beleza da infância pueril queira existir para sempre (o cinema ainda mudo, em preto e branco e engatinhando), e assim como as paixões mais avassaladoras, a vida acontece e atropela todos os envolvidos. Há drama, gritaria e choros. Nada é justificado por frases, mas pela essência da história cinematográfica acontecendo diante de nossos olhos. Como consequência das mais desejáveis, a falta de simetria em suas emoções o torna mais humano.
A Contadora de Filmes caminha do lado oposto. Quase como um cálculo científico aplicado à narrativa, as emoções são medidas em miligramas, os acontecimentos são narrados como uma receita de bolo. Há morte e assassinato relatados como um parágrafo do jornal de domingo. O cinema de A Contadora lembra o teatro onde você pode ver as cortinas ao lado dos atores e o palco fajuto, mas tudo tão bem feitinho que encanta. E apesar de momentos cafonas como “de repente a vila ficou apenas em tons de preto e branco” há ainda as referências à sétima arte para dar uma cor.
Cinema Paradiso também pega carona nos filmes que passam na telona. Os trechos dos clássicos dialogam em um nível muito íntimo com o delírio coletivo das sessões de cinema, dentro e fora da sala. A ingenuidade brota “naturalmente” e exige do olhar mais aguçado um esforço extra para capturar o mecanismo maravilhoso com que histórias como essa nascem de um furor criativo dentro de um turbilhão de emoções. Os filmes da telona, apesar de obscuros para o espectador hoje, comentam essas emoções com sinceridade, apesar de sem uma clara conexão. Eles nunca substituem o filme de verdade ou auxiliam a história a se mover. São, como a icônica melodia do filme, um comentário acessório poderoso.
A Contadora de Filmes pega carona em filmes conhecidos por praticamente todos os cinéfilos, muito mais do que os vistos no clássico de Tornatore. Quem nunca ouviu falar ou assistiu "Quanto mais Quente Melhor", faroestes de John Wayne e Spartacus de Kirk Douglas? A repetição incessante dos diretores e atores dos filmes citados (de Kirk Douglas, por exemplo, há também Glória Feita de Sangue) soa como marteladas inconscientes sobre o domínio hollywoodiano em pleno deserto chileno.
Por fim: cada época tem o Cinema Paradiso que merece. E este é muito bom. Tecnicamente admirável, competente nas entrelinhas. Um cinéfilo mais jovem se apaixonaria por esta história. Um mais vivido acharia melancólico este cinema chileno dirigido por uma dinamarquesa e co-escrito por um brasileiro.
# Promise, I'll Be Fine
Caloni, 2024-11-22 cinema todo movies tag_mostra_japonesa [up] [copy]Os festivais me perseguem. Justo na semana que estava em Tóquio estava rolando o 37th Tokyo International Film Festival. Não pude deixar de ver pelo menos um filme. Vi dois. Esse primeiro, da diretora da Eslováquia Katarína Gramatová, trabalha a relação mãe e filho quando este é abandonado na cidadezinha de origem enquanto ela vive de golpes imobiliários na cidade grande. Não é um coming of a age, mas um diálogo entre a vida simples e as luzes que seres humanos perseguem como moscas tontas. É uma carta aberta e autêntica, mas tão sutil que dá sono em vários momentos.
# Bury Your Dead (Enterre Seus Mortos)
Caloni, 2024-11-22 cinema todo movies tag_mostra_japonesa [up] [copy]O segundo e último filme que vi na mostra de Tóquio foi o último dirigido pelo brasileiro Marcos Dutra, do ótimo Trabalhar Cansa, entre outros trabalhos mais comerciais. Se trata de mais uma distopia brazuca que bebe da fonte de Bacurau sob o viés do sobrenatural (tema constante de Dutra). Se trata de uma grande bobagem pretensiosa (assim como Bacurau).
Após a sessão o diretor apareceu para algumas perguntas e respostas traduzidas rapidamente entre o inglês e o japonês. Foram perguntas fáceis e com aquela postura mecânica do jornalismo e dos grupos de "debate livre" de hoje em dia: sem instigar, apenas divulgar.
# Uma dieta além da moda (José Carlos Souto)
Caloni, 2024-11-23 books body drafts [up] [copy]Conheci o trabalho de José Carlos Souto através do podcast Tribo Forte. Ouvia alguns episódios enquanto andava de bike e conhecia aos poucos a figura que analisava de forma crítica pesquisas acadêmicas, o que me ajudou a entender sobre diferentes metodologias, análise dos resultados obtidos e o abismo com o que a mídia propagandeava por aí.
Sempre com um senso de humor afiado, fiquei muito feliz em saber que Dr. Souto tinha um blog sobre dieta low carb (além de outros assuntos relacionados à saúde do corpo), mas fiquei mais ainda ao saber que tinha publicado um livro. Não pensei duas vezes em comprar, sabendo que iria aproveitar toda o conteúdo com a conhecida didática do seu autor.
Apesar de ser um livro fácil de ler ele é denso em algumas partes (menos do que gostaria) e explica sem sombra de dúvidas o que a ciência conseguiu avançar em termos de nosso comportamento metabólico e o efeito das diferentes dietas no nosso corpo a curto e longo prazo. Sem tentar evangelizar o leitor, o texto basicamente explica em termos leigos o que uma série de pesquisas acadêmicas descobriu a respeito dos efeitos da dieta low carb em relação a outras dietas.
Sua primeira parte contém na minha opinião o verdadeiro suco da verdade, focado e estruturado para explicar para o leitor não-acadêmico como as coisas funcionam. Amparado em um contexto histórico de pesquisas médicas e suas descobertas, Dr. Souto desmascara todo o mecanismo mundial pelo qual a dieta high carb foi fundada e as duras consequências para o metabolismo da maioria dos seres humanos guiados por esta dieta. Traça um paralelo com o surgimento das ideias por trás da dieta low carb e junto uma noção de o quão antigo é o conhecimento sobre ela e sobre a síndrome metabólica e os tipos de diabetes.
Para leitores da língua portuguesa preocupados com a saúde um livro obrigatório, fruto de uma pesquisa e vivências longas o suficiente para entender o impacto que dietas ruins fazem no corpo humano.
O balanço calórico positivo é uma condição necessária para o aumento de peso, mas não necessariamente uma causa.
O segredo para entender o aumento ou a diminuição de qualquer tecido no corpo é o estudo da regulação desse tecido.
Quando uma célula toca em outra, elas param de se dividir. Um intrincado e delicado balanço entre hormônios (que agem a distância) e fatores de crescimento (que agem localmente) mantém a integridade de órgãos e tecidos.
A insulina é secretada por células especializadas, localizadas no pâncreas, denominadas células beta.
A insulina elevada facilita a entrada de ácidos graxos no adipócito e a formação de compostos denominados triglicerídeos, moléculas grandes, contendo três ácidos graxos ligados a um esqueleto de glicerol, que é a forma na qual a nossa gordura permanece armazenada. Já a insulina baixa favorece a lipólise, ou seja, a transformação dos triglicerídeos que estão dentro do adipócito em ácidos graxos e sua saída da célula.
Todas as células do corpo podem usar glicose como fonte de energia. Quase todas podem usar gordura também
E a glicose no sangue, quando em excesso, é tóxica (pois se liga de forma permanente a proteínas diversas, fenômeno conhecido como glicação).
Assim, faz sentido que, na presença de glicose, a gordura armazenada não seja utilizada, enquanto a gordura oriunda da dieta seja armazenada, visto que a glicose pode e precisa ser usada como fonte de energia prioritária.
A beleza desse sistema é que o mesmo hormônio (insulina) que é secretado quando a glicose se eleva no sangue bloqueia o uso da gordura como fonte de energia (e favorece seu armazenamento) e, ao mesmo tempo, obriga o uso da glicose como fonte de energia (e seu armazenamento dentro das células na forma de um polímero chamado glicogênio).
Diabetes tipo 1 é uma doença autoimune na qual as células beta do pâncreas são destruídas pelo próprio organismo.
O sangue fica cheio de açúcar e de gordura, ao mesmo tempo que as células vão definhando por ausência de nutrientes. Sem a insulina, que age como chave para abrir a porta das células, os nutrientes não têm como entrar.
Nos anos 1960 e 1970, cientistas demonstraram que o tecido adiposo (gordura) incubado in vitro (isto é, em um tubo de ensaio) era capaz de armazenar os ácidos graxos presentes no meio de cultura desde que houvesse glicose disponível e fosse acrescentado ali o hormônio insulina4.
A insulina é conhecida como um hormônio de “armazenamento”. Fica elevada no estado alimentado, favorecendo a estocagem de nutrientes (gordura nos adipócitos e glicose no fígado e nos músculos), e fica baixa nos períodos de jejum.
Quanto mais glicose se consome, menos gordura o corpo utiliza.
Assim, é evidente que diferentes alimentos terão efeitos distintos na concentração de glicose no sangue e, portanto, na quantidade de insulina que o pâncreas terá de liberar.
Carboidrato é o nome genérico que damos aos alimentos compostos basicamente de glicose e outros açúcares (como frutose e galactose).
Na prática, os carboidratos nos alimentos apresentam-se em três formas: açúcar, amido e fibra.
Uma batata frita é salgada e um brigadeiro é doce, mas ambos elevam a glicose no sangue. E, portanto, elevam mais os níveis de insulina do que a mesma quantidade de calorias de peixe ou ovos.
A fibra, embora seja carboidrato, não afeta a glicemia. Isso se dá pelo fato de a fibra, por definição, ser um carboidrato não digerível.
Ao que tudo indica, o primeiro autor que codificou na forma de livro aquilo que já seria senso comum à época foi o francês Jean Anthelme Brillat-Savarin (1755-1826), em seu livro A fisiologia do gosto, de 1825. Nessa obra, o autor (que não era cientista nem médico) explica sua impressão de que aqueles que apresentam tendência ao ganho de peso deveriam abster-se de amidos e, sobretudo, de açúcares.
Tolstoi assume que uma pessoa culta nos anos 1870 sabe que quem não deseja engordar obviamente deve se abster de açúcar e farináceos. Isso era senso comum.
O primeiro best-seller voltado ao emagrecimento foi publicado em 1864 pelo agente funerário inglês William Banting (1797-1878) (sem parentesco com o médico que descobriu a insulina no século XX). Intitulado Carta sobre a corpulência, era mais um livreto do que um livro.
Com o início do emprego da insulina para o tratamento do diabetes, em 1922, esses médicos logo notaram que pacientes tratados com esse hormônio ganhavam peso, mas ainda não era possível medi-lo no sangue, o que não permitia inferir sua possível função na obesidade.
O livro A dieta revolucionária do dr. Atkins é visto por muitos como uma obra de autoajuda escrita por um tipo de charlatão. Nada poderia estar mais distante da realidade! Atkins debruçou-se sobre a literatura científica que o antecedera e postulou em seu livro que a insulina era o principal hormônio regulador do tecido adiposo, que os carboidratos na dieta eram o principal estímulo para a secreção de insulina e que a insulina mantida baixa facilitava a lipólise e a perda de peso sem fome. Era uma das postulações mais claras da teoria carboidrato-insulina da obesidade: você não engordava porque comia demais; você comia demais porque seu tecido adiposo estava sequestrando mais calorias do que deveria, e comer a mais era um comportamento compensatório (não causal). E o motivo para esse processo era o excesso de insulina, que tinha a ver menos com as calorias consumidas do que com a quantidade de carboidratos (açúcar e amido) ingerida, pois eram eles que causavam o aumento desse hormônio.
Você não engordava porque comia demais; você comia demais porque seu tecido adiposo estava sequestrando mais calorias do que deveria, e comer a mais era um comportamento compensatório (não causal).
O DIRECT mostrou que o grupo low-carb perdeu mais peso e mais medidas, reduziu mais os triglicérides, aumentou mais o HDL (colesterol “bom”), melhorou mais a razão entre colesterol total e HDL (um fator de risco para doença cardiovascular) e reduziu mais a proteína C reativa (um marcador de inflamação, que também é fator de risco para doença cardiovascular).
Ou seja, nas dietas tradicionais, a pessoa passa fome e o corpo, em situação de privação calórica, utiliza as reservas de gordura; nas dietas low-carb, por outro lado, com o “estímulo negativo da insulina baixa”, o corpo passa a usar as calorias da gordura, havendo menos necessidade de comer.
O metabolismo, mais especificamente o gasto metabólico total, foi medido diretamente por uma técnica chamada água duplamente marcada, que tem grande acurácia e nenhuma subjetividade.
Analogamente, uma pessoa obesa não deveria sentir fome, já que carrega centenas de milhares de calorias em seu tecido adiposo – um tanque de combustível bastante volumoso. Mas, de acordo com a teoria carboidrato-insulina, tal tanque não está acessível quando a insulina está elevada (afinal, a insulina impede a saída da gordura de dentro dos adipócitos). Isso obriga o indivíduo a rodar com a energia obtida na glicose da dieta, cujo “tanque” de armazenamento no corpo é diminuto (a glicose é armazenada no fígado e nos músculos na forma de glicogênio) e precisa ser reabastecido com frequência. Isso explicaria o paradoxo de uma pessoa que carrega consigo muitas calorias extras e, não obstante, sente necessidade de comer a cada poucas horas.
Em resumo, a hipótese carboidrato-insulina postula que o principal regulador do tecido adiposo é a insulina e que o principal determinante dos níveis de insulina é o consumo de carboidratos (açúcares e amidos).
Se por um lado é verdade que o principal hormônio de armazenamento é a insulina, por outro há diversos hormônios que favorecem a lipólise (liberação de gordura pelos adipócitos), entre eles a adrenalina, a noradrenalina, o GH (hormônio do crescimento) e o glucagon.
Na verdade, o grande regulador da lipólise e da produção de glicose pelo fígado não é tanto o nível absoluto de insulina, e sim a relação insulina/glucagon.
Ou seja, a relação insulina/glucagon não é afetada de forma significativa pelas proteínas, fazendo com que as proteínas não reduzam (nem aumentem) a glicemia e, portanto, não produzam ganho de peso por seu efeito insulinêmico.
É interessante notar que nos pacientes com diabetes tipo 1 as proteínas provocam elevação da glicemia. Isso acontece porque esses pacientes não produzem nenhuma insulina, mas continuam a produzir glucagon.
Clinicamente, sabe-se que as pessoas levam de duas a quatro semanas para se adaptar plenamente a uma dieta de baixo carboidrato.
A verdade é que efeitos sutis da insulina sobre a regulação dos adipócitos podem ter consequências cumulativas em um prazo mais longo, de vários meses ou anos, que simplesmente não conseguimos medir em poucos dias.
O equívoco da interpretação literal da hipótese carboidrato-insulina, como formulada por Taubes, é afirmar que calorias não têm nenhuma importância e que a gordura pode ser consumida livremente em uma dieta low-carb.
quando os únicos alimentos disponíveis forem elevados em proteína, os animais consumirão menos carboidratos e gorduras.”
Em uma dieta mais rica em proteínas, as pessoas simplesmente dissipam mais calor (fenômeno mediado, ao menos em parte, pelas chamadas proteínas desacopladoras – uncoupling proteins – que desacoplam as reações químicas que ocorrem dentro das mitocôndrias na geração de ATP, desperdiçando energia propositalmente). Dito de outra forma: com mais proteína na dieta, o metabolismo não fica tão lento com o emagrecimento.
Como a quantidade de proteína nesses doces, pizzas, pães e batatas fritas é pequena, as pessoas acabam comendo mais para compensar a falta de proteína. E, exatamente como prevê a teoria do alavancamento proteico, continuam comendo até atingir o alvo proteico (o que só acontece, nesse caso, após ultrapassar em muito o alvo calórico).
O ser humano tornou-se cada vez mais hábil em separar desejo e necessidade, a tal ponto que a satisfação desenfreada do desejo se tornou desastrosa para o indivíduo e para a espécie. As pessoas sempre desejaram alimentos doces porque gostavam deles. E, enquanto os únicos alimentos doces a que tinham acesso eram frutas, ao satisfazer seu desejo pelo sabor doce, as pessoas automaticamente satisfaziam a sua necessidade de vitamina C e de outros tantos nutrientes. Porém, uma vez que o ser humano passou a fabricar a própria comida, sobretudo após o desenvolvimento da tecnologia para o refino do açúcar e a manufatura dos alimentos, adquiriu a capacidade de separar a doçura e o conteúdo nutricional. O que as pessoas desejam desvinculou-se do que elas precisam. (YUDKIN, 1988)
O que as pessoas desejam desvinculou-se do que elas precisam.
A mim parece que esse estímulo suprafisiológico do centro do prazer e da recompensa induzido pelos alimentos ultraprocessados é o elemento que explica as 500 calorias a mais do estudo do doutor Kevin Hall. Como vimos em capítulos anteriores, a quantidade de carboidratos interfere em quanto comemos e nas respostas fisiológicas que nosso corpo tem à comida; a quantidade de proteína afeta muito o nosso apetite, por meio do mecanismo do alavancamento proteico, além de modular nossa taxa metabólica em repouso; e a densidade calórica afeta também a quantidade de energia que consumimos. Mas quando tudo isso está equalizado, o simples fato de se consumir uma dieta composta de alimentos ultraprocessados nos faz consumir 500 calorias a mais por dia. A indústria está de parabéns.
Acontece que o grau de processamento afeta os macronutrientes de forma distinta8. O processamento de gorduras e de proteínas parece
O processamento de gorduras e de proteínas parece não afetar seus efeitos metabólicos, bem como seus efeitos sobre o apetite. Já o grau de processamento dos carboidratos tem efeitos gigantescos sobre a saúde, o metabolismo e o apetite. Basta pensar na diferença abissal que existe entre comer maçã ou tomar suco de maçã; comer uva ou tomar suco de uva. Contudo, os efeitos metabólicos do consumo de uma proteína na forma de carne ou na forma de beef protein (proteína de carne em pó) são virtualmente os mesmos. O mesmo poderia ser dito de clara de ovo e de albumina em pó.
Os nutrientes das carnes são altamente biodisponíveis, isto é, você é capaz de absorvê-los com muita eficiência, diferentemente do que acontece com alguns vegetais: o feijão, por exemplo, é rico em ferro, mas 98% desse ferro é eliminado pelas fezes.
A maior e melhor fonte de ferro da dieta humana é a carne vermelha, que tem a sua cor justamente devido à riqueza desse elemento.
A ordem em que se consomem as frutas na refeição também importa. Estudos mostram que o impacto glicêmico do consumo de uma fruta doce será menor se ela for consumida no final de uma refeição contendo proteína. Isso ocorre porque a proteína retarda o esvaziamento gástrico, fazendo com que o açúcar entre mais lentamente na corrente sanguínea.
O amendoim, a rigor, é uma leguminosa, ou seja, pertence ao mesmo grupo do feijão, o que pode ter implicações para pessoas com doenças autoimunes, segundo a teoria do intestino permeável. Mas, para fins didáticos no contexto da low-carb, pode ser colocado no mesmo grupo que as demais oleaginosas de baixo carboidrato.
As leguminosas caracterizam-se, para fins práticos, por coisas que crescem em vagens.
De forma geral, as formas verdes (no sentido de não maduras) dos vegetais são pobres em carboidratos. O teor de carboidratos aumenta com a maturação.
De forma geral, as formas verdes (no sentido de não maduras) dos vegetais são pobres em carboidratos. O teor de carboidratos aumenta com a maturação.
E, para quem opta por beber a despeito dos conhecidos efeitos do álcool sobre a saúde, cabe informar que ele, em si, não eleva a glicemia. Aliás, pelo contrário, o etanol interfere na produção de glicose pelo fígado, e seu consumo exagerado pode até mesmo produzir hipoglicemia.
Todos os destilados (vodca, cachaça, uísque, gim etc.) são naturalmente isentos de carboidratos. Em uma caipirinha, o problema em termos de impacto glicêmico não é nem a cachaça nem o limão, e sim o açúcar (que pode ser substituído, como veremos).
As leveduras, como vimos, são capazes de converter açúcar em álcool. Porém, falta a elas a enzima que as permitiria digerir o amido.
todos os adoçantes líquidos podem ser utilizados em low-carb sem problemas.
Há, porém, uma grande “pegadinha”: os adoçantes culinários, ou “de forno e fogão”.
Para fins de emagrecimento, o foco em proteínas magras é o mais eficiente. Isso permite melhorar a relação proteína:energia, o que favorece a obtenção de saciedade com menos calorias (menos energia), a fim de criar um déficit calórico espontâneo.
Todas as intervenções de estilo de vida – todas – perdem a efetividade com o tempo e, se o estudo for suficientemente longo, acabarão sem diferença estatisticamente significativa em relação ao grupo-controle.
Quanto ao emagrecimento, para quem já segue uma estratégia low-carb, o que atrapalha a maioria das pessoas são os laticínios, as oleaginosas e as receitas feitas com ambos.
O local correto para o acúmulo de gordura é o tecido adiposo subcutâneo – a gordura que conseguimos “beliscar” em nosso corpo.
A questão não é a quantidade absoluta de gordura que você tem no corpo, e sim saber se você ultrapassou ou não o seu limiar pessoal de gordura.
Modernamente, a síndrome foi rebatizada de síndrome metabólica. Os critérios variam de acordo com as diferentes diretrizes, mas são basicamente: – Aumento da circunferência abdominal. – Hipertensão (ou uso de medicamentos para controlar a pressão). – Glicose em jejum acima de 100 ou diabetes ou uso de medicamentos para controlar o diabetes. – Triglicerídeos acima de 150. – HDL < 40 para homens e < 50 para mulheres Em geral, diz-se que uma pessoa tem síndrome metabólica quando apresenta pelo menos três dos critérios acima. Modernamente, outras características têm sido acrescentadas à lista, ao menos informalmente: esteatose hepática (gordura no fígado), ácido úrico elevado e, claro, a hiperinsulinemia (que já constava da lista original de Reaven).
Diabetes é diagnosticado com qualquer glicemia acima de 200, ao menos duas glicemias de jejum acima de 126 ou hemoglobina glicada acima de 6,5%. A hemoglobina glicada fornece uma média aproximada da glicemia nos últimos três meses (valores considerados normais são aqueles abaixo de 5,7%; entre 5,7% e 6,4%, temos o pré-diabetes, e de 6,5% em diante, diabetes). Há ainda o teste de tolerância oral à glicose: o indivíduo em jejum mede a glicemia e, em seguida, ingere uma solução de 75 g de glicose. Após 2 horas, uma glicemia acima de 200 é compatível com diabetes; entre 140 e 200 é intolerância à glicose e abaixo de 140 é considerado normal.
Quando um paciente diabético tipo 2 recebe apenas tratamento medicamentoso para reduzir a glicemia, ele permanece com síndrome metabólica (ou seja, permanece em alto risco) e perde a chance de reverter a doença.
Complicações microvasculares são as responsáveis por algumas das consequências mais temidas do diabetes, como perda de visão (por problemas nos pequenos vasos da retina) e insuficiência renal crônica (por problemas nos pequenos vasos sanguíneos que formam os filtros microscópicos dos rins – os glomérulos). Diabetes é a maior causa de hemodiálise e transplante renal por causa do controle glicêmico inadequado.
O fígado é capaz de suprir toda a glicose necessária por tempo indeterminado por meio de um fenômeno chamado gliconeogênese. A gliconeogênese permite fabricar glicose a partir de glicerol dos triglicerídeos (as gorduras são armazenadas como três ácidos graxos ligados a um esqueleto de glicerol – daí o nome triglicerídeos) e a partir de aminoácidos oriundos das proteínas. No caso de jejum prolongado, os aminoácidos virão do próprio corpo (o que leva à perda de massa magra, que é algo indesejável). Mas em indivíduos consumindo proteína adequada, os aminoácidos da dieta são mais do que suficientes para sustentar a gliconeogênese por tempo indeterminado sem perda de massa magra
Só existem três métodos comprovados na literatura que podem produzir tais resultados. Sobre cirurgia bariátrica e shakes de 600 a 800 calorias por dia já falamos. O terceiro método é uma dieta low-carb.
existe uma perda ilusória de massa magra no início de uma dieta de baixo carboidrato por causa da redução do glicogênio muscular.
o grupo low-carb – aquele que o mito afirma que estaria perdendo músculos e desenvolvendo sarcopenia pela ausência de farinha e açúcar na dieta – apresentou hipertrofia maior (5,2%) do que o grupo-controle (3,5%) nas primeiras dez semanas.
A conclusão do estudo mais bem feito sobre o assunto é que uma dieta cetogênica resultou em melhora de composição corporal, com maior perda de gordura e maior ganho muscular, sem comprometimento funcional, em homens que realizam treino de força.
Gary Taubes, em Por que engordamos e o que fazer para evitar, e Nina Teicholz, em Gordura sem medo, fazem uma detalhada reconstituição histórica sobre aquilo que ficou conhecido como a teoria dieta-coração
Estudos observacionais e epidemiológicos capturam os vieses, o zeitgeist, os preconceitos de uma época e o reproduzem. Mais do que isso, embora não possam estabelecer causa e efeito, acabam sendo interpretados de forma que se reforce a causa presumida daquilo que estudam, sob a ótica dos preconceitos e diretrizes vigentes.
O que nos traz ao estudo PURE– sigla para Prospective Urban and Rural Epidemiological Study (Estudo Epidemiológico Prospectivo Urbano e Rural), publicado no prestigioso periódico científico The Lancet em 201711. Trata- se de um estudo muito grande– 135 mil pessoas– com seguimento médio de 7,4 anos e questionários e exames realizados a cada quatro anos.
A ingestão elevada de carboidratos foi associada com maior risco de mortalidade total, enquanto a gordura total e os tipos individuais de gordura estavam relacionados a menor mortalidade total. A gordura total e os tipos de gordura não foram associados a doenças cardiovasculares, infarto do miocárdio ou mortalidade por doenças cardiovasculares, enquanto a gordura saturada teve associação inversa com AVC.
A ingestão de proteína animal foi associada com menor risco de mortalidade total e não houve associação significativa entre proteína vegetal e o risco de mortalidade total.
Como o estudo é observacional, ele não prova que mais gordura previne mortes (apenas levanta essa hipótese). Mas ele é essencialmente incompatível com a hipótese de que a gordura saturada causa mortes.
Ramsden é uma espécie de arqueólogo de estudos científicos, especializado na recuperação dos dados originais de pesquisas feitas há muitas décadas. Em 2013 ele já causara sensação (bem, ao menos para mim) ao publicar dados recuperados de um ensaio clínico randomizado conduzido em Sydney, na Australia, entre 1966 e 197314, no qual 458 homens que já haviam tido um evento coronariano recente foram randomizados para um grupo- controle ou para um grupo no qual as gorduras saturadas foram substituídas por óleo de cártamo (um óleo vegetal com características semelhantes às do óleo de girassol ou de milho). Naquele estudo, o grupo que trocou a gordura animal, saturada, por óleo vegetal morreu mais do que o grupo- controle– diferentemente do que se imaginava que aconteceria.
Em suma, a hipótese de que a gordura da dieta em geral, e de que a gordura saturada em particular, estivesse associada a doença cardiovascular foi convertida em dogma há mais de cinquenta anos por um autor altamente influente, mas baseado em um único estudo de epidemiologia nutricional em sete países escolhidos a dedo. Nem mesmo os estudos observacionais epidemiológicos modernos indicam haver tal associação. E os ensaios clínicos randomizados, que podem estabelecer relações de causa e efeito, também refutaram essa hipótese. Afirmar que uma dieta pobre em carboidratos é perigosa para o coração por ter mais gordura total e saturada do que uma dieta mais rica em carboidratos é, portanto, incorreto, e é um mito.
Colesterol é uma molécula fundamental, presente em todos os animais, que faz parte das membranas das células, sendo a base de diversos hormônios e ajudando no isolamento elétrico das células nervosas. Ou seja, é absolutamente essencial à vida e, como tal, não é um veneno.
De forma muito simplificada, podemos pensar nas partículas de LDL como partículas que distribuem os triglicerídeos e o colesterol oriundos do fígado para os tecidos nos quais serão utilizados. Já o HDL faz o chamado transporte reverso, isto é, da periferia em direção ao fígado. As partículas de LDL que estão circulando também acabam sendo removidas pelo fígado, que tem receptores especializados para isso.
Castelli propôs, baseado em Framingham, que uma relação colesterol total/ HDL inferior a 4,5 seria razoável, e um valor inferior a 3,5 seria excelente.
Em 2005, foi publicado um estudo avaliando o poder preditivo de diversos marcadores de risco em mais de 28 mil mulheres com seguimento de mais de dez anos participantes do WHI– Women’s Health Initiative21. O resultado confirmou a impressão de Castelli ainda nos anos 1990: os marcadores menos úteis, entre os disponíveis no perfil lipídico, foram colesterol LDL e colesterol total, e o mais preditivo foi a razão colesterol total/ HDL, ou seja, o índice de Castelli:
A maneira mais eficiente de chegar a um consenso sobre uma questão complexa em curto período é certificar- se de que pontos de vista controversos não estejam representados no painel. E está claro que o painel formado pelo NIH atendeu a esse critério; ou seja, ninguém que publicou evidências científicas que possam ter levado à apresentação de argumentos formidáveis contrários à sabedoria convencional foi membro do painel. Acredito que seja responsabilidade dos organizadores de tais conferências garantir que vozes dissidentes estejam presentes, e sua ausência levanta questões substanciais sobre a utilidade das recomendações que são emitidas. (REAVEN, 1986)
Acontece que o HDL é um marcador de sensibilidade à insulina, e pessoas com resistência à insulina tendem a ter HDL baixo. Outro marcador de resistência à insulina são os triglicerídeos: indivíduos resistentes à insulina costumam ter triglicerídeos altos. Dessa forma, existe outra razão que tem muita importância: triglicerídeos/ HDL. Como tanto o numerador quanto o denominador são altamente correlacionados com resistência à insulina, esse índice tem tudo para ser altamente preditivo para doença cardiovascular– afinal, como vimos, resistência à insulina (e diabetes tipo 2, que representa resistência à insulina mais severa) é o fator de risco mais importante de todos– superando inclusive o tabagismo. Valores abaixo de 2 são considerados bons.
Nessa população de alto risco, os únicos marcadores que realmente ajudaram a predizer a extensão da doença coronariana foram o HDL (quanto mais alto, melhor) e a relação triglicerídeos/HDL (TG/HDL).
Estudos mostram que quando a relação TG/HDL é inferior a 2, quase todos os pacientes têm padrão A – o das partículas grandes. O que faz todo sentido, pois uma relação baixa como essa é característica de quem não tem resistência à insulina.
Um exemplo indireto de que nem toda a elevação de colesterol LDL é ruim pode ser observado em uma classe de drogas para diabetes chamada iSGLT-2. Esses medicamentos, também chamados de glicosúricos, funcionam fazendo com que os pacientes eliminem glicose pela urina. E são uma das poucas classes de drogas para diabetes que, comprovadamente, reduzem a mortalidade cardiovascular, de acordo com mais de um ensaio clínico randomizado.
Dito de outra forma: quanto mais saudável, magro e fisicamente ativo você for, maior a probabilidade de ter uma resposta exagerada dos níveis de colesterol LDL. E os níveis prévios de colesterol – antes da dieta – não ajudaram a prever quem terá hiper-resposta.
Isso só mudaria anos mais tarde, com o advento das estatinas, uma nova classe de drogas que interfere na síntese de colesterol, provocando reduções mais significativas de colesterol total e LDL e, além disso, apresentam efeitos anti-inflamatórios diretamente na parede dos vasos sanguíneos, o que – argumentam alguns – talvez seja ainda mais importante (os chamados efeitos pleiotrópicos).
A esteatose é, de fato, a manifestação hepática da síndrome metabólica e da resistência à insulina, sendo esse o motivo de sua forte associação com obesidade, diabetes e doença cardiovascular.
O que leva à esteatose é a conversão do excesso de glicose e frutose em triglicerídeos no fígado; se esta conversão excede a capacidade do órgão de exportá-los, eles acumulam-se nos hepatócitos (células do fígado); quanto menos carboidratos na dieta, menos esteatose; e quanto mais proteína na dieta, menos esteatose e menos disfunção hepática.
O fígado produz continuamente a bile, substância cuja função é emulsificar as gorduras da dieta. Como se sabe, gordura e água não se misturam, a não ser que haja um detergente. A bile é isso: um detergente para tornar a gordura da dieta solúvel.
A bile que é produzida acumula-se na vesícula. A vesícula, por sua vez, é capaz de concentrar a bile (absorvendo a água) cerca de dez vezes. Ou seja, a vesícula armazena um detergente concentrado. Quando comemos um alimento gorduroso, o intestino detecta a presença de gordura e secreta um hormônio chamado colecistoquinina (CCK), que desencadeia imediatamente a contração e esvaziamento da vesícula biliar, permitindo o correto aproveitamento e digestão da gordura.
E por que as pessoas desenvolvem pedras na vesícula? Um dos motivos mais comuns é seu pouco uso. Quando há pouca secreção do hormônio CCK, seja por consumo de quantidades muito pequenas de comida por longo prazo ou, o que é mais comum, pela adoção de uma dieta pobre em gorduras, ocorre uma “estase” da bile na vesícula, isto é, a bile fica parada, acumulando-se na vesícula em velocidade mais alta do que é utilizada. E a vesícula cumpre a sua tarefa de concentrar essa bile cada vez mais. A bile superconcentrada acaba levando à precipitação dos sais biliares (o chamado “barro biliar”) e, por fim, à formação de cálculos biliares.
Apenas lembrando, pH é uma medida de acidez (ou alcalinidade) de uma solução aquosa. Água pura tem pH neutro – ou 7, em uma escala que vai de 1 (o mais ácido) até 14 (o mais alcalino).
# Anko (Azuki Beans)
Caloni, 2024-11-23 food cooking drafts [up] [copy]Fervura:
Cheque a textura. O grão deve ser amassado pelos dedos com facilidade, tanto a parte de fora quanto a parte de dentro.
Depois de atingir esta textura, desligue o fogo, cubra a panela e deixe por meia-hora para cozinhar perfeitamente o resto dos grãos.
Escorra novamente os grãos em uma peneira.
Adoçar:
Coloque o mesmo peso dos grãos originais de açúcar ou menos com um pouco de água para dissolver. Ligue o fogo.
Quando o açúcar estiver metade dissolvido adicione os grãos e aqueça em fogo alto; depois continue em fogo baixo.
Mantenha mexendo até atingir a textura de uma pasta (cerca de 10 minutos). Cuidado com suas mãos, pois a fervura irá espirrar conforme a água for secando.
Ao final jogue uma pitada de sal para realçar o sabor e mexa.
A massa irá secar ainda mais depois de desligar o fogo, então desligue o fogo logo antes de atingir sua textura favorita.
Para o fogo na primeira fervura e deixa os grãos 10 minutos repousando antes de escorrer.
Às vezes, durante a segunda fervura, é preciso remover a espuma do topo com uma concha.
Para verificar a textura esmague um grão facilmente e por dentro a cor deve ser quase translúcida.
Após o repouso ele esmaga levemente os grãos com um socador e escorre com água fresca.
Com as mãos, vai esmagando o resto dos grãos até virar uma polpa.
Toda a água que ficou após escorrer é coada é a matéria-prima da pasta, que será passada por uma peneira várias vezes para remover o resto das cascas.
O resultado fica assentando por pelo menos 15 minutos para remover a água da parte de cima da pasta assentada.
Mais água é adicionada e bem misturada com a pasta para mais 15 minutos de repouso e drenagem.
Isso é feito três vezes pelo menos.
Por fim o caldo é coado por um pano de algodão; o resultado disso é o Nama-An.
Neste vídeo ele adiciona apenas metade do peso do Nama-An em vez do peso dos grãos originais. Ele também usa açúcar cristal não-clareado.
Derrete o açúcar na água fervente e desliga o fogo. Mexe bem para misturar o açúcar.
Coloca-se o Nama-An e mistura bem até atingir uma pasta uniforme.
Agora é que se aquece a mistura em fogo médio para alto. Mais uma vez, proteja suas mãos!
É preciso mexer lentamente durante o cozimento para não gerar grunhos. Aqueça até a mistura se tornar pesada.
Desligue o fogo e adiciona uma pitada de sal para realçar o sabor. Remova a mistura imediatamente e deixe esfriar.
Nesta receita o moço vai explicar ambas as versões: com as cascas e sem as cascas.
Primeiro ele escolhe os feijões, porque nem todos eles estão perfeitos.
Ele também usa 2.5 vezes o peso de água para a primeira fervura e dá uma lavada antes. A primeira fervura dele é de 10 minutos.
Foi ele que ensinou que essa primeira fervura pode ser bebida como azuki tea.
Para o Tsubu-An tudo que ele faz após a segunda fervura é adicionar 3/4 de açúcar, um pouco de água e cozinhar até atingir a textura certa.
Para o Koshi-An ele irá fazer o mesmo processo de coar repetidas vezes até retirar todo o resquício de casca.
E novamente assentar a água misturada e retirar a parte do topo (3 vezes).
Para a última drenada em vez de pano de algodão ele usa um papel toalha junto da peneira, mas basicamente é o mesmo processo.
# O Clube das Mulheres de Negócios
Caloni, 2024-11-24 cinemaqui cinema todo movies [up] [copy]Último filme com direção de Anna Muylaert, O Clube das Mulheres de Negócios é um filme protagonizado por mulheres que brinca com a inversão de papéis. Ele será um mistério para muita gente que quiser "decifrar" as mensagens por trás desse mundo paralelo onde as mulheres estão no poder mundial.
Apenas para tornar mais claro o universo do filme: diferente de várias distopias rolando soltas pelo cinema nos últimos anos, este filme não é uma delas. Se trata de fato de uma outra realidade onde as mulheres são o sexo forte e os homens são meros joguetes, cuja existência dos mais feios é tolerada, e a dos mais bonitinhos autojustificável. Imagine o Brasil dominado por mulheres por gerações e você verá uma idealização por trás dessa sociedade alternativa.
A direção de Muylaert continua uma das melhores coisas de seus filmes. Há um frescor e uma energia que empolgam o espectador ansioso por novos conteúdos, novas ideias. Mesmo que nesse caso a ideia não seja daquelas óbvias que dispensam nosso raciocínio crítico. Porém, para os mais obstinados com novidades na sétima arte filmes como esse são até mais celebrados, pois não entregam de bandeja uma visão do mundo. Ele distorce o mundo e nos convida a pensar a respeito, seja qual conclusão formos tirar disso tudo.
A atmosfera do filme é de fato de inversão. O comportamento por trás dessas mulheres poderosas na política, na mídia e no dinheiro são exatamente os mesmos que veríamos em um filme onde o centro das atenções fossem os homens. Elas contratam jovens bonitos para servi-las com roupas bem curtinhas. Elas preparam entrevistas praticamente compradas para evitar escândalos morais por conta de seus abusos. Elas estão ativamente buscando novos pedaços de posse e influência onde quer que seja. Como a religião, em um exemplo bem marcante e que convenientemente vira pano de fundo.
O roteiro e a produção são também assinados por Muylaert, o que garante a liberdade criativa que queremos de um projeto desses. Usando como cenário uma casa de repouso para mulheres de negócios na faixa dos 1%, os ambientes em volta deste clube exclusivo vai sendo revelado aos poucos e de maneira orgânica. Os custos por trás de algumas surpresas na história não devem ter sido baratos, e o resultado, principalmente os relacionados com computação gráfica, pode dividir opiniões. Digamos apenas que não se trata de uma produção bilionária do conglomerado Disney, mas até que foi feito com algum esmero.
As atuações de um elenco amplo são esforçadas, mas o roteiro é mecânico. Difícil de dizer que era essa a intenção, mas o que se sente é que falta fluidez nos cortes e a junção de várias cenas em paralelo acabam nos fazendo esquecer qual é a história principal. Ela se fragmenta frente à vontade de contar múltiplas visões deste mundo dos avessos. Não estou dizendo que o resultado fica confuso, pois não fica, mas a energia inicial não recebe aquele impulso nos próximos atos para mantê-lo vivo. O diálogo acaba substituindo o frescor dessa espécie de "Admirável Novo Mundo" ou alucinação coletiva.
O que eu sei é o seguinte: é difícil não ter a atenção sequestrada por estes 90 minutos de inspiração, de experimento. É um presente para cinéfilos ansiosos por algo novo. O mistério será encontrar alguém que não se sinta nem que ligeiramente interessado por esta ideia.
# HomeMade Muscle: All You Need is a Pull up Bar (Motivational Bodyweight Workout Guide) (Arvanitakis, Anthony)
Caloni, 2024-11-28 books body drafts [up] [copy]Mais um livro sobre exercícios de calistenia. Esse é bem melhor que o anterior: o autor perdeu a perna, e isso fez toda a diferença, porque ele explica de uma maneira mais apaixonada sobre a arte de moldar o corpo com seu próprio peso, além de explicar de maneira mais sucinta e convincente (apesar de anedótica) alguns conceitos sobre crescimento muscular, nutrição e motivação. O plano de exercícios do livro é muito mais sucinto e autocontido, não exigindo mais do que o que está nele. Alguns vídeos de exemplo estão espalhados pelo livro (como links), mas também há a descrição em texto para os que não querem ou não podem ver Anthony Arvanitakis em ação.
When we meditate we adopt the objective perspective of a scientist toward our own subjective experience.
It is always easy to do right, when you know ahead of time what you stand for''
If you want to get strong and build muscle you have to train using your primal movement patterns. Pull, push and squat. If you are not focusing on Pull ups, Push ups, Dips and weighted lunges as a beginner in every bodyweight workout, you are training in vain.
Keep your form clean and stick between 5 and 15 repetitions
I always note the exercise, my reps and the point after which my form started breaking down a bit.
For example: Pull ups with elastic band: 3 X 8 + 8 + (6+2) This means I did 3 sets of 8 repetitions. The first two sets were done with perfect form and in the third set, after the sixth rep, my form started to break down a little bit.
The big muscle building exercises for a beginner are: 1. Pull ups 2. Push ups 3. Weighted lunges 4. Dips
Another huge influence on me is Dan John. Although I have never met him, I still consider him to be one of my mentors. His book, “Never Let Go” changed my life.
In order to become stronger, your body needs three things: Stress, Recovery and Adaptation.
Our muscles are governed by our nervous system, which is operated by our brain. Together, our muscles and our nervous system form our neuromuscular system.
Strength is produced by our muscles with three types of tension:
Each repetition has a positive and negative phase.
An easy way to remember this is to keep in mind that the negative phase of a repetition is easier than the positive phase.
The positive phase of the repetition is when the muscle is contracting eccentrically (reducing its belly length).
The negative phase of the repetition is when the muscle elongates (lengthens).
Focusing on the negative rather than the positive phase is also another important factor in bodyweight exercise. You don't have to overdo it as some people believe; however you need to be actively controlling the movement while you are lowering your weight instead of letting gravity doing the work for you.
Yes, you can slowly build muscle and continue to lose fat if you are doing everything down to the letter, however the more you go lower than 10% body fat the more difficult and slower this process takes.
Your body sees going lower than that as a threat to your existence.
Training with low reps helps improve this relationship by increasing the way our muscles communicate with our nervous system.
Low rep ranges improve muscle recruitment, which is defined as the number of motor units (motor neurons integrated to muscle fibers) activated in the muscle and generating force during contraction. Due to this and the increase of contractile proteins created in muscle cells, low rep ranges play a big role in muscle hypertrophy. Especially when it comes to beginners.
To make a long and sciency sentence short: You need to become stronger if you want to be bigger...
High rep ranges (8-15 reps) cause our muscles to store additional glycogen. Glycogen is, in simple words, liquid muscle sugar. It is the main fuel used by the muscles in high rep ranges and it contributes to the increase in our muscle's size.
Legs, in comparison with other muscle groups, have been shown to require higher intensity and training volume in order to get stronger and grow.
For a complete beginner, 2-3 sets seems to provide the greatest results.
Still, this is not absolute because it depends on how much the individual pushes himself.
The gym and the bodyweight world differ significantly in this area since bodyweight exercises such handstand push-ups and weighted lunges require great technique - neuromuscular efficiency.
Kinesthetic awareness is your body’s awareness of your surroundings, which you receive via the sensory receptors in your joints, muscles & skin.
Increasing training frequency and training volume by reducing a bit of intensity can help the advanced bodyweight trainee to continue to improve.
I believe there is some benefit in small resting periods for means of hypertrophy. Internationally renowned hypertrophy expert and scientist - Brad Schoenfeld (who has also won natural bodybuilding titles) says there isn't enough evidence yet to draw concrete conclusions on this topic but shorter resting periods increase metabolic stress, which is known to stimulate muscle remodeling.
It is crucial to learn to recognize these plateaus and have the emotional intelligence required to stay faithful to your program. Plateaus are natural... This means that you are no longer a beginner and that you have taken your workouts seriously.
"If you always put limits on everything you do, physical or anything else, it will spread into your work and into your life. There are no limits. There are only plateaus, and you must not stay there, you must go beyond them." - Bruce Lee
Proper hormonal secretion depends highly on having a proper sleep cycle.
Hormones like Testosterone and the Growth Hormone are highly associated with proper sleep and play a big role in muscle recovery.
The 8 bodyweight exercises that focus on the basic human movement patterns in the best possible way are the following: 1. Pull-ups 2. Push-ups 3. Weighted lunges 4. Dips 5. Inverted Rows 6. Handstand Push-ups 7. Leg Raises 8. Prone Cobra
More about the problems caused by pistol squats at: https://themovementfix.com/squattings-biggest-double-standard/
Simply put, a beginner is someone for whom the stress applied during a single workout is enough to cause an adaptation until the next workout.
The end of the beginners phase is marked when the minimum progress of adding one rep or performing a more difficult progression every week ceases to happen.
Simply said: More frequency minus a bit intensity = more strength = more gains
Important Note: Until this point you have just been doing reps. ''I now want you to experience conscious movement against gravity''.
High protein diets have a slight benefit, mainly due to the fact that protein is a macronutrient that has a bigger thermogenic effect on your body. This means that in comparison with fat and carbs, your body uses more energy in order to break down protein (or what is also called protein catabolism, which is the process of your body dissolving protein macromolecules into amino acids and other simple derivative compounds to serve all kinds of functions in your body).
Eating enough protein and a lot of vitamin and mineral dense foods is important. However, what bothers me is when diet-book authors use these strategies secretly, making false claims. Making you falsely thing that the foods you are excluding from your diet are what is making you overweight and unhealthy. This can lead to very unhealthy eating behaviors in the long run.
Catecholamines are often released into the bloodstream due to stress or fright and prepare the body for the "fight-or-flight" response. Mystery solved. Although I love the energy surplus I experience on a hypocaloric diet, unfortunately you can't keep on losing weight for ever.
Even if you reach a point in life when physical growth will stop, when there will be no more space for building stronger muscle fibers or improving your neuromuscular coordination, that momentum you've gained from physical growth through strength training will keep you growing internally.
Balance your body and you will find balance in life.
Strengthen your muscles and your mind will follow.
"Knowing is not enough, you must apply; willing is not enough, you must do" ~Bruce Lee
If you would tell me you only have time for three exercises, I would tell you to pick Handstand push-ups, Pull-ups and Weighted lunges.
Effective Software Architecture Building Better Software Faster (Early Release) (Oliver Goldman)
Comecei a folhear um novo livro de arquitetura de software, mas me dei conta que este é informal demais. Talvez eu volte nele mais tarde depois do Software Architecture in Practice.
To comprehensively address all the components of a software system and how they relate is to practice architecture.
Complexity is software’s enemy, and a disciplined architecture practice its best defense.
# Como conseguir café gelado de qualidade na Starbucks
Caloni, 2024-11-28 food coffee lifehack [up] [copy]Fui pedir um cold brew e descubro que ele está em falta no mercado. Daí descubro por um barista que existe não apenas o americano gelado (em que eles colocam gelo e água em um espresso), mas o filtrado gelado, o que é a solução perfeita para o verão, pois diferente do cold brew, que perde o sabor do café original após o período de 16 horas em infusão a frio, este é um filtrado comum com a proporção certa de gelo adicionado.
Portanto, sempre que quiser um café gelado lembre-se de pedir um filtrado gelado para o atendente. Se ele não souber do que você está falando peça para falar com um barista mais experiente e ele saberá do que se trata.
# Os Sonhos de Pepe
Caloni, 2024-11-30 cinemaqui cinema todo movies [up] [copy]Os Sonhos de Pepe pode ser confundido com campanha política, mas para evitar isso a câmera do diretor Pablo Trobo adota a postura do ex-presidente do Uruguai no exato tom do ex-vice-presidente americano Al Gore à época do seu Uma Verdade Inconveniente. Ah, agora sim. Se bem que menos pessoas estão comprando a ideia do mundo acabando por conta do aquecimento global porque ele… veja bem, não acabou na data que Al Gore dizia.
Mas sempre haverá os neo malthusianos divulgando as más novas que o planeta não suporta mais tanta gente. Alguns tocam na mesma tecla, como Pepe, que vemos no filme dizendo acho três vezes que o mundo inteiro não pode viver como um americano médio.
O documentário é um compilado visual e discursivo do político, agora travestido de ativista, durante suas viagens pelo mundo (notadamente EUA, Europa e Japão) junto do “Movimento 2052”, o mais novo movimento ecológico cujo ano dos ajustes de emissão de carbono foi adiado (de novo). Sua missão enviesada é avisar que precisamos de políticos, mas que eles não deveriam ser tratados com tapete vermelho.
Por mais que Pepe seja um ótimo orador, a narrativa chega uma hora que fica repetitiva e cansativa. Os planos para o futuro moldados no filme com efeitos visuais do presente encaixam os elementos do discurso no horizonte dos lugares filmados, embora em dado momento o filme “se esqueça” desse uso de linguagem e deixe de usar o artifício.
Por outro lado ele passa a usar um muito mais eficiente: ele “traduz” os discursos do personagem-tema independente de onde esteja. Então, por exemplo, a população japonesa ouve atentamente o que o uruguaio diz em espanhol. Claro que ele está discursando em espanhol e o áudio que os nativos ouvem está traduzido no idioma local, mas uma virtude do longa é manter esse detalhe transparente aos nossos olhos.
Enfim, quando não há invencionices com computação gráfica e quando o filme não tenta chamar atenção para si mesmo é que surgem os melhores momentos do longa, onde ele fica mais sóbrio. A sobriedade cabe bem ao discurso alarmista que ouvimos. Só faltou um contraponto que dê complexidade ao assunto. Infelizmente chegamos ao limite da chamada Era dos Extremos, e o capitalismo, conhecido vilão, já não tem defensores do lado da tela. Independente da opinião do espectador, este há de concordar que quando não há um contraponto a mensagem dita é esquecida rápido, pois soa mais propagandista que parte de um debate em andamento.
Talvez a maior perda dos sonhos lúcidos seja o monólogo inconsciente das mesmas vozes ecologicamente conscientes.